Lucas chegou pontualmente. Camisa escura, barba bem feita, perfume amadeirado que me alcançou antes mesmo que ele se sentasse.
E um olhar. Um olhar que me despiu com calma, como se tivesse todo o tempo do mundo.
— Amanda, Rafael. Que bom ver vocês — disse ele, com um sorriso calmo. Como se fôssemos velhos conhecidos. Ou amantes que se reencontram após anos de saudade.
Conversamos por quase uma hora antes que qualquer alusão direta fosse feita. Era como uma dança. Palavras cuidadosas, mas carregadas de tensão. A cada gole de vinho, sentia minhas pernas mais soltas. Minhas fantasias, mais nítidas. E Rafael... ele estava em silêncio mais do que o habitual. Mas não era desconforto — era contemplação.
Ele me observava de longe, como se estivesse me vendo com outros olhos. Como se eu tivesse ganhado um brilho novo sob aquela luz de velas e olhos desconhecidos.
— Vocês têm uma energia linda — Lucas disse, e olhou direto para Rafael. — E coragem. A maioria dos casais quer, mas não sabe por onde começar. Ou se perde no meio do caminho.
Rafael sorriu de volta.
— A gente se guia pelo que dá tesão. E pelo que dá medo também.
O convite foi feito com a mesma naturalidade de quem sugere uma sobremesa.
— Vamos para o meu apartamento? Fica a duas quadras daqui. Sem pressa. Sem pressão. Só se for bom para os três.
Não me lembro exatamente como nos levantamos, ou do caminho até lá. Só sei que, quando entramos no elevador, o silêncio era quase palpável. Eu no meio dos dois. Rafael atrás de mim. Lucas à frente. E a eletricidade correndo solta entre nós.
O apartamento era simples, bem decorado, com iluminação indireta e uma playlist que parecia escolhida para aquele momento. O vinho foi aberto. A segunda garrafa. E quando me vi sozinha na varanda com Lucas, ele se aproximou como quem não quer nada.
— Você está linda — ele sussurrou, e seu hálito quente bateu na minha nuca.
Senti minhas pernas cederem um pouco.
— Você está pronta para isso, Amanda?
Olhei para dentro e vi Rafael nos observando, sentado no sofá, taça na mão, olhos cravados em mim. Ele não parecia com ciúme. Parecia excitado. Orgulhoso, talvez.
Virei para Lucas.
— Estou pronta para viver o que eu imaginei tantas vezes.
Ele não me beijou de imediato. Apenas passou a mão pela minha cintura, sentindo meu corpo por cima do tecido. Seus dedos percorreram lentamente as minhas costas, até meu quadril. E então desceram. Senti sua palma firme, quente, explorando como quem estuda antes de possuir.
Rafael se levantou. Veio até nós e me abraçou por trás. Seu corpo colado ao meu. Lucas à frente. Eu no meio de dois homens com os quais eu queria me perder.
— Vamos com calma — ele sussurrou no meu ouvido. — Quero ver você descobrindo cada detalhe disso.
Naquela noite, não houve pressa. Só promessas silenciosas. Um beijo aqui. Um toque ali. A antecipação era tão densa que chegava a ser mais intensa do que o próprio ato.
Lucas se despediu com um beijo demorado em minha mão, e um olhar que dizia: “A próxima vez... será completa.”
E foi assim que marcamos o segundo encontro. O real. O derradeiro.
Mas esse... é o próximo conto que vou narrar...