Eu entendi na hora o que ele queria. Escolhi uma saia leve, quase indecente, e por baixo uma calcinha fina, delicada, feita para ser notada. Quando desci as escadas, ele me olhou de cima a baixo e balançou a cabeça satisfeito. Eu já estava excitada só pela forma como seus olhos me devoravam.
Na sapataria, o ar-condicionado gelado contrastava com o calor que corria por dentro de mim. Andar entre as prateleiras, sentindo o tecido curto subir a cada passo, me dava arrepios. A cada vez que me abaixava para olhar um modelo de sandália, eu sabia que podia estar mostrando mais do que deveria. E era exatamente esse o jogo.
Ele me acompanhava de perto, sempre à espreita, como se estivesse saboreando cada risco. Eu cruzava e descruzava as pernas lentamente quando sentava para experimentar um par de sapatos. Às vezes, levantava o pé um pouco mais alto, deixando a barra da saia deslizar, revelando o suficiente para provocar.
Os olhares discretos ao redor só aumentavam a tensão. Eu me fingia distraída, mas por dentro estava em chamas. A cada vez que meu marido se aproximava para comentar algo banal — “esse modelo combina com você”, “esse salto é elegante” — sua voz carregava uma excitação contida que só eu percebia.
Mais do que me exibir, o que me incendiava era saber que ele estava ali, cúmplice, desejando-me ainda mais por eu ousar tanto. Ele era o dono da cena, e eu apenas a atriz obediente no teatro secreto que criávamos em silêncio.
O vendedor trouxe uma pilha de caixas e me conduziu até a poltrona. Meu marido fez questão de ficar de pé, encostado ao balcão, observando. Eu me sentei devagar, ajustando a saia curta, mas sem cobrir demais. O tecido subia a cada movimento, revelando a renda da calcinha que eu havia escolhido especialmente para aquele momento.
O rapaz se ajoelhou diante de mim para calçar o primeiro par. Eu cruzei as pernas lentamente, sentindo o arrepio delicioso de estar exposta. Era impossível não imaginar o ângulo exato que ele tinha. Meu marido, a poucos metros, cruzou os braços e sorriu, como se dissesse em silêncio: continue.
Enquanto o vendedor ajustava a sandália no meu pé, eu deixava a outra perna pender solta, a saia escorregando um pouco mais. Fingia distração, mexendo no cabelo, mas por dentro meu coração batia forte. A cada vez que ele erguia os olhos para perguntar “está confortável?”, eu tinha a impressão de que a resposta verdadeira estava estampada no meu rosto: mais do que imagina.
Troquei de modelo várias vezes. A cada nova tentativa, meu marido me olhava com mais intensidade. Era ele o verdadeiro espectador daquele espetáculo improvisado. E eu me exibia não apenas para os vendedores, mas para ele — para o prazer secreto de sermos cúmplices naquele jogo silencioso.
Quando o último par foi calçado, cruzei novamente as pernas, deixando a renda brilhar sob a luz fria da loja. Senti o calor subir pelo corpo e sorri discretamente. Meu marido percebeu, aproximou-se e murmurou em meu ouvido:
— Hoje você se superou.
Quando saímos da loja, meu coração batia descompassado. No carro, antes mesmo de ligar o motor, ele segurou minha nuca e me beijou com uma fome que dispensava palavras. E eu soube: a sapataria tinha sido apenas o prelúdio. O verdadeiro espetáculo ainda nos esperava quando chegássemos em casa.