SERÁ QUE TUDO ESTÁ ESCRITO NAS ESTRELAS? Capítulo 72
Passei aquele resto de domingo repensando a minha relação com a Manú. Eu ainda estava muito magoado e já era grandinho o suficiente para não acreditar nos contos de fadas, onde o amor verdadeiro sempre vai vencer e teremos finais felizes. Porém, até quando eu fui atropelado, na única pessoa em que eu pensava era nela. No começo eu acreditava que com o tempo eu iria superar tudo aquilo, mas já não tinha certeza, e já há um bom tempo que eu estava vivendo um dia de cada vez. Relacionamento é muito mais do que ter coisas em comum. O relacionamento só funciona quando confiamos na pessoa, quando abaixamos a guarda e nos entregamos de corpo e alma para a pessoa. Será que eu voltaria a confiar nela? Por outro lado, eu já gostei de muita gente, mas o primeiro amor da minha vida foi a Manú e disso eu tinha absoluta certeza. Tem uma frase do médico, já falecido, Flávio Gikovate, que diz mais ou menos assim: “Ao deixar que as pessoas conheçam nossas fraquezas, aprendendo muito sobre elas: umas irão usá-las contra nós; outras irão nos proteger”. Restava saber qual seria a reação da Manú, comigo a deixando mesmo. Na segunda-feira fui trabalhar ainda bem baqueado. Eu estava usando uma muleta para dar sustentação à perna direita, que ainda estava bem roxa e inchada, e o ferimento no ombro e nas costas, próximos ao braço esquerdo, ainda incomodavam muito e limitavam o movimento com aquele braço. Realmente eu dei muita sorte, pois o acidente foi grave. Combinei com o pessoal de ficar trabalhando em home office até quinta-feira. A terça-feira feira foi o dia das visitas. Recebi, logo pela manhã, o meu primo Lucas, que estava muito preocupado comigo e queria me levar para passar uns dias com ele. Ele me disse que a Laura havia brigado com o namorado e tinha ido para Santa Catarina com a Olívia, para passar uns dias com a mãe. Agradeci a oferta do meu primo e até brinquei com ele, dizendo que também estava indo para Criciúma ainda naquela semana e que, lá eu mataria as saudades da Olivia (e claro que da Laura também). Lá pelas 11 horas quem bateu na minha porta foi a minha cunhada, Millene, que chegou com o meu sobrinho, o Oliver, no colo. A recebi em casa muito a contragosto e a nossa conversa não foi nada agradável. Ela veio querendo se explicar e dizer que o que fez tinha fundamento científico e que fez aquilo para ajudar a Manú. Disse que o estupro pode causar disfunções sexuais que levam a mulher ao lesbianismo, falou que a família era mais importante e que todos estavam preocupados comigo. E eu parti para cima dela. Não toquei em um só fio de cabelo, mas eu lhe disse tudo o que estava preso na minha garganta. Só não falei mais ou gritei porque ela estava com a criança no colo. Após o meu desabafo, senti uma ponta de irritação na voz dela e ela demonstrava um ar meio provocante, quando começou a me falar que sentia muito por eu me sentir traído, pois não era para a Manú ter me contado nada antes dela terminar o “tratamento” e me entregou um cartão de memória, dizendo que era a gravação do “tratamento da Manú” e falou que trabalhou muito para “ajudar a minha esposa”. Eu joguei aquilo longe e disse que não curtia filme lésbico. Após isso peguei meu casaco, minhas muletas e fui dar uma volta. Só disse para a Millene bater a porta quando fosse embora, pois já havíamos terminado. Voltei para casa umas duas horas depois e a Millene já havia ido embora, porém, havia deixado o cartão de memória encima de uma penteadeira, que ficava de frente para a minha cama. E, muito a contra gosto, resolvi ver o que havia naquele cartão. Coloquei o cartão de memória no meu computador e vi que haviam três arquivos de vídeo, cujos nomes eram: “09.12.2023 manu”; “16.12.2023 manu cam1”; e “16.12.2023 manu cam2”. Pelo que deu para entender a Millene sempre fazia isso e eles tinham até um código de arquivamento dos vídeos. Coloquei o primeiro vídeo para rodar e as imagens eram do quarto de casal do Zé Renato e da Millene, pois tinha uma cama de casal e, na cabeceira dessa cama, pendurada na parede, uma foto enorme dos donos da casa juntamente com o Oliver, ainda bebê de colo. A Manú e a Millene estavam sentadas lado a lado na cama e conversando com expressão séria. Logo entrou uma gravação com a voz da Millene por cima do som ambiente, com ela dizendo: “— Beto, eu fiz isso para ajudar a Manú! Tínhamos que ter certeza da sexualidade dela. E eu trabalhei muito e por muito tempo, pois o tesão de uma mulher, supostamente hétero, por outra mulher é algo que tem que ser construído, com calma e sem exageros. E eu juntei esse teste com o tratamento... tive muito trabalho para afastá-la das normas e convenções morais que regem a nossa sociedade. Tenho certeza que, se ela fosse até o final, o tratamento teria dado certo... pena que ela só participou de duas das quatro fases.” Em seguida a narração da Millene parou e o som ambiente voltou. Nessa hora a Manú se levantou e se afastou da cama, dando dois passos para frente e ficando de costas para a Millene. Esta, em seguida, se levantou também e se posicionou logo atrás da minha esposa e continuaram a conversar. O som era baixo, elas estavam longe da câmera, tinha uma música romântica tocando ao fundo e eu mal entendi duas ou três palavras do que elas falavam. Após mais ou menos um minuto de conversa a Manú se virou, ficando de frente para a sua concunhada. A Manú estava cabisbaixa e a Millene se aproximou mais um pouco e levou uma mão ao queixo da Manú, e com delicadeza o levantou, enquanto falava. Elas estavam frente a frente com o rosto apenas a alguns centímetros um do outro. A minha cunhada levantou novamente aquela mão e alisou o cabelo da Manú. E foi então que a Millene se aproximou mais e beijou a minha esposa na boca e em seguida se afastou um pouco. Como a Manú não demonstrou reação alguma, ela se aproximou novamente e sussurrou algo no ouvido da Manú. O rosto delas estavam tão próximos que seus narizes se tocavam. As duas estavam ofegantes e a Millene tomou a iniciativa novamente, com uma das mãos segurou a Manú pela cintura e levou a outra para a nuca na minha esposa, puxou-a ao seu encontro e voltou a beijá-la, só que dessa vez com mais atitude. A resistência inicial da Manú foi quebrada e ela correspondeu. O beijo foi se intensificando de forma sensual, intensa e apaixonada. Conforme ia se prolongando dava para notar o tesão que estavam sentindo. Quando elas se separaram por um instante, após aquele beijo ardente e cheio de desejos, deu para ver que um fio de baba continuou ligando as suas bocas e logo a Millene colou novamente o seu corpo com o da Manú, a envolveu em seus braços e começou a beijar o seu pescoço, enquanto sua mão ia direto para o meio das pernas da minha esposa. A Millene ia devagar, prestando atenção na menor reação que a Manú esboçava, como que se a estivesse estudando. Já a Manú estava entregue aos carinhos da minha cunhada e recebia os seus carinhos libidinosos suspirando forte, com a boca semi-aberta e os olhos fechados... E, durante essa pegação, a Millene cochichou alguma coisa no ouvido da Manú, que concordou com um movimento de cabeça. Foi então que a minha cunhada deu uma mordidinha na ponta do queixo da Manú e foi descendo a cabeça. Quando a Millene abocanhou um dos seios da Manú, quando sua boca engoliu o biquinho rosado daqueles seios maravilhosos da minha esposa, enquanto ela gemia e se contorcia de prazer, eu parei o vídeo. Eu não conseguiria ver nada mais depois daquilo. Foram os cinco minutos mais longos e angustiantes da minha vida. Nunca mais assisti a aqueles vídeos, mas acho que nunca mais vou esquecer aquele beijo luxurioso, a babinha conectando as suas bocas, os olhos brilhantes, a cara de desejo da Millene olhando para a Manú e a minha esposa totalmente entregue aos carinhos de outra mulher. Uma coisa foi a Manú ter me contado que transou com a Millene. Outra foi ver as duas ali se pegando. Só de imaginar a mulher que eu amava se entregando para outra pessoa já acabou comigo. Ver aquilo me deu um enorme calafrio na espinha. Foi uma sensação ruim e fiquei enojado de uma forma que não consigo expressar em palavras. Após o estupro, quando a Manú estava mal, me evitando e descontando em mim todas as suas frustrações, acho que a esperança de ter ela de volta era o que me fazia prosseguir e segurar as pontas. Confesso que os pedidos de desculpa e as juras de amor que ela me fez no hospital haviam me abalado. Acho que aquele sentimento de que eu não podia desistir dela reacendeu. Só que agora, vendo aquele vídeo, tudo foi por água abaixo. Se, com aquele vídeo, a intenção da Millene era que eu os odiasse mais ainda, ela teve sucesso. Resolvi sair de casa e dar uma volta, pois só assim minha perna e minhas costas doíam mais e eu poderia tentar esquecer as cenas que acabara de ver. Por fim, à tardinha, quem eu encontrei na minha porta, quando voltava do jantar, foi a Renate, a minha sogra. Assim que me viu ela me deu um abraço forte, caloroso e disse que estava muito feliz em me ver. Dava para ver a sua expressão de preocupação comigo e ela me disse que tinha recebido os relatos de suas filhas, de que eu estava bem. A Renate estava linda e irradiava autoridade e poder. Olhando para ela dava para ter a noção de como a Manú estará daqui a 30 anos. Ela se comportava como uma fêmea alfa, poderosa e confiante. Com o corpo bonito (mais parecida com a Fabíola, por ser menos atlética e ter os seios maiores do que a Manú). Ela era uns 10 cm mais baixa que as filhas, o que não diminuía em nada a sua presença marcante. Convidei-a para entrar e ela olhou toda a minha casa antes de falar: — Você está morando aqui? — Não é nada especial, é pequenininho e arrumado. Praticamente eu só durmo aqui. — Você vive como um monge! E com foi difícil te encontrar. O detetive que coloquei atrás de você só te encontrou há uns sete dias. Pensando bem, realmente eu estava levando uma vida espartana. O apartamento estava arrumadinho, só eu é que estava em um estado deplorável. Pensei em dizer para a minha ex-sogra ir embora e me deixar viver o resto da minha vida miserável da forma como eu bem entendesse, mas, ao invés disso, resolvi elogiar o detetive que havia me encontrado: — O seu detetive é bom! Não quer me passar o contato dele? Tem uma pessoa que eu procuro há muito tempo. Olhando para a Renate dava para ver o quanto ela era poderosa. Ela era umas das pessoas que inicialmente eu desconfiava que poderia ter mandado matar o Anderson. A desconfiança era pequena, mas havia aumentado agora que ouvi ela falando do detetive. — Meu Deus Beto, vocês deviam ter me contado sobre tudo o que aconteceu com a Manú! Mas não quero discutir isso com você. Porém se vocês tivessem me contado eu procuraria o meu pai. Ele destruiria aquele estuprador de todas as formas que você puder imaginar... Ela parou a frase, me olhou bem nos olhos e continuou, agora menos séria: — A Manú já me contou tudo o que houve e eu vim para saber como você está e para agradecer por tudo o que você fez pela minha filha. O que me preocupa é você ter ido embora da sua casa. Eu não consigo dormir direito, de tanta preocupação com você, desde que a Manú me contou que você havia sumido sem deixar pistas. Estamos todos muito preocupados com você... Beto, eu não vou tomar muito do seu tempo. Eu vim em paz! Você é um homem decente, cuidou da minha filha, lhe deu carinho e a protegeu no momento em que ela mais precisava, E isso eu nunca vou esquecer... — Não precisa agradecer, pois eu faria qualquer coisa para fazê-la feliz... — Você está precisando de alguma coisa... precisa de dinheiro? Diante da minha negativa ela continuou: — A Manú me contou tudo o que aconteceu. Só não contou o que levou você a ir embora de casa. Ela está cheia de culpas e, toda vez que pergunto o motivo, ela sofre e só responde que a culpa é dela. — Se ela não contou, não vai ser de mim que a senhora vai ouvir alguma coisa. Isso é algo que só a Manú pode esclarecer e, independente do que ela falar eu não vou acrescentar e nem tirar nenhuma vírgula. — Cada vez que conversamos eu gosto mais de você. Tenho certeza que você teve os seus motivos. Eu só tenho uma pergunta: você gosta de mim? Aquela pergunta me pegou de surpresa. Pensei por um instante e falei: — Eu achei a senhora bem irritante quando nos conhecemos... — É que eu amo muito os meus filhos e busco sempre o que é melhor pra eles. Nunca passei a mão na cabeça deles. Mando eles assumirem suas responsabilidades e brigo muito quando erram. No fundo, só quero proteger a minha filha... os meus filhos... — Isso tudo está sendo muito confuso... — Mas não deveria ter confusão alguma! — Então acho que estou cansado demais para entender o que a senhora está tentando dizer. Acho que devem ser os remédios... — Vou ser mais clara! Quando eu peguei no seu pé foi porque a minha filha mais velha, a que eu considero a mais equilibrada, a mais inteligente e a mais independente deles todos, veio me falar, na semana do seu casamento, que estava apaixonada por um homem casado! E o pior, esse homem casado era o melhor amigo do noivo dela! Eu pirei e queria esclarecer tudo aquilo. Foi por isso que te tratei daquela forma quando nos conhecemos. O tempo passou e eu aprendi a te respeitar e hoje eu gosto de você. Você faz muito bem para a minha filha. É um rapaz de boa índole, trabalhador, educado e prestativo. Não falei nada e ela continuou: — Eu mudei a terapeuta da Manú e o novo tratamento está dando certo. A Manú já melhorou muito. Contudo ela ainda tem um grande caminho pela frente. Ela é forte e está no caminho certo. Com você do lado dela eu tenho a absoluta certeza que essa recuperação será bem mais rápida e menos dolorosa... Enquanto ela falava, eu olhei para o cartão de memória ao lado do notebook e a minha vontade foi a de mostrar para a Renate o que a sua filha fez. Claro que não fiz isso, afinal ela estava sendo bem legal comigo. A interrompi no meio da frase, lhe dizendo que aquilo não iria rolar e ela mudou de assunto: — Bem, hoje eu vim aqui te dar um conselho: Dá para ver claramente que vocês ainda se amam... O conselho é esse: Aproveita, que você ainda é o único homem que a Manú quer, porém fique sabendo que não é o único que a quer. Raciocinei sobre o conteúdo daquele conselho por um bom tempo antes de falar: — Eu ainda estou muito revoltado e fiquei de conversar com a Manú daqui a alguns dias... — Você não entendeu Beto, a fila anda. E eu gosto de você. Você é um cavalheiro! É respeitador, carinhoso e minha família toda te ama, sem exceção. Mas não suporto o outro pretendente... Quando você foi embora, a Manú fez um apelo, através de suas redes sociais, para você voltar e isso despertou o interesse de vários rapazes, inclusive do Lorenzo, um estrupício que já namorou com ela, e fiquei sabendo que ele está atrás dela para reatarem. A Manú tem dinheiro e a família do Lorenzo está falida, então ele não vai perder a oportunidade e vai fazer de tudo para botar as mãos na minha filha e no dinheiro que ela tem. — Você já deu esse aviso para ela? — Beto, você é um menino inteligente. Eu estou dando a oportunidade de ela ser salva pelo príncipe encantado e não pela bruxa má. Fora que eu sempre dormi tranquila, sabendo que a Manú estava ao seu lado. — Ela já me disse que não gosta mais dele, eeeee... depois de tudo o que aconteceu eu acho que nunca fui bom o bastante para ela. — Você quer elogio? Quer que eu diga o quanto você é bom? Não se esqueça que ela está carente e ferida. Somos todos adultos aqui. O Lorenzo foi o primeiro amor dela e, possivelmente, o seu primeiro homem e isso fica marcado. A mulher não esquece o seu primeiro amor, por pior que tenha sido a relação... e nada como um novo amor para curar um velho amor, mesmo que esse novo amor seja um antigo amor. Acredite em mim, ele é uma cobra, não tem nenhum escrúpulo e sempre exerceu algum efeito sobre a minha filha. E ele vai fazer de tudo para reatarem. Se o charme e a sedução dele não bastarem, saiba que ele vai mentir, vai manipular, vai distorcer tudo para fazê-la ficar com raiva de você. Enfim, não vai sossegar e vai envenená-la até atingir o seu objetivo. — E o que me qualifica para ser o garoto dos sonhos de alguém? — Touche! Não é essa a pergunta que você tem que fazer! Não continue querendo que alguém massageie o seu ego e passe a pensar no seu futuro, veja as alternativas... não se esqueça que só damos o devido valor ao que temos quando estamos prestes a perder. Não deixe chegar a esse ponto para querer voltar com a minha filha... Que cara é essa que você está fazendo? Dei de ombros, indiferente, enquanto falei: — Essa cara é a única coisa que me resta. Acho que você não tem ideia do que estou sentindo, do quanto eu me machuquei, de como ela me tratou esse tempo todo... ainda estou com uma enorme mágoa dela. — Você está vivo, está respirando. Onde há vida há esperança. Eu sei que você ainda está muito chateado e decepcionado, mas tem que seguir em frente, pois a outra opção é ficar aqui entocado pelo resto da vida. Pense em tudo o que você já fez pela minha filha... vocês merecem a felicidade! — Não sei se eu quero voltar! E ela merece alguém melhor do que eu. A Manú é especial! Ela é inteligente, amável, encantadora e bondosa... — Beto, meu filho... Como eu já te disse, eu não sei o que aconteceu para você sair de casa. Deve ter sido algo grave. Passei mais de um mês cuidando da minha filha e não há um dia em que ela não se culpe. O que eu sei é que conheço a Manú e ela te ama e está sofrendo muito pela forma que te tratou enquanto se recuperava. Se o que aconteceu foi grave o suficiente para vocês não reatarem eu vou respeitar a sua decisão. Só não suma mais, pois eu gosto muito de você e não quero perder o seu contato. — Eu amo demais a sua filha! Amo até mais do que eu gostaria de admitir... Até a um tempo atrás eu sacrificaria tudo para ficar com a Manú... eu daria minha vida para protegê-la... faria qualquer coisa por ela... A senhora merece que eu seja sincero. Eu já fiz de tudo para tentar não amá-la mais, para esquecê-la e falhei vergonhosamente. Apesar disso, hoje eu não voltaria com ela. Quanto ao Lorenzo, a escolha é dela e se ela ainda tem alguma paixão reprimida ou alguma coisa não resolvida com aquele playboyzinho falido, vigarista e covarde, essa é a chance... Desculpe, mas eu não consigo mais... Eu não tenho forças para brigar por ela... Quem sabe ele foi o grande amor da vida dela e ela ainda possua sentimentos por ele... se ela quiser voltar para aquele traste ou qualquer outro cara... isso... isso se ela já não teve outros homens enquanto ainda estávamos juntos ou depois que fui embora... — Meu filho, ela me garantiu que não teve... — Que seja! Ela me deu muitos motivos para desconfiar... até entendo muitas das suas atitudes, mas sofri muito... tive muitos ciúmes... e outra coisa, eu também não tenho dinheiro, não tenho nada. Acho que juntando tudo que tenho hoje não daria para comprar esse cordão de ouro que a senhora tem no pescoço (era um colar de ouro grosso e o pingente era uma opala negra envolta em ouro rosê). — Ela te ama! Ela te escolheu. Quem te disse que ela está preocupada com dinheiro? Acho que ela nunca te contou do ator que ficou apaixonado por ela... pelo menos ela já me pediu para nunca contar isso para ninguém. — A Renate viu pela minha cara confusa que eu não sabia da história e continuou a falar — Então você merece ficar sabendo... Lá em casa a Fabíola é minha filha que quer ser popular e sensual, só que é pela Manú que os homens ficam de joelhos. E para isso ela puxou a minha mãe. Quando a Manú ainda estava na faculdade de direito, fomos só eu e ela para passar uns dias com o meu pai. E, enquanto estávamos lá, ele nos levou para uma festa em Los Angeles. A festa era de um amigo dele, riquíssimo, que foi ator famoso de Hollywood, casado com uma atriz, os dois premiadíssimos, e hoje ele é produtor e diretor. Acontece que o filho do casal, um rapaz lindo, que também é ator e que hoje está bombando e fazendo vários filmes, ficou apaixonado pela Manú. Caiu de quatro por ela. Ele insistiu tanto para sair com ela, que no outro dia eles deram uma volta pela cidade e ele a levou para umas festas nos dias seguintes. Na saída de uma dessas festas um paparazzi os fotografou e os jornais sensacionalistas ficaram se perguntando quem era essa jovem linda que estava desfilando com aquele jovem ator, que estava destinado à fama. Voltamos para São Francisco e o rapaz foi atrás da Manú, veio até a falar comigo sobre um compromisso mais sério. Só que a minha filha não queria nada com ele e, quando voltamos para o Brasil ele ligou para ela dizendo queria visitá-la e até pedir para o pai dela para eles namorarem. Quando ela disse para o rapaz que não queria nada com ele, além de sua amizade, o menino ficou despedaçado e fez várias besteiras nos meses seguintes. A imprensa ficou chocada, pois não sabia o motivo da revolta e dele ter mudado tanto. E não foi só esse, teve o Conde que ela conheceu quando fomos para Londres, para participar da formatura do meu irmão na faculdade. Em uma recepção em Oxford a Manú conheceu esse rapaz da família real. Ele era um conde. Não estava entre os 30 primeiros na linha de sucessão ao trono, mas mesmo assim pertencia à família real inglesa. Eles fizeram alguns passeios juntos e, na época, os tablóides se perguntavam quem era a moça que estava saindo com o conde. Ele chegou a pedi-la em casamento, ela não aceitou. Imagina, hoje a Manú poderia ser uma lady! Então Beto, ela não escolheu a fama, o glamour e a riqueza. Ela escolheu você, apesar de você não valorizar os seus atributos. Eu estava pasmo com a história e agora sabia o motivo de muitas das brincadeiras que a Fabíola fazia para irritar a Manú, mas mesmo assim respondi: — Isso não muda nada... eu continuo só querendo o bem da Manú, mas hoje eu não voltaria com ela de forma alguma. — Não precisa dizer que você ama a minha filha. Isso ficou muito claro desde o começo. Conheço duas pessoas apaixonadas quando as vejo e vocês são perfeitos juntos. Esse amor é muito real e está até nos detalhes, na forma como vocês se olham e em como se complementam. Você é uma pessoa adorável, um homem correto e um ótimo esposo... E vocês combinam tão bem... há muita ternura entre vocês... eu torço pela felicidade de vocês e que se acertem rapidamente. E, fique ciente que o apelo dela não chamou só a atenção do Lorenzo. A Manú já teve outros namoradinhos e um deles, neto de um empresário muito bem sucedido, andou perguntado por ela, o pai do rapaz inclusive foi pessoalmente pedir informações dela para o meu sogro e disse que esse rapaz quer marcar um encontro para conversar com a Manú. Eu ainda estava com as imagens do vídeo da Millene frescas em minha mente. Apesar de puto, desde muito cedo eu aprendi a não falar palavras maldosas quando estivesse com raiva, pois a raiva um dia pode passar e as palavras ditas não se desfazem. Não quis dizer para a Renate, que era uma pessoa que eu respeitava muito, que se a filha dela tinha algum amor de pica por aquele canalha do Lorenzo, se ela sentia saudades da pegada bruta que ele tinha ou, sei lá, talvez saudade da vida de sexo e loucuras com o bad boy arrogante e de moral duvidoso que ela namorou no passado, só ela poderia resolver isso, a escolha era dela. Eu nunca questionei a Manú sobre o Lorenzo. Eu só havia visto ele no dia do meu casamento (capítulo 55), mesmo assim foi no escuro e com ele fugindo de mim. E só sabia dele o que a Manú me contou (e que já passei para vocês nos capítulos 38 e 41). Aparentemente ele era um playboyzinho, falido, metido a bad boy e garanhão. Se ele era atraente, tinha um bom papo ou uma pica enorme eu nunca soube e não tinha a menor curiosidade de descobrir. Ainda, se o que o filho da puta do Anderson falou for verdade, de ela querer um cara que a trate como uma puta ordinária, se ela quer mais adrenalina, descobrir coisas novas ou ser mal tratada para depois ter o que desabafar com alguma amiga. Tenho certeza que ela seria muito feliz ao lado do antigo playboyzinho dela. Se ela fosse dar alguma chance para esse “novo” pretendente, se era dele que ela precisava para atiçar a sua libido, eu até tentaria não me importar mais. Pois o cara que faria qualquer coisa pela Manú, que enfrentaria qualquer um por ela, sem medo algum, já não existia mais. No fundo a Renate sabia que a Manú havia me traído e, antes de ir embora, ela me disse que entendia o que eu havia falado. E, na despedida, ela disse para que eu abrisse os meus olhos. Falou que ela tinha orgulho do que eu e a filha dela havíamos construído juntos e que não concordava nem um pouco por eu ter deixado todos os bem que tínhamos com a Manú, e que conversaríamos melhor sobre isso em outra oportunidade. E também falou que eu poderia contar com ela na hora que precisasse e que iria conversar com a Manú, que diria para a filha que eu estava muito ferido e que era para ela dar um tempo para eu me recuperar. A última coisa que ela me disse foi: “— Se vocês não se acertarem mesmo, saiba que foi uma honra tê-lo na família”. — E vocês não imaginam o que significou para mim ouvir aquelas palavras daquela mulher linda e poderosa.
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Rapaz, tenho lido essa sequencia desde o primeiro capítulo, é sensacional, a fluidez do texto, havia um hiato, que é esse que você reatou agora, ou seja, o da família da Manú, parabéns, você deve transformar esse "conto" num livro, pois certamente vai ser sensacional, como está sendo até agora.
Betão amigo que prazer ler essa obra prima de conto. Ja libe reli tudo umas 3x kkkkkk.
Espero muito pelo final feliz com a manu inclusive e o mesmo nome da minha digníssima senhora.
Ansioso pelo próximo capítulo
Episódio maravilhoso. Já estou com uma dorzinha no coração por saber que são os últimos capítulos dessa que é a melhor série da atualidade. Betão obrigado por compartilhar essa saga deliciosa.
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