As duas sentavam lado a lado, próximas demais para duas mulheres que tentavam manter a concentração. O clima era carregado de eletricidade contida — aquela tensão deliciosa que cresce quando o desejo já não precisa mais se esconder, mas ainda se disfarça sob gestos contidos.
Camila olhou Helena de soslaio, admirando seu perfil sério enquanto ela lia um documento. A blusa de botão, levemente aberta no colo, revelava a pele madura e perfumada que Camila agora conhecia bem demais. Ela não resistiu e se inclinou, encostando os lábios perto do ouvido da diretora.
— Sabe o que eu estava lembrando? Da nossa última noite na pousada. A que terminou com você me pedindo silêncio... e depois gritando meu nome.
Helena mordeu o lábio, o olhar ainda fixo no papel, mas as bochechas coraram. Virou-se lentamente para ela, os olhos verdes faiscando.
— Você não presta — sussurrou.
— E você adora isso em mim.
Sem dizer mais nada, Camila deslizou a mão pela coxa de Helena, por baixo da mesa. Era um toque firme, decidido, que subia com calma. Helena segurou o pulso dela por instinto, mas não afastou. Apenas olhou em volta, confirmando que estavam realmente sozinhas. A porta trancada. As persianas fechadas.
— Cinco minutos — disse com voz rouca. — E depois voltamos para a pauta.
Camila sorriu com malícia e se ajoelhou entre a cadeira e a mesa, sumindo de vista. Helena afastou as pernas com hesitação, mordendo o lábio enquanto sentia os dedos ágeis da amante subirem pela sua panturrilha, por baixo da saia. A respiração acelerou quando a lingerie foi puxada para o lado e os lábios de Camila a tocaram com precisão, como quem conhecia cada reação, cada gemido.
Ela teve que se segurar na beirada da mesa. Os dedos apertavam a madeira com força enquanto a língua de Camila explorava seu centro com lentidão, depois com intensidade. Helena não podia gemer alto, mas o som abafado que escapava era incontrolável. A mistura do risco com o prazer tornava tudo ainda mais insano.
— Camila... — sussurrou, entre dentes. — Você quer me matar?
A professora respondeu apenas com um movimento mais profundo, mais intenso, até Helena perder completamente o controle, estremecendo ali mesmo, sentada, com o corpo contraído e os olhos fechados.
Camila se levantou, limpando os lábios com os dedos, e se inclinou para beijá-la. Helena a puxou pela nuca, devolvendo o beijo com fome, com os lábios ainda tremendo de desejo. Depois, riu baixinho, ofegante.
— Isso não vai entrar na ata da reunião.
— Mas vai ficar registrada na minha memória para sempre — respondeu Camila, sentando-se de novo ao lado, satisfeita, como se nada tivesse acontecido.
E então voltaram aos papéis, com sorrisos nos lábios e pernas que ainda se tocavam discretamente debaixo da mesa. O desejo entre elas era constante, mas agora vinha acompanhado da liberdade de sentir — a qualquer hora, em qualquer lugar.