Paula chegou cercada de amigos, gargalhadas e aquele magnetismo natural que vinha crescendo com ela nos últimos anos. Vestia um vestido preto de seda, justo no corpo, com alças finas e decote profundo. Os cabelos ruivos, soltos em ondas, desciam como chama viva sobre os ombros nus. Nos olhos, uma leve maquiagem que realçava o verde oculto em seu olhar castanho.
Andreia a esperava de pé, junto ao maître, com um sorriso de quem não só planejou cada detalhe, mas desejava cada segundo da noite. Usava um macacão de alfaiataria vermelho escuro, decotado nas costas, que desenhava com precisão suas curvas e firmava o olhar de quem ousasse encará-la por mais de três segundos.
Quando Paula a viu, mordeu o lábio. Automaticamente.
— Você tá me olhando como se eu fosse seu presente — disse Andreia, rindo baixo.
— É porque você é. E eu não quero nem desembrulhar… só te deixar aqui, exposta mesmo.
O jantar seguiu com brindes, boas risadas, flashes de celular e uma atmosfera de leve euforia. Mas no intervalo entre um prato e outro, entre um brinde e um afago no braço, os olhos de Andreia e Paula se encontravam como flechas afiadas: havia uma conversa acontecendo ali, muda e cheia de tensão.
Quando as velas da sobremesa foram apagadas, Andreia se aproximou por trás de Paula, sussurrando no ouvido com a voz rouca e provocante:
— O verdadeiro parabéns vem agora. Vem comigo.
2. O Presente Real: Uma Noite de Luxo, Seda e Fogo
O carro preto deslizou pela noite curitibana até parar diante da fachada imponente de um dos hotéis mais luxuosos da cidade. Paula não sabia para onde estava indo até o elevador parar na cobertura. Andreia tirou da bolsa um cartão magnético e abriu a porta da suíte presidencial com a tranquilidade de quem comanda impérios — ou corações.
A suíte era um espetáculo. Piso em madeira escura, lareira acesa no canto, cortinas de linho esvoaçando com a brisa da sacada aberta, e uma banheira de hidromassagem no centro do quarto, rodeada por velas e pétalas vermelhas.
Paula entrou devagar, absorvendo o cenário.
— Você fez tudo isso?
— Fiz. Porque você merece. Porque eu sou grata por cada milímetro do seu corpo e cada curva da tua coragem.
Paula se virou, olhando nos olhos de Andreia.
— Me diz… o que você quer que eu faça com tudo isso?
— Nada. Hoje você só recebe.
Andreia se aproximou, tirando o salto com um leve estalar. Seus passos eram quase silenciosos. Colou o corpo ao de Paula, passou as mãos pelas laterais do vestido e o deslizou para baixo com lentidão, revelando a pele nua, coberta apenas por uma lingerie preta rendada, feita para ser vista — e arrancada.
— Você é arte, sabia? — murmurou Andreia. — E eu sou aquela que teve o privilégio de poder tocá-la.
Paula deslizou os dedos pelos braços da loira, sentindo o calor subir da pele até a espinha.
— E agora você vai me desenhar com os lábios?
— Com os lábios. Com os dedos. Com o corpo inteiro.
3. Entrega: Desejo Queima, Desejo Cura
A primeira parada foi na banheira. Andreia guiou Paula até lá, já nua, os cabelos presos em um coque alto, os olhos fixos no corpo da ruiva como quem contempla uma constelação.
A água quente recebeu ambas com um abraço envolvente. Paula se deitou entre as pernas da loira, a cabeça encostada em seu ombro. Andreia começou a ensaboar seus braços, seios e barriga com movimentos lentos, quase hipnóticos.
— Sabe o que eu mais amo em você? — sussurrou Paula.
— O que?
— Que você me faz sentir segura até quando eu tô me despedaçando.
Andreia beijou seu ombro.
— Porque você me ensinou que eu não preciso ser perfeita o tempo todo.
— Nem eu. Só quente, às vezes.
As duas riram, mas os olhos estavam molhados. Desejo e verdade, ali, andavam lado a lado.
Depois da água, vieram os lençóis. E o silêncio.
Andreia deitou Paula com cuidado, como se colocasse uma joia rara sobre o tecido de seda. Acendeu a última vela da cabeceira. E se debruçou sobre ela com a fome de quem esperou muito por aquele instante.
As mãos deslizaram por coxas, costelas, clavículas. A boca sorveu beijos demorados, lambidas lentas, mordidas suaves. Os corpos se encontravam com precisão, como se cada uma fosse parte do mapa da outra.
Gemidos abafados. Olhos fechados. Dedos entrelaçados.
E depois, gritos baixos, tremores, suores partilhados e sorrisos desfeitos. O gozo veio como um vendaval calmo — forte, devastador, e cheio de paz.
4. Depois: A Promessa Não Dita
Paula deitou de lado, com a respiração ainda falha, a pele suada e os olhos marejados. Andreia a abraçou por trás, os seios pressionando as costas dela, a perna entrelaçada.
— Esse foi o melhor aniversário da minha vida — sussurrou a ruiva, ainda ofegante.
— E eu ainda nem te dei o presente da manhã — disse Andreia, beijando o pescoço dela.
Paula riu. Virou-se de frente.
— Me promete uma coisa?
— Tudo.
— Nunca apaga esse fogo.
— Nunca. Só se for pra acender de novo.
E então, naquele quarto de hotel, com o som da cidade distante e os corpos ainda colados, o tempo parou de novo. Porque havia amor. Mas antes de tudo… havia desejo.
5. A Manhã Seguinte: Pele, Aroma e Promessa
O sol da manhã entrava tímido pelas cortinas semiabertas da suíte, derramando luz dourada sobre os lençóis amassados, ainda marcados por uma noite que parecia não ter fim. O quarto exalava um misto de perfume feminino, velas derretidas, e o aroma inconfundível de desejo bem consumado.
Paula abriu os olhos lentamente, sentindo o corpo ainda sensível, como se cada poro lembrasse dos beijos, das mordidas, dos toques.
Estava deitada de bruços, com as costas nuas expostas e um lençol de seda branco caído pela cintura. Sentiu o colchão afundar sutilmente quando Andreia se aproximou por trás, já de robe de cetim cinza-prata, com os cabelos soltos e descalça. O tecido macio revelava cada curva sem pudor. Nos olhos, aquele brilho entre ternura e predador.
Ela trazia uma bandeja com croissants, frutas vermelhas, ovos mexidos trufados e duas taças de espumante — porque com Andreia, o luxo era o idioma e o corpo, o dialeto mais fluente.
— Feliz ressaca de prazer, ruiva — disse, com a voz rouca de quem também não dormira tanto.
Paula riu, ainda de olhos semicerrados.
— Isso não é ressaca. Isso é pós-orgia emocional.
Andreia pousou a bandeja sobre a mesinha e sentou-se de lado na cama, apoiando uma das pernas dobradas sobre o colchão. Passou os dedos pelas costas nuas de Paula, devagar, como se lesse um texto sagrado em Braille.
— Sabe o que eu mais gosto em você?
— Além do meu jeito indecente de gemer?
— Isso também. Mas eu amo a sua coragem de sentir tudo. Sem filtro.
Paula se virou devagar, agora de frente, o lençol escorregando e revelando parte dos seios. Seu olhar estava intenso, mesmo àquela hora.
— E você… ainda tem medo de sentir?
Andreia hesitou por um segundo. Respirou fundo.
— Eu aprendi a esconder o coração atrás do salto quinze. Atrás da mesa de reunião, da agenda lotada, dos casos casuais com nomes que eu esquecia em duas horas.
Paula a olhava com atenção, tocando a perna dela com os dedos.
— E agora?
Andreia sorriu de canto.
— Agora eu só quero lembrar do som da sua respiração quando você goza dizendo meu nome.
Silêncio. Ardente. Denso.
6. Café da Manhã ou Prelúdio de Pecado?
Paula sentou-se com as pernas cruzadas, os cabelos emaranhados, os seios ainda expostos sob o lençol mal posicionado. Pegou um morango da bandeja, mordeu devagar, deixando o suco escorrer no canto da boca.
Andreia a observava com desejo explícito nos olhos, como se estivesse diante de uma obra de arte viva.
— Vai só me olhar ou vai lamber? — provocou Paula, passando a língua nos próprios lábios com lentidão calculada.
Andreia se inclinou e passou os dedos no canto da boca dela, recolhendo o sumo vermelho.
— Os dois.
E então beijou-a com firmeza, a mão segurando sua nuca, o corpo inclinado sobre o dela. O gosto do morango se misturou ao espumante, ao suor que ainda morava na pele. Um beijo lento, exploratório, daqueles que acendem o pavio já gasto da noite anterior.
— Você me olha como se pudesse me desmontar com os olhos — sussurrou Paula.
— Porque eu posso. E você me deixa.
Andreia desamarrou o robe e deixou que ele escorregasse pelos ombros. Agora, nua, sentou-se sobre o colo de Paula, com as pernas ao redor da cintura dela. As duas estavam quentes de novo. Suadas, mesmo sem esforço. O calor vinha da alma, da pele, do que o corpo lembrava de poucas horas antes.
— Você me possui sem cordas, sem algemas, sem s — disse Paula, entre suspiros. — Mas ainda assim, eu me sinto presa em você.
— Presa é quem não se entrega. E você, ruiva… você se joga. E me leva junto.
7. A Última Mordida: Entre o Luxo e o Instinto
A bandeja do café caiu levemente no chão durante o segundo round. Risos abafados. Um morango esmagado no travesseiro. Um gemido preso entre dentes. Os corpos se entrelaçaram como ondas furiosas num mar feito só de veludo e loucura.
Dessa vez, foi mais lento. Mais devoto. Paula acariciava as costas de Andreia como se traçasse uma linha do tempo. E Andreia sussurrava segredos em seu ouvido enquanto descia com a boca pelas curvas do seu ventre.
— Você sabe o que é mais bonito em você? — perguntou Andreia, entre beijos.
— O quê?
— Que mesmo quando geme, você não perde o controle. Você comanda minha sanidade mesmo quando eu quero perder o juízo.
Paula agarrou os lençóis, jogando a cabeça para trás, completamente vulnerável.
— Então se perde. Eu cuido do caminho de volta.
A manhã terminou com elas abraçadas, em silêncio, assistindo a cidade se mover lá embaixo, vista da sacada. O espumante agora morno. As pétalas caídas pelo chão. Os corpos marcados. As almas, mais leves.
Paula sorriu, com os olhos ainda fechados.
— Posso pedir a mesma coisa no meu próximo aniversário?
— Já tá reservado. Mas no ano que vem… — Andreia deslizou os dedos pela coluna de Paula, até a base da cintura — ...vai ter mais.
— Mais o quê?
— Mais laços. Mais lençóis. Mais liberdade pra sermos tudo. Sem medo.
E Paula soube, naquele instante, que aquele presente não era só carnal.
Era um pacto.