A entrada era tão discreta que quase passou despercebida. Um casarão antigo no bairro de Higienópolis, portão preto, fachada silenciosa. Não havia placas, nem sinais visíveis. Apenas uma campainha e uma câmera discreta.
Quando apertamos, uma voz suave respondeu:
— Boa noite. Código?
— Espelho — disse Rafael.
A tranca eletrônica se abriu com um clique quase sensual. Entramos. Um corredor estreito nos levou a uma antecâmara com iluminação quente. Havia uma mulher sentada atrás de uma mesa de madeira escura. Loira, elegante, cabelos presos num coque impecável. Ela nos entregou duas máscaras de veludo preto.
— Bem-vindos ao Reflexo — disse. — Aqui dentro, os nomes não importam. Os olhares falam mais. As regras são simples: não é não. Tudo é consensual. Observem, sintam, escolham. E lembrem-se: o prazer começa no silêncio.
Vestimos as máscaras e seguimos.
Ao atravessar a cortina de veludo vermelho, senti o coração acelerar. O ambiente parecia saído de um sonho. Ou de uma fantasia compartilhada.
Salas amplas, com móveis em veludo, espelhos nas paredes e cortinas que criavam divisões fluidas. Um bar central com garrafas de vinho e champanhe. E corpos. Por toda parte, corpos em movimento lento. Alguns cobertos. Outros seminu. Outros nus — mas todos absolutamente à vontade.
Havia um clima de respeito ali, uma espécie de código invisível entre todos. Nada era invasivo. Nada era urgente. Era como se o tempo tivesse outra medida dentro daquele lugar.
Rafael e eu nos sentamos em uma das poltronas. Eu cruzei as pernas devagar, sabendo que os olhares estavam pousados sobre nós. Não como julgamento. Mas como desejo discreto.
— Está tudo bem? — ele perguntou, com a voz baixa.
— Estou… quente.
Uma mulher se aproximou. Morena, cabelos curtos, corpo forte. Estava com outro homem, mais velho, de barba grisalha. Ela sorriu para nós. Não disse nada. Apenas deixou a taça dela na nossa mesa e apontou para o palco.
— Vai começar — murmurou Rafael.
Uma das cortinas se abriu, revelando uma espécie de cama baixa, rodeada por almofadas. Um casal já estava lá. A mulher estava vendada, deitada de lado. O homem a tocava com lentidão, com uma devoção erótica que fazia com que todos na sala esquecessem a respiração.
Ninguém falava. Só se ouvia a trilha suave, o som dos suspiros dela… e o murmúrio coletivo de desejo.
Senti a mão de Rafael escorregar até minha coxa. Meus mamilos já estavam duros sob o vestido de seda. Eu encostei a boca no ouvido dele.
— Me leva para um dos quartos. Agora.
Ele me conduziu por um corredor com portas entreabertas. Em cada uma, cenas diferentes. Duas mulheres em transe. Um homem sendo amarrado por uma dominatrix de látex branco. Um trio em posição entrelaçada, como uma escultura viva.
Entramos em uma sala onde havia uma cama circular e cortinas transparentes ao redor. Rafael me virou de costas, levantou meu vestido sem pressa e me tocou com os dedos firmes. Eu estava molhada, entregue, exposta. Com as cortinas abertas, eu sabia que havia olhos em nós.
— Gosta de ser vista? — ele sussurrou, me penetrando com o corpo colado ao meu.
— Só por você… e por quem você deixar.
E ele deixou.
Vi, entre as sombras, dois casais se aproximarem. Observavam, sem se intrometer. Apenas nos devoravam com os olhos. Um deles era Lívia. E ao lado dela… Caio.
Ela sorriu ao ver minha expressão. E levantou sua taça em um brinde silencioso. Como quem diz: “aqui, tudo é possível”.
Rafael segurou meu queixo, fez com que eu olhasse para frente, para eles.
— Goza olhando pra ela — ele ordenou, a voz rouca.
E eu gozei. Forte. Quase em silêncio. As pernas tremendo, os olhos fixos nos de Lívia, que agora se despia lentamente diante de mim.
Quando caímos na cama, suados e sem ar, Rafael me envolveu com o corpo e murmurou:
— Acho que a próxima carta… vai nascer daqui.
E eu soube que ele estava certo.
Porque o clube era mais do que um lugar. Era um espelho. E nós, ali dentro, éramos todos reflexo de nossos desejos mais secretos.
As aventuras em São Paulo continuam. No próximo conto vou contar a minha experiência sozinha com Lucas no club. Não perca... E não esquece de votar e comentar nossos contos, ficamos agradecidos.
Amei esse conto, tesão por si só, continuem. Votado