Foram juntas para correr a Meia Maratona do Rio. Mas sabiam que aquela viagem não seria apenas sobre quilometragem.
A relação entre elas tinha se consolidado entre treinos suados e beijos roubados nos cantos do Parque Barigui. Depois da noite intensa na casa de Andreia semanas antes, os encontros viraram hábito. Não havia promessas — só entrega. Paula descobria sua sexualidade com a naturalidade de quem aprende a respirar. Andreia, por outro lado, mergulhava naquela ruiva como quem redescobre o próprio corpo.
Chegaram ao hotel na orla de Copacabana com o mar refletindo o céu nublado do inverno carioca. Check-in feito. Sorrisos trocados no elevador. E um silêncio cúmplice no quarto 701.
— Eu devia guardar energia pro domingo — disse Paula, jogando a mochila na poltrona.
Andreia trancou a porta com calma, apoiou-se nela e respondeu, com voz grave:
— Então é melhor começar a suar agora.
Paula nem teve tempo de responder. Andreia atravessou o quarto com passos firmes e a empurrou contra a parede ao lado da janela. Beijou-a com fome, pressionando o corpo ao dela, enquanto as línguas se encontravam como velhas conhecidas.
As roupas começaram a cair: moletom, top, legging, calcinha. Andreia ajoelhou-se diante da jovem e passou os dedos lentamente entre as pernas dela.
— Tão molhada… é por mim ou pelo Rio?
— Por você. Pelo que você faz comigo. Pela forma que você me toca. — sussurrou Paula, mordendo o lábio.
A língua de Andreia encontrou a pele quente. Começou lenta, provocando, contornando cada dobra, cada gemido. Paula segurava nos cabelos loiros com as duas mãos, os olhos fechados, o quadril tremendo em antecipação.
— Isso, goza pra mim — murmurava Andreia entre lambidas profundas. — Quero você escorrendo na minha boca.
Paula explodiu num gemido rouco, as pernas fraquejando, o corpo derretendo contra a parede.
Mas o Rio só estava começando.
Na manhã seguinte, foram buscar os kits da corrida. Usavam óculos escuros, bonés e sorrisos satisfeitos. Na feira da maratona, Andreia esbarrou com uma ex: uma triatleta paulista, sarada, linda, e fria como gelo.
— Você ainda tá pegando garotinhos? — ironizou a ex.
Andreia sorriu com doçura venenosa.
— Agora eu tô com mulher de verdade. Linda, quente e com pegada. Muito mais interessante que você.
Paula ouviu de longe, riu e passou o braço em volta da cintura da loira, como quem marca território.
— Pronta pra amanhã? — perguntou ela, ainda no clima da provocação.
— Se eu aguentar ficar quieta essa noite… — respondeu Andreia, deslizando a mão na parte baixa das costas da ruiva, onde o tecido do short não alcançava.
No domingo, o Rio acordou nublado, mas quente. A largada foi vibrante, o mar de corredores colorindo a orla. Paula e Andreia corriam lado a lado. Não falavam muito. Mas a sincronia de passos, olhares e suor dizia tudo.
— Quando terminar, quero você nua na varanda do hotel — sussurrou Andreia no quilômetro 14.
— E quero você me fodendo com o sol nas costas — respondeu Paula, com um sorriso suado e malicioso.
Cruzaram a linha de chegada de mãos dadas, suadas, exaustas e completamente ligadas.
No quarto, após o banho, Paula estava de costas para a varanda, nua, os cabelos úmidos, os olhos brilhando desejo.
Andreia veio por trás. Encaixou-se, colou o corpo, passou as mãos pelos seios da ruiva, apertando com força e carinho. Beijou o pescoço, mordiscou a orelha.
— Agora você é só minha.
Paula arqueou as costas, sentindo o toque subir pela espinha. Andreia deslizou a mão pela barriga, até entre as coxas.
— Fala que é minha. — sussurrou, roçando os dedos no clitóris, devagar.
— Sou sua. Inteira. — gemeu Paula.
E foi ali, de frente pro mar de Copacabana, com a pele ainda marcada pela corrida e pela noite anterior, que elas se devoraram mais uma vez. Paula debruçada na varanda, Andreia ajoelhada atrás, língua e dedos trabalhando em sinfonia, fazendo a jovem se contorcer de prazer com o Rio como testemunha silenciosa.
Paula gozou com um grito rouco, segurando na grade da varanda como se fosse despencar do sétimo andar. Andreia levantou, lambeu os lábios e a puxou para um beijo demorado.
— Nunca mais quero correr sozinha.
— E eu nunca mais quero dormir com homem. — respondeu Andreia, sem hesitar.
Ambas sabiam que aquela viagem não era só sobre esporte. Era sobre libertação. Sobre desejo sem culpa. Sobre prazer sem permissão.
E mesmo que a linha de chegada tenha ficado lá atrás, naquele quarto de hotel, elas descobriram que correram juntas até o fim. Corpo inteiro. Alma inteira.