Vestia uma calça jeans de cintura alta e um cropped branco, colado ao busto. O batom vermelho era quase um sinal de alerta. O cabelo ruivo preso em um coque frouxo deixava a nuca exposta. Um convite.
Ela tocou a campainha duas vezes e mordeu o lábio inferior enquanto ouvia os passos rápidos se aproximando. Andreia abriu a porta, distraída, o fone de ouvido ainda encaixado em um dos ouvidos.
Estava de óculos de grau, camisa social azul-clara, semiaberta, e uma saia preta com uma fenda lateral generosa. O sutiã nude deixava os contornos de seus seios perfeitamente desenhados. Os pés estavam descalços, com unhas vermelhas recém-feitas.
— Achei que ia ser só mais uma sexta de home office… — disse Andreia, surpresa. — E você chega assim?
— Assim como? — Paula respondeu com a voz carregada de malícia.
— Assim linda. Desarmada. E perigosa.
— Que bom. É exatamente o que eu vim fazer aqui: desarmar você.
Andreia voltou à cadeira giratória diante do notebook, tentando manter a compostura. A chamada com a equipe ainda estava em andamento, e ela precisava revisar os contratos para uma apresentação na segunda.
Mas Paula não queria saber de segunda. Nem de contratos.
Se aproximou lentamente, sem dizer nada. Ajoelhou-se no tapete atrás da cadeira, e começou a roçar o nariz nos pés de Andreia.
— Paula… — sussurrou a loira, entre divertida e aflita.
— Finge que não sou eu. Só finge que é um sonho bom. E deixa eu cuidar de você.
Ela começou com um beijo suave no dorso do pé direito. Depois no esquerdo. Passou a língua entre os dedos, com lentidão, como se estivesse descobrindo uma nova forma de comunicação. Andreia arfou.
— Eu tô numa reunião… — tentou argumentar, mas sua voz já falhava.
— Desliga. Ou deixa no mudo. E sente.
Paula subiu as mãos pelas panturrilhas, deslizou os dedos por dentro da fenda da saia e puxou devagar, até expor a coxa. Beijou ali também. Com tempo. Com intenção.
Andreia deslizou para trás na cadeira, entregando-se. Tirou os óculos com a mão direita, ajeitou o fone com a esquerda e colocou a reunião no mudo.
— Eles que lutem — murmurou.
— Você sabia que seus pés contam histórias? — disse Paula, entre um beijo e outro.
— Que tipo de história?
— Que você é intensa. Que gosta de ser tocada onde ninguém toca. Que por trás dessa mulher que comanda salas e contratos, tem alguém que precisa ser adorada… da raiz ao dedinho.
Andreia se arrepiou.
— Você me desconcerta, sabia?
— Essa é a ideia.
Paula subiu com beijos lentos até os joelhos, depois as coxas. Andreia fechou os olhos, a respiração ficando pesada. A camisa aberta deixava os seios apenas semi-ocultos. Um botão a mais e estariam completamente livres.
— Me deixa te ver — pediu Paula, com voz baixa.
Andreia abriu a camisa com uma única mão, sem quebrar o olhar. Não precisava de palavras. Era só corpo. Só energia.
A ruiva se levantou e sentou-se no colo da loira, de frente, cruzando as pernas em volta da cintura de Andreia, que ainda tentava fingir algum controle. Mas não havia mais hierarquia. Era química pura.
— Você lembra da primeira vez que eu te vi em uma reunião? — perguntou Paula.
— De salto alto e coque? Lembro.
— Eu pensei: essa mulher comanda o mundo. E eu só queria me ajoelhar aos pés dela.
— E agora?
— Agora eu comando o teu prazer.
Andreia riu, arfando, as mãos nas costas da ruiva, a boca colada à orelha dela.
— Então comanda. Mas não alivia. Me faz esquecer que um dia alguém me fez acreditar que prazer era obrigação.
Paula colou as testas.
— Nunca mais. Agora prazer é o nosso idioma.
As duas se levantaram juntas, aos tropeços. Foram até o sofá. Paula empurrou Andreia de leve e deitou-a ali. O corpo da loira se moldava ao estofado, o cabelo espalhado, os olhos implorando.
Paula tirou lentamente a própria blusa, revelando o sutiã de renda branca. Depois a calça. Ficou de joelhos entre as pernas da loira e começou a beijar da barriga até o colo. Os toques eram quentes, suaves, rítmicos. As mãos de Andreia tremiam ao explorar as costas da ruiva.
A cada nova parte beijada, um suspiro. Um gemido contido. Um pedido silencioso por mais.
— Você é tudo o que eu me neguei por tanto tempo — sussurrou Andreia.
— E agora eu sou tua. Inteira.
A tarde passou em silêncio quebrado por gemidos, beijos demorados, mãos explorando, corpos grudados. Depois, abraçadas no sofá, com os pés entrelaçados, riram de qualquer coisa que nem lembravam mais.
A reunião foi esquecida. O mundo lá fora também.
Só restaram elas duas. Despidas de roupa e de defesa.
— O que você quer de mim agora? — perguntou Andreia, com a voz sonolenta.
Paula acariciou os cabelos dela com delicadeza.
— Um banho. Um vinho. E uma noite em que a única coisa que a gente feche… sejam os olhos… depois de se abrir inteira uma pra outra.
E Andreia, pela primeira vez em muito tempo, não quis mais controlar nada.
Quis apenas ser.
Pós-banho – Pele Lavada, Desejo em Ebulição
A água quente caía sobre os corpos colados, como se lavasse o mundo lá fora. Paula estava de costas, encostada à parede de azulejos bege do banheiro de Andreia. A ruiva soltava suspiros a cada deslizar da esponja ensaboada sobre sua pele — braços, ombros, costas, coxas. Andreia, atrás dela, cuidava de cada parte como quem manuseia algo sagrado.
— Você tem cheiro de liberdade — sussurrou Andreia, passando a espuma pelo pescoço da ruiva e colando os lábios ali.
— E você tem gosto de vício bom — respondeu Paula, inclinando a cabeça para trás, oferecendo-se inteira.
Os corpos úmidos se colavam, deslizando um sobre o outro. A espuma virava carícia, o toque virava oração. Andreia passou as mãos ao redor da cintura de Paula, e puxou-a devagar, colando seu quadril ao dela. As respirações se misturavam, quentes, profundas, densas.
— Queria te guardar aqui, entre a pele e o osso. Onde ninguém mais toca — disse a loira, passando os lábios pela clavícula de Paula.
— Então guarda. Mas depois me solta. Só pra poder me buscar de novo.
O beijo que seguiu foi lento, encharcado de água e luxúria. Um beijo que prometia mais — mas adiava, só pra aumentar o fogo.
Jantar – Mesa para Duas, Olhares que Despem
Vestidas apenas com camisolas finas de cetim e roupões semiabertos, elas prepararam o jantar juntas. Na cozinha ampla, a iluminação suave dava à cena um ar de filme francês.
Andreia, de cabelos ainda úmidos, mexia uma panela com risoto de cogumelos trufados. Paula, com uma taça de vinho na mão, a observava como quem vê arte em movimento.
— Você é sexy até mexendo arroz — provocou.
— Cuidado. Quem elogia demais, cozinha depois.
— Se a sobremesa for você, eu lavo até o teto.
Andreia riu, mas seus olhos estavam fixos nos de Paula. Havia algo entre elas que ia além do tesão. Era magnetismo. Era coisa que não se explicava.
Jantaram na varanda, descalças, as pernas cruzadas uma sobre a outra. A conversa fluía entre provocações e verdades.
— Sabia que eu nunca me despia de verdade antes de você? — confessou Andreia. — Sempre tive que ser forte, bonita, impecável. Até quando traíam minha confiança, eu me maquiava de orgulho.
— E agora?
— Agora eu quero ser crua. E tua. Em cada camada.
Paula pegou a mão dela por cima da mesa e a beijou.
— Então vem ser crua comigo. E me devora com calma.
A Noite no Quarto – Uma Dança Sem Música
O quarto de Andreia era um retrato da mulher que ela escondia do mundo: cortinas pesadas, lençóis vinho escuro, almofadas de veludo, luminárias amareladas.
Paula encostou-se na parede, deixou o roupão cair aos pés e ficou apenas com a camisola curta, que marcava cada curva, cada desejo. Andreia a observava da cama, sentada com as pernas cruzadas, como se estivesse diante de uma visão sagrada.
— Anda. Me diz com os olhos o que você quer agora — desafiou Paula.
Andreia se levantou sem dizer nada. Caminhou até a ruiva, encostou-se nela de leve, e levou os dedos ao rosto dela.
— Quero que você me faça esquecer de cada toque que não me fez sentir nada. E que me lembre que sentir não é fraqueza.
Paula segurou as mãos da loira e as levou até seus próprios quadris.
— Então sente. Sem freio. Sem freio nenhum.
A camisola deslizou pelos ombros de Paula. Andreia a beijava como se estivesse mapeando cada centímetro, cada nuance. As línguas dançavam, os corpos se grudavam, os gemidos abafados pela urgência do toque.
Deitaram-se devagar, uma sobre a outra, como maré subindo sobre areia quente. Andreia beijava os pés de Paula, as canelas, os joelhos — retribuindo o gesto da tarde. Subia com a boca pela parte interna das coxas, até que Paula puxou seus cabelos com firmeza, ofegante.
— Me dá você toda. Hoje eu te quero em cada suspiro.
As duas se exploraram a noite inteira. Uma dança sem música, sem roteiro. Só corpo. Só alma. O lençol amanheceu fora da cama. O sol já batia nas cortinas, e o cheiro de vinho e suor ainda pairava no ar.
Cansadas. Molhadas. Entregues.
Paula, deitada de lado, acariciava as costas de Andreia, que descansava de bruços.
— Agora você não comanda contratos. Você comanda meu peito — sussurrou a ruiva.
Andreia sorriu com os olhos ainda fechados.
— Então me assina inteira. Com beijo. Com dente. Com desejo.
E naquela sexta-feira, o mundo lá fora girava, mas dentro daquele quarto… só giravam elas.
Uma ao redor da outra.