Paula acordou primeiro. Despertou com os cabelos de Andreia sobre o peito, a perna da loira descansando possessiva entre suas coxas. Não se moveu de imediato. Só ficou ali, observando o rosto sereno da mulher que havia transformado seu desejo em lar.
Deslizou a mão lentamente pelas costas de Andreia, até encontrar a curva firme do quadril. Beijou-lhe a testa, depois a boca, com uma lentidão que carregava promessas e despedidas.
Andreia abriu os olhos devagar.
— Já é hora? — murmurou com voz ainda rouca, mas os olhos brilhando.
— De te acordar, sempre. De partir... ainda não.
— Então aproveita. Me toca como se fosse a última vez aqui.
— A última em Paris. A primeira... em Mônaco.
Paula a virou de costas, subindo sobre ela com o peso exato entre o desejo e o domínio. Seus dedos deslizaram pelo corpo quente de Andreia com a precisão de quem conhecia cada curva, cada ponto de rendição. Beijos molhados no pescoço, mordidas no ombro. A respiração delas era o único som na suíte.
— Quero que Paris lembre da gente. Pelas marcas na cama. Pela música dos nossos gemidos.
— Paris nunca mais vai dormir igual — sussurrou Andreia, entregando-se por inteiro.
Horas depois, o jatinho pousava no pequeno aeroporto de Nice. Um carro preto já as esperava para levá-las diretamente ao porto do Principado de Mônaco, onde um iate branco e reluzente, com bandeira francesa e nome italiano, balançava levemente ao som das ondas calmas do Mediterrâneo.
Paula, agora com vestido branco de linho, sandália rasteira e óculos escuros, subiu a bordo com o vento brincando com os cabelos ruivos. Andreia vinha atrás, com um maiô preto cavado sob um quimono leve. Ambas pareciam estrelas de um filme que ninguém ousaria dirigir.
O capitão as saudou e logo se retirou para a cabine de comando, deixando o convés todo para elas.
Champanhe. Almofadas. Música. Horizonte azul. E nenhuma testemunha além do mar.
Paula se recostou na proa do iate, esticando as pernas e deixando os pés cruzados à mostra.
— Vai continuar me olhando com essa cara faminta ou vai fazer algo a respeito?
Andreia se aproximou devagar, agachando-se aos pés de Paula.
— Posso começar por aqui? Ou prefere que eu vá direto ao ponto?
— O ponto... é você. Aonde você for... meu corpo vai junto.
Andreia beijou cada um dos dedos com devoção. Subiu lambendo a parte interna das coxas até que Paula arqueou o corpo e murmurou:
— Se você fizer isso no meio do mar... eu gozo tão forte que o barco vira.
— Então vamos balançar o Mediterrâneo.
E balançaram.
Na suíte inferior do iate, com janelas panorâmicas que revelavam o azul absoluto do oceano, Paula foi jogada na cama como um prêmio. Andreia tirou o quimono devagar, revelando o corpo sob a luz dourada que invadia o espaço. Os seios firmes, o abdômen marcado, os olhos predadores.
— Quero você de quatro. Agora. Quero ver esse cabelo ruivo espalhado nos lençóis enquanto você geme meu nome olhando pro mar.
Paula obedeceu com um sorriso vicioso.
O quarto se encheu de sons molhados, palavras obscenas sussurradas em francês, tapas ruidosos nas coxas e gemidos abafados no travesseiro. A intensidade era tamanha que o capitão, lá fora, apenas sorriu discretamente, fingindo que o mar estava mais agitado do que o normal.
Depois do primeiro round, Paula estava deitada sobre Andreia, as pernas entrelaçadas, os corpos suados e satisfeitos.
— Isso foi... pornograficamente perfeito — disse ela, rindo.
— Ainda não acabou — respondeu Andreia, puxando-a para cima e sussurrando com a voz arrastada: — Quero você me montando enquanto o sol se põe.
E assim foi.
No convés, nuas, escondidas apenas pelo manto do pôr do sol, fizeram amor em silêncio. Paula por cima, os cabelos ao vento, os olhos fixos nos de Andreia. A cada movimento, uma nova confissão. A cada suspiro, uma nova entrega.
O sol se escondeu no horizonte. Mas nenhuma luz se apagou ali.
Mais tarde, já vestidas, brindaram com taças na mão, os pés descalços tocando o convés.
— Isso é o que chamam de paraíso? — perguntou Paula.
— Não. Isso é o que chamam de nós duas.
— E se for só o começo?
— Então, por mim, que venham mil luas de mel. Porque com você... até tempestade vira mar calmo.
Elas se beijaram. Longo. Profundo. Como quem selava um pacto.
E o Mediterrâneo assistiu, silencioso, cúmplice.
Fim da saga (e o começo de tudo).