— Sabe o que eu mais gosto em Paris? — perguntou Paula, com voz rouca de quem ainda carregava restos de gemidos da noite anterior.
— Hm? O vinho? A vista? Os crepes? — disse Andreia, virando-se de lado, com uma sobrancelha arqueada.
— Não. É ver você andando com essas pernas nuas e esse bumbum solto por aí, como se o mundo todo fosse só meu — respondeu, levantando-se da cama sem se importar com a nudez.
Ela se aproximou por trás, puxando a camisa com delicadeza até revelar o quadril de Andreia. Acariciou, beijou. Mordeu devagar.
— Hoje... você vai deixar que eu conduza.
— O barco? — provocou Andreia, virando-se.
— O dia inteiro. O passeio... as compras... e a noite. Principalmente a noite.
Saíram com a cidade ainda molhada da chuva da manhã. O Rio Sena corria calmo e esverdeado. Subiram a bordo do barco reservado exclusivamente para elas. Tinha champanhe gelado, poltronas de veludo e uma suíte interna com uma cama que provocava mais do que prometia.
Enquanto o barco deslizava sob pontes centenárias, Andreia e Paula se encostavam lado a lado, brindando à viagem e às próprias descobertas. Em determinado momento, Andreia tirou os sapatos e colocou os pés sobre o colo de Paula, sem dizer nada. Paula ergueu os olhos devagar, pousou os dedos nos tornozelos e sussurrou:
— Você me oferece o mundo com um simples gesto.
Começou a massagear com os polegares, subindo até o meio das pernas. Andreia respirava com mais força, tentando manter a compostura enquanto turistas acenavam dos barcos ao lado.
— Vai me fazer gozar no meio do Sena? — sussurrou ela.
— Não. Só te deixar à beira. O resto... é punição para mais tarde.
À tarde, seguiram para a Galerie Lafayette, não pelos perfumes ou bolsas de grife, mas por um destino específico: o andar de lingerie.
Paula entrou na loja com passos decididos. Escolheu três conjuntos para Andreia experimentar — todos em tons de vinho, preto e dourado. Um deles era pura ousadia: renda quase translúcida, com tiras que contornavam os seios como uma moldura para o desejo.
Na cabine, Andreia saiu com o conjunto mais provocante. Paula se aproximou por trás, fechando a cortina.
— Isso não é justo — disse, prendendo os cabelos loiros de Andreia com uma das mãos e colando o corpo nela. — Você não pode andar por Paris com isso por baixo. Isso é pra mim. Só pra mim.
— Então arranca. Aqui mesmo.
— Ainda não. Mas à noite... vou usar minha boca pra tirar cada pedaço.
Elas saíram de lá rindo, com a sacola pesando mais promessas do que peças.
À noite, o clima estava carregado. A suíte tinha sido preparada com pétalas discretas, música suave e vinho na temperatura exata. Paula prendeu o cabelo em um coque alto, colocou salto fino e um robe de cetim preto. Andreia vestia o conjunto dourado escolhido à tarde — sob um sobretudo que deixava pouco à imaginação.
— Hoje você é minha. Inteira. E obediente — disse Paula, com um tom firme.
Andreia sorriu. Seu corpo inteiro se acendeu. Ela se ajoelhou aos pés de Paula.
— Eu sou sua. E gosto quando você me lembra disso.
O jogo começou ali. Paula vendou Andreia com a faixa do próprio robe, amarrou os pulsos com uma fita de seda e conduziu o corpo dela para a cama com beijos nas costas e na parte interna das coxas.
— Quero que você sinta tudo... mas veja nada.
Beijos, mordidas, mãos que exploravam com autoridade e cuidado. Andreia se contorcia, presa e livre ao mesmo tempo. Gemia o nome de Paula como um sussurro de oração.
Quando finalmente Paula desamarrou seus pulsos, Andreia a empurrou na cama, deitou sobre ela e sussurrou:
— Agora é minha vez de conduzir. E eu vou te levar direto ao inferno... e depois ao paraíso.
E levou.
A cidade dormia.
Mas dentro daquele quarto, as luzes de Paris continuavam acesas — refletidas nos corpos colados, no suor compartilhado e na certeza de que ali, naquele encontro de peles e vontades, estava o verdadeiro sentido do amor.