Da cor do pecado



Sílvia havia renascido aos 44 anos. Depois de anos de um casamento morno, suportando a indiferença crescente do marido, o estopim veio numa tarde silenciosa, ao flagrá-lo com outra. Não houve escândalo. Houve frieza. Ela não gritou, não chorou. Apenas saiu dali com a decisão de não deixar pedra sobre pedra. E assim fez. Com a ajuda de um advogado hábil e de uma clareza que surpreendeu até a si mesma, Sílvia saiu daquele casamento com o que lhe era de direito – e um pouco mais.

Mas o que ela conquistou de mais valioso não estava em contas bancárias ou bens. Foi o olhar renovado sobre si. Passou a cuidar do corpo com mais disciplina, do rosto com mais carinho, e da alma com mais liberdade. Redescobriu o prazer de vestir-se para si mesma, de olhar no espelho e gostar do que via. E numa dessas manhãs quentes, decidiu agendar sua primeira sessão de bronzeamento natural.

O local era discreto, com espreguiçadeiras organizadas em cabines privativas, cobertas com panos brancos esvoaçantes. O sol era filtrado por uma tela leve, deixando a luz suave sobre a pele. Foi ali que ela conheceu Valéria.

Valéria era a responsável pela aplicação do bronze. Tinha 28 anos, cabelos castanhos levemente dourados pelo sol, e um corpo de quem vivia em contato com a natureza. Ao ver Sílvia entrar, envolta em sua saída de praia elegante, os olhos de Valéria percorreram com interesse silencioso aquela figura de mulher madura, firme, segura, sensual sem esforço.

— Pode tirar a parte de cima — disse Valéria, com um sorriso suave. — Aqui é tudo muito natural.

Sílvia hesitou um instante. Então tirou. Sentiu o ar quente na pele e os olhos de Valéria por mais tempo do que o necessário.

Durante a aplicação da fita do biquíni de fita isolante, os dedos de Valéria tocavam com delicadeza a pele de Sílvia, e cada movimento era intencional. As mãos escorregavam com o óleo protetor, firmes, mas sensíveis. Os olhares trocados não eram apenas curiosos — havia neles uma tensão doce, prestes a explodir.

Quando a sessão terminou, Sílvia permaneceu deitada, olhos fechados, sentindo o calor do sol e dos toques que ainda ardiam em sua pele como memórias recentes. Valéria se aproximou para remover parte da fita e deixou um beijo demorado no ombro de Sílvia, sem dizer nada.

Sílvia abriu os olhos. Encarou-a.

— Você costuma fazer isso com todas as clientes?

Valéria sorriu, abaixando-se até que seus rostos estivessem a centímetros um do outro.

— Só com quem olha de volta do jeito que você olhou.

Naquela tarde, Sílvia não voltou direto para casa. Aceitou o convite de Valéria para um banho de piscina na área reservada dos funcionários. A água refrescou seus corpos, mas o clima continuava denso, quente. Beijos começaram tímidos, mas evoluíram com pressa. Mãos descobriam curvas, bocas buscavam pele. Sílvia sentia-se tomada por um desejo cru, visceral — mas ao mesmo tempo envolto em cuidado, em prazer mútuo.

Foi ousado. Intenso. Mas acima de tudo, libertador.

Valéria a conduziu por caminhos que Sílvia jamais havia experimentado nem mesmo em sua juventude. E o que começou como uma simples sessão de bronzeamento acabou se tornando o primeiro capítulo de um novo despertar.

A água da piscina era morna, mas o calor entre elas ia muito além da temperatura. Sílvia, ainda com gotas escorrendo pelo colo, sentiu os dedos de Valéria deslizando por sua cintura, com firmeza e desejo. Era uma mistura de descoberta e rendição. Cada toque parecia decifrar um código secreto em sua pele.

Valéria a encostou na borda da piscina, seus corpos colados. O biquíni de Sílvia, molhado e colado ao corpo, não escondia nada. Os olhos de Valéria percorriam cada curva com fome contida. Ela se aproximou, colando os lábios no pescoço de Sílvia, deixando beijos úmidos que desciam vagarosamente até os ombros. Sílvia arfou. Seus dedos buscaram os cabelos de Valéria, puxando de leve, num pedido silencioso por mais.

— Você sabe exatamente o que está fazendo — murmurou Sílvia, entreaberta, sentindo as pernas tremerem.

Valéria sorriu, sem parar de beijar.

— Tive tempo pra aprender... — respondeu, sua voz rouca. — Na faculdade, vivi coisas que ainda me aquecem quando lembro. Mulheres que me ensinaram sobre ritmo, intenção... prazer. E nenhuma era como você.

Sílvia sentiu um arrepio subir-lhe pela espinha. As palavras de Valéria vinham com a mesma intensidade que seus toques. Havia história naqueles gestos — experiências vividas, corpos descobertos, noites em quartos escuros com sussurros abafados e beijos famintos.

Valéria segurou o rosto de Sílvia com as duas mãos e a beijou com fome, língua invadindo com precisão, com desejo, com intimidade. Não era um beijo de primeiro encontro — era o beijo de quem reconhece o desejo do outro e sabe guiá-lo. Sílvia respondeu com igual entrega, sentindo queimar por dentro.

As mãos de Valéria escorregaram pelas costas molhadas de Sílvia, apertando-a contra seu corpo. No rasgo de um momento, soltou o fecho do biquíni, libertando os seios de Sílvia sob a água. Sem hesitação, beijou-os com devoção, alternando entre língua e lábios, provocando suspiros e tremores que reverberavam pelo corpo de Sílvia como ondas.

Sílvia sentiu-se viva, devorada e adorada. Cada toque era preciso, cada movimento intencional. Havia algo cru, mas também terno. Era um jogo entre duas mulheres que sabiam o que queriam — uma se redescobrindo, a outra conduzindo com firmeza.

Encostadas na beira da piscina, os corpos se encaixavam com naturalidade. Valéria guiava as mãos de Sílvia por seu próprio corpo, deixando que a maturidade daquela mulher recém-desperta encontrasse seu caminho. Os gemidos eram abafados pela água, mas não menos intensos.

Ali, naquele recanto escondido, entre cloro e suor, nasceram novas versões das duas. Sílvia não era mais só uma mulher traída — era uma mulher que se permitia. Valéria não era só a esteticista bonita — era a amante intensa que mostrava à outra um mundo sem culpa, sem medo.

E nenhuma das duas queria que aquilo terminasse ali.

Imagem gerada por IA

Foto 1 do Conto erotico: Da cor do pecado


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Ficha do conto

Foto Perfil escritorcwb
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Nome do conto:
Da cor do pecado

Codigo do conto:
235085

Categoria:
Lésbicas

Data da Publicação:
07/05/2025

Quant.de Votos:
2

Quant.de Fotos:
1