Irmã Antônia era conhecida por sua devoção. Na frente de todos, era um exemplo de fé e disciplina, sempre recatada, dedicada às orações e aos estudos bíblicos. Mas, por trás do hábito, habitava uma jovem mulher cheia de vontades, desejos e curiosidade sobre o mundo que ela tentava ignorar.
Durante o dia, ela se dedicava às tarefas do convento e às atividades com as outras freiras, mantendo-se impecável. Mas à noite, quando todos dormiam e o silêncio preenchia os corredores frios, Antônia sentia uma inquietação difícil de controlar. Sentava-se em seu pequeno quarto, com a vela iluminando suavemente as paredes, e deixava a mente vagar para pensamentos que a faziam corar.
Havia algo no toque de suas próprias mãos, na forma como sentia o próprio corpo, que despertava um calor inesperado. Ela se lembrava de momentos de ternura que observava nos outros, olhares trocados, gestos de afeto que nunca tinha permitido a si mesma. Sentia vontade de se conhecer mais, de explorar sensações que o hábito e a disciplina reprimiam.
Antônia fechava os olhos e respirava fundo, tentando se concentrar nas palavras das Escrituras, mas era impossível ignorar a intensidade de suas emoções. Cada toque imaginário, cada suspiro contido, a deixava mais viva, mais consciente de si mesma. Era uma luta constante entre o desejo humano e a vida religiosa que escolhera — uma batalha interna entre a pureza que todos viam e a mulher cheia de sensações que ninguém conhecia.
No silêncio do quarto, Antônia aprendeu a reconhecer essas emoções sem ceder a elas completamente. A noite se tornava uma mistura de descoberta e disciplina: ela explorava a própria mente e sentimentos, aprendendo a aceitar que o corpo e o espírito podiam estar em conflito, mas ainda assim coexistir.
E assim, Irmã Antônia se mantinha firme, ao mesmo tempo em que aprendia a lidar com a intensidade do desejo humano que ninguém podia ver, guardando suas emoções mais profundas apenas para si.
