Mas o amor, quando começa a parecer real demais, assusta quem já sangrou por ele.
Foi depois de uma sessão de fotos ousada, onde Roxy posava com outra mulher da equipe criativa, cheia de provocações estéticas e toques ensaiados demais. Sofia assistia de longe, os olhos verdes reluzindo com algo novo: um ciúme afiado, inesperado, difícil de engolir.
— Gostou do toque dela, né? — soltou Sofia, assim que entraram no camarim, o tom casual disfarçando o incômodo.
Roxy arqueou uma sobrancelha, surpresa.
— É isso agora? Vamos jogar esse jogo?
— Não é um jogo. É… — Sofia suspirou, tentando conter a raiva e o medo. — É que eu me importo. Talvez demais.
Roxy ficou em silêncio. Olhou-se no espelho. As tatuagens nos braços. Os olhos delineados. A expressão fria que aprendeu a usar como armadura. Por dentro, o peito latejava.
— Sabe por que eu não deixo ninguém ficar? — disse ela, sem encarar Sofia. — Porque amar me lembra tudo o que eu perdi. Cada toque, cada beijo, é uma promessa que pode quebrar. E eu já fui quebrada demais.
Sofia se aproximou devagar, como quem lida com um animal selvagem ferido.
— E eu não tô aqui pra te quebrar, Roxy. Tô aqui pra ser abrigo. Mas você precisa me deixar entrar de verdade.
A vocalista se virou de repente, os olhos negros ardendo, e a beijou com raiva, desejo e medo. O beijo virou colisão. As mãos se agarraram. Roupas foram arrancadas no meio do camarim, com os espelhos como testemunhas. Fizeram amor como se brigassem com o sentimento que crescia entre elas.
Sofia empurrou Roxy contra a parede, com os corpos colados, e sussurrou:
— Mostra pra mim quem você é de verdade. Me marca. Me possui. Mas não foge.
Roxy a ergueu no colo, a colocou sentada no balcão do camarim e desceu com a boca entre suas pernas, como se devorá-la fosse a única forma de dizer o que não sabia com palavras. Sofia gemia alto, os dedos cravados nos ombros tatuados, deixando ali sua própria marca.
Depois se inverteram. Sofia tomou o controle, montando sobre Roxy com lentidão, olhos nos olhos, os movimentos cadenciados, intensos, cheios de intenção.
— Olha pra mim... sente... isso é mais que tesão.
Os corpos se conectaram num ritmo febril, entre beijos desesperados e promessas não ditas, até ambas explodirem num orgasmo intenso, quase cruel, que as deixou tremendo e chorando — não de dor, mas de entrega.
Deitaram-se no chão, os cabelos misturados, os corações acelerados e vulneráveis.
Sofia acariciou as tatuagens de Roxy, traçando os desenhos com a ponta dos dedos.
— Cada marca sua… eu quero conhecer todas. Não só as que estão na pele. As que você esconde também.
Roxy fechou os olhos por um instante. Respirou fundo. E, pela primeira vez em anos, permitiu-se dizer:
— Você me assusta, Sofia. Porque você me faz querer ficar.
Sofia sorriu, deitou-se por cima dela e sussurrou:
— Então fica. Com tudo. Com cicatrizes, com medo, com alma e com tesão. Eu aguento. Eu quero.
E, naquele instante — suadas, nuas e entregues — elas souberam: o que nasceu entre elas não era só luxúria. Era amor selvagem, com cheiro de palco, gosto de pele e promessas escritas com os dedos.
Um amor com marcas na alma. E na carne.