Naquela noite, o Parque Barigui estava vazio, exceto pelo som das passadas ritmadas e da respiração pesada das duas mulheres. A temperatura era amena, mas seus corpos suavam como se fosse verão. Uma corrida de 10K noturna, sem pretensão, apenas um pretexto para suar, rir — e se provocar.
— Tá tentando fugir de mim ou testar minha resistência? — perguntou Andreia, com aquele tom rouco que fazia a espinha de Paula arrepiar.
— Tô só esperando o momento certo de te capturar. — respondeu a ruiva, lançando um olhar carregado de malícia por cima do ombro.
Ao fim da corrida, sem uma palavra, entraram no carro e foram direto para o estúdio de Paula. Pequeno, aconchegante, decorado com livros, quadros coloridos e uma garrafa de vinho já esperando no balcão.
Paula tirou a camiseta suada na porta mesmo. Andreia seguiu o gesto, revelando o top colado, os seios firmes, a barriga trincada. Foram direto pro chuveiro.
O box ficou embaçado quase instantaneamente. O vapor cercava os corpos quentes que se atracavam sob a água. Mãos escorregavam com sabão. Línguas exploravam a pele molhada. Paula ajoelhou-se, devagar, dentro do box.
— Deixa eu te recompensar pela corrida — sussurrou, olhando de baixo, com os olhos úmidos de vapor e desejo.
Andreia encostou-se na parede fria, os olhos fechando enquanto a língua quente da ruiva encontrava o centro da sua fome. Paula sabia o que fazer. Estava se tornando especialista no corpo daquela mulher. Com movimentos circulares, alternando intensidade e velocidade, fez Andreia gemer alto, a ponto de abafar a água do chuveiro.
— Eu costumava gozar assim só em sonho — disse Andreia, arfando, puxando Paula de volta para um beijo molhado.
O jantar foi em um restaurante intimista, escondido numa rua lateral do Batel. Luz baixa, vinho tinto, velas derretendo devagar sobre a toalha de linho. Andreia vestia um vestido preto justo, decote generoso, batom vermelho. Paula usava uma camisa de botão, meio aberta, e uma saia que deixava suas coxas à mostra.
— Quando você me olha assim, parece que quer me despir com os olhos — disse Andreia, mexendo o vinho no copo.
— Errado. Eu quero te despir com a boca.
Andreia riu com o canto dos lábios. Debaixo da mesa, seus pés descalços subiram pela perna de Paula, até encontrarem a parte interna da coxa. O ar entre elas podia ser cortado com uma faca.
De volta ao estúdio, Paula acendeu uma única luminária ao lado da cama. Lençóis de seda escura. Ventilador girando preguiçoso no teto. O ambiente cheirava a vinho, suor e luxúria contida.
Andreia tirou o vestido sem cerimônia, ficando só com uma calcinha preta rendada. Paula se ajoelhou na cama e puxou a mulher pelos quadris.
— Hoje eu quero ouvir cada gemido seu. Um por um.
A boca de Paula explorava os seios de Andreia, os mamilos duros sendo sugados com precisão. As mãos da ruiva apertavam as nádegas da loira, conduzindo os movimentos como quem rege uma sinfonia.
— Você tem uma fome linda — sussurrou Andreia, com a voz embriagada.
— E você é meu banquete favorito.
Paula deitou Andreia na cama, abriu suas pernas com calma, como se revelasse um segredo. Beijou a barriga, os quadris, e desceu. Sua língua dançava com ritmo, provocando e dominando. Andreia arqueava o corpo, as mãos cravadas nos lençóis, gemendo o nome da ruiva entre suspiros e pedidos.
— Não para. Não para. Isso. Mais forte…
Quando Andreia explodiu em prazer, o corpo todo estremeceu. Paula subiu, suada, os cabelos colados na testa, e a beijou com força. Andreia virou o jogo. Subiu por cima.
— Agora é minha vez.
Ela montou em Paula, encaixando os quadris, esfregando-se com ritmo, enquanto a ruiva apertava seus seios com as duas mãos e mordia os lábios. O som da pele contra pele, dos gemidos abafados, do suor escorrendo entre os seios, criava uma atmosfera crua, erótica, visceral.
— Gosta de ser dominada, minha ruivinha? — perguntou Andreia, descendo o quadril com força.
— Gosto de você. De tudo em você. Me fode como quiser.
E ela fodeu. Com as mãos, com a boca, com o corpo. Andreia mostrava que 43 anos vinham com controle, com técnica, com crueldade gostosa. Paula gritava, tremia, suplicava. Gozaram juntas, entrelaçadas, suadas, exaustas.
Horas depois, nuas, emaranhadas sob o lençol de seda, Paula brincava com os cabelos loiros da amante.
— Você tem um passado escuro, né?
Andreia suspirou. Olhou para o teto.
— Tive. Um casamento morno, um marido infiel, e uma porção de mentiras vestidas de rotina. Dormia com um homem e sonhava com liberdade. Agora eu tenho você. E contigo… eu não durmo. Eu vivo.
Paula sorriu, emocionada. Beijou a testa da loira, abraçou-a por trás.
— Então fica. Amanhã a gente corre de novo. Mas hoje… hoje a gente goza até o corpo pedir socorro.
E naquela madrugada, entre lençóis de seda, vinho pela metade e corpos inteiros, elas correram para lugar nenhum — e chegaram em todas as partes uma da outra.
Conto excitante, delicioso de ler, muito bem escrito e contado, maravilhoso. Nada se compara ao prazer que uma mulher pode dá a outra mulher. votado e aprovado