Entre Obras de Arte e Gemidos



O segundo dia em Paris amanheceu com um céu pálido e promessas não ditas. A luz invadia as frestas da cortina grossa, dançando suavemente sobre os corpos nus enroscados sob os lençóis de algodão egípcio. Paula foi a primeira a despertar, ainda colada nas costas de Andreia, os dedos vagando sem rumo pelas curvas já conhecidas, como quem revisita um poema favorito.

Beijou-lhe o ombro, depois a nuca, depois a curva da mandíbula, até Andreia abrir os olhos com um gemido preguiçoso e sussurrar:

— Você está me acordando ou me provocando?

— Nos melhores dias, faço os dois ao mesmo tempo — respondeu Paula, deslizando a coxa entre as pernas da mulher que ainda exalava cheiro de vinho, sexo e Paris.

O começo da manhã foi um prelúdio suave do que viria à noite. Beijos lentos. Uma língua que explorava, sem urgência, cada centímetro da pele alheia. Andreia, ainda meio sonolenta, se entregava com sorrisos abafados e suspiros arrastados. Uma rendição que não precisava de gritos. Só de tempo.

Tomaram banho juntas — um ritual onde mais se tocavam do que se lavavam — e desceram para o café da manhã de mãos dadas. Ela vestia um vestido leve, florido, casaco curto e batom cor de vinho. Paula optou por uma calça jeans escura, uma camisa branca justa e um lenço preto amarrado no pescoço. O olhar dela? Afiado. Pronto para o jogo do dia.

O destino da manhã era o Louvre.

Caminhavam entre as obras como se as salas estivessem ali só para elas. As duas dividiam os fones de ouvido de um guia particular, mas metade da atenção se perdia nos sorrisos e provocações trocadas a cada sala. Diante da Vênus de Milo, Paula sussurrou:

— Ela está quase nua. Só falta o olhar que você me deu ontem à noite.

— Você é mais perigosa que arte sacra — respondeu Andreia. — E mais indecente que esse torso sem braços.

O olhar de Paula brilhou.

— Me diz que vai tirar minha roupa hoje como se fosse um museu interditado.

— Eu vou tirar sua roupa como se estivesse profanando o Louvre. Com reverência e malícia.

Caminharam entre os corredores como se carregassem um segredo quente entre as pernas. Os olhares cúmplices. As mãos roçando nos cotovelos. Os arrepios que não vinham do ar-condicionado.

Mais tarde, seguiram para a Torre Eiffel. Subiram até o topo. O vento bagunçava os cabelos ruivos de Paula, que se encostou na grade e olhou para Andreia com aquele ar insolente.

— Nunca fiz amor em Paris, mas já gozei olhando pra você em quatro países.

Andreia aproximou-se por trás, colando os seios nas costas de Paula, os lábios junto à orelha:

— Hoje você vai gozar sabendo que o mundo está inteiro lá embaixo... e que mesmo assim, você só me enxerga.

Voltaram ao hotel antes do jantar.

Paula já tinha trocado de roupa quando Andreia surgiu da ducha com uma toalha fina envolta no corpo. Pingos ainda escorriam pelas coxas. Ela se aproximou por trás, com o cabelo molhado e o cheiro de sabonete amadeirado. Sussurrou:

— Tenho uma proposta indecente pra você.

— Já estou molhada antes mesmo de ouvir — disse Paula, virando-se devagar.

Andreia abriu a toalha com um gesto, deixando-a cair. O corpo escultural ali, em pé, sem defesas. Paula se ajoelhou sem dizer nada. Apenas passou a língua nos lábios e disse:

— Deixa eu fazer Paris se calar por alguns minutos.

E fez.

A noite caiu sobre elas com gosto de vinho, suor e promessas. Jantaram apenas para repor as energias. A sobremesa, elas sabiam, estava por vir.

Na cama, Paula vendou Andreia com o lenço preto usado durante o dia. Subiu sobre ela devagar, como uma escultura viva, roçando os seios, gemendo baixo, provocando com palavras que saíam como feitiços:

— Você sente o que faço com sua pele... mas não sabe de onde vem. Isso te excita?

— Isso me destrói — sussurrou Andreia, mordendo os lábios, o corpo inteiro reagindo.

Os gemidos preencheram o quarto. A janela aberta deixava entrar os sons da cidade, como se Paris também escutasse. A respiração de Paula entre as pernas de Andreia era o único idioma necessário naquele momento.

E quando os corpos se encontraram, quando os dedos apertaram com força, quando as costas se arquearam em busca de mais... houve silêncio. Daquele tipo que vem depois do êxtase. E só resta o som dos corações em descompasso.

Deitaram-se, coladas. E Andreia, com a voz rouca, ainda recuperando o fôlego, disse:

— Se isso aqui não é casamento, então não quero saber o que é.

Paula sorriu, beijando os dedos dela, um por um.

— Isso é nosso. E isso é muito mais forte do que qualquer papel.

Lá fora, Paris acendia suas luzes.

Lá dentro, elas já brilhavam há horas.


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Ficha do conto

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Nome do conto:
Entre Obras de Arte e Gemidos

Codigo do conto:
237800

Categoria:
Lésbicas

Data da Publicação:
07/07/2025

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