SERÁ QUE TUDO ESTÁ ESCRITO NAS ESTRELAS? Capítulo 71



               Esperei um pouco, até que seu choro diminuísse, e então eu brinquei:
               — Hoje recebi tantos pedidos de perdão que já estou achando que sou algum paciente terminal e estão escondendo isso de mim...
               — Para Beto! Não se brinca com essas coisas...
               — Manú, o engraçado é que no final de tudo eu só quero que você seja feliz!
               Eu ainda estava magoado, revoltado, com raiva e sofrendo muito. Meu coração ainda estava sangrando e ver a Manú ali na minha frente só reforçava o quanto eu ainda a amava. E doía saber que ela havia me traído daquela forma. E eu ainda tinha algumas desconfianças e resolvi ser direto:
               — É, você não vai poder voltar no tempo para desfazer tudo... e eu te amava tanto que até fiz vista grossa para as suas saídas noturnas e suas traições...
               — Amor, eu nunca te traí antes!
               — A-hã, vou fingir que acredito que você nunca fez nada, quando saía a noite com suas amigas solteiras, bebia, dançava e usava roupas provocantes. Você quer que eu acredite que você nunca ficou com nenhum cara... ou nenhuma menina... Você é linda, atraente e muito cobiçada... vai mentir, dizendo que nunca chegaram em você, que você nunca trocou beijos com algum bonitão e nunca chegaram jogando charme para te levar para a cama...
               — Poxa Beto! Eu só ia para essas festas para tentar esquecer dos meus problemas. Eu queria ficar um pouco longe de você... me doía ver você se preocupando demais comigo... tudo que eu te disse, a forma como eu agi, tudo foi para te afastar... eu estava chateada, amargurada e me culpando pela sua infelicidade... tudo que disse foi para te afastar e não era realmente o que eu queria! Me perdoe por ter te ferido... eu só saia para dançar. Eu nunca fiquei com ninguém! Eu nunca te traí! Eu te juro! Naquela época eu não conseguia sequer imaginar um homem me tocando, nem mesmo você, que eu amava tanto...
               — Quando ficamos da primeira vez você disse que perdeu o controle, quem me garante que você não perdeu o controle novamente! Por exemplo, naquela festa de máscaras que você foi com seu amigo “Procurador da República” e metido a comedor de casadas, o tal de Max Hernandez. Aquele seu vestido era bem revelador e você dormiu até fora naquela noite...
               — Eu não sabia nem que ele estaria lá. Eu odeio aquele homem. Fizemos aquela pós-graduação juntos, só que eu nunca nem falava com ele. E na festa, ficamos juntos só para aquela foto. Eu não fiquei com ninguém lá, só bebi um pouco demais e achei melhor dormir em São Paulo. Como estava tarde, quando eu saí de lá não quis incomodar a Millene ou o meu tio e então fui para um hotel. Só isso. Eu dou a minha palavra!
               — Não sei se sua palavra está valendo muito hoje em dia...
               Ela estava visivelmente emocionada ao falar e fez questão de olhar nos meus olhos.
               — Não fala assim! Eu já falei que nunca menti para você! Eu posso não ter contado tudo, mas isso nunca mais vai acontecer se você me der outra chance... Eu estou sendo sincera em tudo... nos meus sentimentos por você... Eu sei que confiança ter que ser conquistada e eu quero que um dia você volte a confiar em mim... e eu quero poder ser digna de seu amor.
               — Que seja então! Vou fingir que acredito em você. E quanto a perdão, acredito que não é algo que se ganha pedindo... E, agora que você já viu que estou bem, já pode ir embora. Por várias vezes você deixou bem claro que não queria mais nada comigo, falou que nosso casamento já havia acabado e era eu que ficava bancando o otário lá em casa... Deixa que eu me viro bem sozinho, já estou acostumado...
               — Beto, meu amor! Eu falei tudo aquilo porque eu estava triste comigo mesma. Eu fui estúpida em tentar te afastar daquela maneira... me arrependo muito de tudo o que fiz... de tudo que eu disse para você... eee, mesmo assim você me ajudou! Você cuidou de mim... Eu queria agradecer por você ficar ao meu lado quando eu estava péssima e por sempre acreditar em mim... Deixa eu te ajudar agora! Para compensar o tempo todo que não te priorizei direito. Eu sei que não mereço o seu perdão, mas se um dia você conseguir me perdoar, saiba que eu preciso do meu marido! Preciso do homem por quem eu sou apaixonada! Preciso do meu marido que sempre fez eu me sentir segura! Eu tenho plena consciência que destruí a pessoa que mais amo nesse mundo. Eu errei muito e essas semanas sem você foram péssimas...
               Para vocês verem o quanto esse mundo é estranho. Até a poucos dias atrás eu desejava apenas que a minha esposa pelo menos conversasse comigo. Acho que só aquilo bastaria para me fazer feliz. E agora ela estava ao meu lado, declarando o seu amor por mim e eu só queria que ela não estivesse mais ali. Eu já fiz muita coisa errada. Cometi muitos erros, já fiz muita besteira nessa vida e tenho certeza de que não sou o herói dessa minha história (apesar de todo mundo pensar que é o herói da própria história) e, cada dia mais, passo desconfiar que o meu papel é o de vilão. Eu imaginava pelo que ela passou e queria ter mais empatia pela Manú, apesar de toda a tristeza e revolta que eu estava sentindo. E também eu não queria continuar aquela conversa. Dessa forma, respirei fundo e disse para ela:
               — Manú, acho que essa não é a hora e nem o lugar de conversarmos sobre isso... Antes de ter sofrido esse acidente eu já havia decidido que voltaria, em breve, a morar em São José dos Campos e teria uma conversa séria contigo sobre tudo o que aconteceu. Só peço que você dê um tempo para que eu me recupere e então possamos nos acertar... só não carregue esse peso sozinha! Você pode estar arrependida das suas escolhas, mas não se culpe por algo que foi feito com você.
               Ela riu e pegou na minha mão de forma carinhosa. Percebi o brilho voltando aos seus olhos, que era algo que há meses eu não via, e senti uma eletricidade quando nossas peles se tocaram. E era justamente por isso que eu tinha a certeza que ainda não estava preparado para conversar com a Manú. Ainda precisava de um tempo para pensar em minha vida, nos meus erros e acertos e só então ter uma conversa clara e honesta com ela.
               — Eu me importo com você e vou esperar ansiosa por essa conversa. Foram tantas a vezes que você me amparou... Se lembre dos nossos dias bons...
               Ela então ficou séria e falou:
               — O seu irmão está lá embaixo...
               — Eu não quero nem ver a cara dele!
               — Eu sei! Ele que foi em São José me avisar do que havia acontecido. Ele me disse que esteve contigo no final do ano. Um amigo dele te reconheceu em um hotel lá na Bahia e comentou com ele. Então ele foi até lá, atrás de você... Ele está preocupado...
               — Já fui bem claro que nunca mais quero vê-lo na minha frente... eu não tenho mais irmão. Aquele canalha com certeza não queria que nossos pais viessem morar em São Paulo para não descobrirem as safadezas que eles andam aprontando! Você tem conversado com ele?
               — Nunca mais falei com nenhum deles. Acho que a última vez foi quando você saiu de casa e fiquei preocupada que você fosse lá na casa deles e fizesse alguma besteira... Depois, até bloqueei o contato deles. Tanto que, para falar comigo dessa vez, ele teve dificuldades em me encontrar, pois eu estava em uma audiência.
               — Entendi. Mesmo assim não quero que ele venha me ver.
               — Todo mundo merece uma segunda chance, pensa nisso.
               — Pode ser que eu não seja essa pessoa boa que perdoa fácil... ou que algumas coisas seja impossíveis de superar.
               — Eu sei que você é uma pessoa muito boa! Eu fiquei apavorada quando te conheci, pois nunca alguém mexeu comigo daquela forma. E sempre você me surpreendia positivamente, pois era um homem gentil, elegante, cavalheiro, protetor, me fazia rir e me sentir bem. Nós vivemos algo maravilhoso e nesse tempo que você esta fora descobri que é preciso sentir saudades para sabermos o quanto gostamos de alguém. Pena que eu estraguei tudo.
               Ela abaixou a cabeça e pareceu indecisa antes de falar:
               — Eu preciso falar com você sobre o que aconteceu naquele dia... acho que, quando conversamos sobre isso, eu estava meio anestesiada. Parecia até que aquilo havia acontecido com outra pessoa...
               — Não precisa disso Manú...
               — Acho que precisa. É uma coisa que está corroendo a minha mente! Sabe, assim que formaram a força tarefa, nas primeiras entrevistas a atenção do Anderson era somente para a delegada. Ele era arrogante, mas vimos que através da tentativa de conquistá-la iríamos conseguir tirar as informações dele. Ela era divorciada e até curtiu entrar no jogo dele. Na minha visão, ela só dava uma corda para ele se enforcar e eu só soube que eles tiveram mesmo uma relação quando assisti ao vídeo que ele te mandou. E depois de algum tempo ele se interessou por mim. Eu estava puta com as investidas dele, da forma como ele me cortejava... às vezes ele era romântico, mas sempre muito devasso. Eu queria dar um basta definitivo, só que o restante da equipe insistia para que eu desse mais corda, pois só assim ele nos passava mais algumas informações. Quando ele falou que o encontro com o informante seria naquela festa na embaixada, ainda brincou, dizendo que, com ele os negócios sempre envolviam prazer.
               Eu via as lágrimas escorrendo do seu rosto e resolvi intervir:
               — Manú, você sempre soube que poderia conversar comigo. Já falei varias vezes que você pode conversar sobre qualquer coisa e a qualquer hora... mas, se é algo que te faz sofrer, não precisa...
               — Precisa sim... Ele sempre vinha me elogiando e eu o cortava. E ele sempre achava outras brechas para me elogiar. E eu cortava as investidas dele novamente. Era um jogo de gato e rato. Confesso que aquelas conversas me empolgavam... sempre é bom ser elogiada e, principalmente era um exercício mental divertido continuar a dar tocos nele, com classe, e imaginar de que forma viriam as novas cantadas, tamanhas eram a persistência, a inteligência e a safadeza dele. Eu sei que errei por não ter dado um basta definitivo, como eu sempre faço... Na realidade eu dei vários bastas, mas ele não se importava e eu deixava ele falar, pois sempre ele soltava algo importante, que eu usava para retirar mais informações sobre os esquemas em que ele estava envolvido. Eu só queria que você soubesse que nunca sequer imaginei ter qualquer envolvimento com ele. Isso nunca passou pela minha cabeça. Nunca! Nunca! Nunca mesmo! Se ele não tivesse me drogado... Eu sabia que aquele velho safado queria me comer...
               Ela começou a chorar e eu peguei na sua mão e falei:
               — Deixa isso para lá! Já passou. Não se martirize mais. Você está passando muito tempo se desculpando!
               — Eu te amo... te valorizo muito e tô muito arrependida. Você me defendeu. E o mais importante, não me deixou sozinha nos momentos mais difíceis.
               Ainda com lágrimas nos olhos ela continuou falando, enquanto olhava para as nossas mãos:
               — Eu sentia culpa e vergonha. Beto, eu tava consciente. Eu sentia ele me tocando... ele fez comigo tudo aquilo que você viu no vídeo e eu não conseguia nem me mexer. Eu nunca me senti tão indefesa... tão violada... não conseguia nem gritar... não conseguia pedir ajuda... Eu nunca te contei, mas tinha pesadelos e revivia aqueles momentos traumáticos... eu não confiava em ninguém, sentia raiva, medo, ansiedade... era um sofrimento diário. Meu corpo sofria também... eu tinha taquicardia, suor excessivo, vômitos e náuseas... fora as crises de choro e os ataques de pânico. Eu te via ali ao meu lado e a minha vergonha aumentava... assim, sair com minhas amigas... ir dançar... aliviava um pouco aquele sofrimento diário... nessas festas eu esquecia um pouco e deixava de me sentir um lixo...
               Depois de alguns soluços ela ainda complementou:
               — Da primeira vez, na festa da embaixada, te judô que eu pensei que fiquei bêbada. O vinho era doce, gostoso e eu realmente exagerei. Nunca imaginei que ele havia colocado algo na bebida. As mãos dele me tocando, tirando a minha roupa. Eu estava tonta. Minha mente vagava... era como se fosse outra pessoa ali com ele... já te contei que me livrei dele no instinto, foram os conselhos da minha mãe, quando eu era só uma menininha que despertou o gatilho para que eu reagisse. E eu saí cambaleando até o meu quarto...
               Nossa conversa foi interrompida com a chegada da enfermeira, que veio me medicar e me botou para dormir novamente.
               Quando acordei já era de manhã e ao meu lado não estava mais a Manú e sim a Fabíola. É incrível como aquela pimentinha estava a cada dia mais parecida com a Manú.
               — Oi cunhado, que susto você deu na gente...
               — Cadê a Manú!
               — Do outro lado da rua. Eu a mandei dormir no hotel aqui em frente. Ela passou a noite em claro, cuidando de você. Como ela já não está muito bem, achei melhor dar esse descanso para ela. Ela não queria desgrudar do seu lado... Praticamente tive que enxotá-la daqui! Apesar de tentar parecer forte, ela não está conseguindo superar a dor e o sofrimento por você ter ido embora de casa.
               — E o que você está fazendo aqui, sua pimentinha?
               Apesar de fisicamente quase idênticas, o olhar descontraído e o sorriso constante da Fabíola contrastavam com o olhar triste e preocupado que a sua irmã apresentava nos últimos meses.
               — Amanhã vou fazer um concurso público. Calhou de encontrar com vocês aqui na cidade. Assim eu posso investigar sobre o que aconteceu entre vocês.
               Notei um brilho travesso em seu olhar.
               — Como assim?
               — Quando você foi embora de casa a Manú ligou desesperada e minha mãe foi cuidar dela. E a dona Renate passou um mês em São José com ela. Elas nem foram para passar as festas de final de ano com meu avô e deu o maior bafafá. O restante da família foi para São Francisco e meu pai voltou para o Brasil depois do natal. Eu voltei em janeiro e fui direto para São Paulo. Passei uma semana lá em São José com as duas. Elas não me contaram nada de importante, mas eu, que não sou boba, liguei os pontos. Bem, vamos aos fatos: vocês brigaram, você saiu de casa, a Manú ficou inconsolável e ligou para a mamãe que foi correndo ao encontro dela. Realmente ela estava muito mal, totalmente abalada e não quis comentar nada comigo. Agora, o que eu descobri aqui: as enfermeiras queriam saber quem é a sua esposa, e me perguntaram se era a loirona comprida ou a morena gostosona... Até acho que uma das enfermeiras está a fim de você, mas isso é outra história. Então, a loira comprida e aguada deve ser sua ex-esposa. Na portaria está bem explicito que você proibiu a entrada do seu irmão para te visitar. Assim, eu só posso concluir que a Manú te traiu com o seu irmão. Você descobriu, largou dela e voltou com a Fernanda e estava com sua ex quando sofreu o acidente.
               Seu tom de voz era provocador e ela claramente analisava as minhas expressões enquanto falava. Assim que ela terminou de falar eu tive que rir daquela pimentinha, que estava muito curiosa e respondi:
               — Pois você errou todas as suas suposições!
               — Sério! Não brinca! Tudo se encaixou tão bem... Então me conta essa história toda.
               — Olha pimentinha, não tem história nenhuma.
               — Tudo bem se você não quiser contar. Pelas evidências, vou concluir que a minha história é a correta. Na minha cabeça a minha irmã, toda certinha e perfeita, acabou te traindo e vou atazanar a vida da Manú até ela me contar o que realmente aconteceu.
               Mais tarde ela voltou a me fofocar, só que dessa vez ela me contou a história com mais calma, falando mais baixo, quase que fofocando mesmo:
               — Qual a amiga ou colega de trabalho bem puta que a Manú tem?
               — Como assim?
               — Ela deve ter uma conhecida bem vadia! Eu nunca vi a mamãe tão descontrolada igual no dia que ela brigou com a Manú. Eu fiquei até com medo e nem saí do quarto, porém a dona Renate (ela sempre se referia a própria mãe dessa forma) falava tão alto que eu ouvi tudo. Pelo que eu entendi a mamãe leu as conversas de alguma amiga da Manú e haviam várias mensagens indecentes. Ouvi a minha mãe berrando que era para a Manú ter um mínimo de respeito pelo marido dela, depois ela disse: “que tipo de amiga te convida para ir numa suruba”, depois ela falou: “olha que você é uma mulher casada, se você fosse solteira eu já ficaria escandalizada com isso”. E, no final, ouvi claramente a mamãe falando alto, com se tivesse lendo a mensagem: “você não imagina a delícia que foi ir para a cama com três homens! E eles ficaram interessados em você! É só dar luz verde que eles têm até um lugar discreto para o encontro, que tal, tá interessada? É diversão garantida!”.
               Eu achava que nada mais me chocaria, porém fiquei bem triste com o relato da Fabíola e acho que ela percebeu e não insistiu em seu interrogatório.
               Aconteceu que aquele dia foi longo. A Fabíola realmente era uma pimentinha e não parou um segundo. Deve ter rodado o hospital todo e conversado com todo mundo, mas foi super cuidadosa e atenciosa comigo. Só disse que iria avisar a irmã para tomar cuidado com a enfermeira Lúcia, pois essa estava de olho em mim e louca para furar o olho da Manú.
               A Manú voltou à tardinha, no horário de visita. Ela estava linda, de banho tomado, toda maquiada e perfumada. Seu semblante estava menos preocupado. Nossa, como a pele dela era perfeita, mesmo com pouca maquiagem! Para mim, ficar próximo dela era uma tortura. Trocamos olhares por um bom tempo e só paramos com a intervenção da Fabíola que foi falando:
               — Não esquenta maninha. Ainda vou achar alguém como o Beto. Alguém que me olhe como se eu fosse a coisa mais importante do mundo dele.... mesmo você tendo traído ele com o próprio irmão...
               A Manú explodiu:
               — Eu nunca tive nada com o Zé Renato!
               — Kkkkk. Alguma culpa você carrega e eu vou explorar isso! Meu cunhado, se você quiser trocar a minha irmã por um modelo mais novo. Comigo só tem vantagens, pois nem sogra nova você vai ter...
               — Minha filha, o Beto não é criança! Ele sabe que quilometragem é mais importante do que ano de fabricação. E, além disso, você acredita que ele vai trocar um modelo top de linha por um modelo básico e recauchutado...
               A Fabíola sentiu a resposta da irmã, ficou pensativa, abaixou um pouco a cabeça, levou a unha do dedo indicador à boca, deu uma leve mordida e então levantou os olhos e deu um sorriso maroto. Ela sabia cutucar a irmã e sabia que levaria uma patada de resposta. Depois as duas se abraçaram, a Manú agradeceu e desejou uma boa prova para ela e a Fabíola me desejou melhoras e, ainda nos falou antes de ir embora:
               — Vocês dois tratem de se acertar, pois está na cara que se amavam e que foram feitos um para o outro.
               
               Conversamos bastante naquele dia. Só amenidades. Eu pedi para a Manú não ficar se desculpando a toda hora e ela entendeu o recado. O único momento mais tenso foi quando ela me falou:
               — Beto, eu recebi o boleto de novembro do plano de saúde... você teve chikungunya...
               — Olha Manú, veja quanto eu te devo que eu te transfiro agora mesmo!
               — Não é isso! Amor, você ficou doente! Eu fui investigar e descobri que você ficou muito doente, correu até risco de... nossa, você não me falou nada... não pediu a minha ajuda... como eu fui uma péssima companheira! Eu nem percebi...
               — Deixa isso para lá, pois já passou! Você estava mal e vamos esquecer que isso aconteceu.
               — Não Beto. Eu fui lá, conversei com o pessoal do atendimento do pronto socorro e me mandaram seu prontuário... as receitas... e eu mostrei tudo para o Flavinho. E ele me falou que você ficou muito ruim e correu um risco enorme... e eu não estava lá do seu lado...
               — Já falei, esquece isso! Já passou.
               Não deixei a Manú prosseguir naquela conversa.
               No dia seguinte eu recebi alta, logo após o almoço. A Manú ainda foi me deixar em casa. A principio, ela queria ficar comigo por mais alguns dias e depois pediu para que eu fosse com ela para São José dos Campos. Recusei os dois convites e lhe garanti que ficaria bem.
               Apesar de ainda precisar de muletas para andar e mal conseguir apoiar o pé no chão sem que sentisse muita dor, eu lhe garanti que ficaria bem. Falei para ela que precisaria de uns dias para passar adiante o trabalho que estava fazendo e encerrar o contrato com a empresa para quem eu estava trabalhando. E que depois iria ver a minha mãe e, só então iria pra São José e a procuraria. E ela se despediu de mim dizendo:
               — Nossa história ainda não acabou. Saiba que, se sacrificar por quem se ama é um gesto maravilhoso e você fez isso por mim. Estarei sempre aqui para o que você precisar e estou disposta a lutar por você até o final. Você não merecia a forma como eu te tratei. Eu estava sofrendo tanto com a violência que sofri que não percebia que só estava de pé porque você estava me apoiando... e a minha dor me cegou... eu não conseguia ver o seu sofrimento.
               E entre lágrimas ela continuou com uma voz fraca e melancólica:
               — Beto, eu sempre vou te amar!!! Eu não espero que você me perdoe pela forma que te tratei, por tudo que lhe fiz e como isso lhe magoou... Nem sei se eu me perdoaria... Mas você não imagina o tanto que eu te amo! Sem você eu sinto um vazio... parece que está faltando um pedaço... Eu sei que você está magoado comigo e com toda a razão...
               Ela não terminou as duas últimas frases, sendo que a última foi interrompida por um soluço. Ela me abraçou forte e pude sentir o seu perfume inebriante e a maciez dos seus cabelos.
               E, indo embora, ela me olhou de forma triste, envergonhada e com os olhos marejados. Apesar da sua aparência cansada, abatida e frágil, ela continuava linda.
               E ela ainda me falou uma última frase antes de partir:
               — Eu sei que estou pedindo muito... e sinto muito que as coisas ficaram complicadas entre nós... eu arruinei o nosso casamento... mas eu gosto de você... eu te amo!!! E você faz eu me sentir tão especial...
               
               Por mais que a Manú não estivesse no seu juízo perfeito quando me traiu e fosse a vítima da história, eu ainda estava muito magoado e ferido... o sentimento de ser traído por quem você mais ama e confia é indescritivelmente doloroso e eu ainda não havia encontrado uma forma de perdoá-la... e talvez nunca encontrasse. Mesmo assim foi muito difícil deixá-la ir.
                           
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Comentários


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obetao Comentou em 06/07/2025

Olá Aandre! Esse final da história ainda vai render muito

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aandre Comentou em 06/07/2025

Que historia maravilhosa. Sem palavras para a sua criatividade




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Ficha do conto

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obetao

Nome do conto:
SERÁ QUE TUDO ESTÁ ESCRITO NAS ESTRELAS? Capítulo 71

Codigo do conto:
237731

Categoria:
Heterosexual

Data da Publicação:
06/07/2025

Quant.de Votos:
10

Quant.de Fotos:
3