O Sítio da Família (O Almoço dos Quatro)



O cheiro da comida se espalhava pela varanda. Karol, animada como sempre, tinha ajudado a organizar a mesa com toalhas floridas e jarras de suco fresco. Alberto circulava ao redor dela como se fosse um guarda-costas disfarçado, atento a cada movimento, mas sem perder o sorriso de homem satisfeito.
Sentamos os quatro à mesa. A comida simples — arroz, saladas, carne assada e legumes no forno — parecia banquete diante do clima que nos envolvia.
Karol foi a primeira a quebrar o silêncio. Com aquele olhar atrevido, ela brincou dizendo que depois da manhã que tínhamos tido, o almoço parecia fraco demais para repor as energias. Alberto gargalhou e soltou que se dependesse dele, ainda precisaríamos de muito mais combustível para aguentar o resto do dia.
Eu ri alto e provoquei, lembrando que se eles tivessem feito tanto barulho à noite quanto de manhã, era milagre estarem inteiros na mesa. Karol fingiu indignação, mas logo caiu na risada, admitindo que talvez tivesse exagerado um pouco no entusiasmo.
Ricardo, sempre com aquele ar de seriedade, deixou escapar uma frase que fez a mesa explodir em gargalhadas. Disse que o barulho não era problema, desde que cada um soubesse controlar a própria fera.
Karol o encarou fingindo admiração. Disse que até nas refeições ele falava como mestre. Alberto ergueu a taça em concordância, olhando para Ricardo com respeito e completando que estava aprendendo muito mais do que esperava desde que havia entrado naquela roda de amizade.
Eu observei em silêncio por um momento, sentindo orgulho de ver como Ricardo sempre mantinha sua postura, mesmo diante das provocações. Toquei sua mão discretamente por baixo da mesa, e ele respondeu com aquele aperto firme que só eu entendia.
A conversa seguiu leve, mas cheia de insinuações. Alberto contou histórias engraçadas de sua rotina como segurança de um empresário, e Karol completava com comentários atrevidos que nos faziam rir até doer a barriga. Em vários momentos ela olhou para mim, cúmplice, como se estivéssemos dividindo um segredo maior por trás daquelas brincadeiras.
No fim, já de sobremesa, Karol resumiu tudo com uma frase que deixou todos em silêncio por alguns segundos antes da gargalhada geral. Ela disse que aquele não era apenas um almoço de amigos, mas um pacto silencioso entre quatro pessoas que se entendiam de um jeito único.
Depois do almoço, seguimos para a área externa. O sol brilhava forte, e a piscina refletia o céu azul como um espelho líquido. Karol foi a primeira a correr até a borda, rindo, jogando os sapatos de lado e mergulhando de roupa e tudo. Alberto foi atrás, tirando a camisa em um só movimento, exibindo o corpo firme, arrancando suspiros e aplausos de brincadeira da própria Karol.
Eu e Ricardo ficamos um pouco mais afastados, acomodados em redes estendidas sob as árvores. O vento balançava suavemente, trazendo o cheiro da grama molhada e da madeira do sítio. Eu me encolhi no peito dele, e por alguns minutos ficamos apenas observando os dois se divertirem como adolescentes.
Karol não perdeu a oportunidade de provocar. Gritou da piscina que achava estranho nós estarmos tão comportados, que no mínimo já tínhamos feito alguma travessura antes do almoço. Eu gargalhei e respondi que nem tudo precisava ser dito, e Ricardo apenas fechou os olhos, fingindo indiferença, mas com aquele sorriso quase imperceptível no canto da boca.
Alberto, nadando até a borda, completou dizendo que suspeitava que o mestre guardava muito mais segredos do que deixava transparecer, e que talvez fosse melhor não cutucar para não despertar a fera.
A conversa ganhou ritmo. Entre mergulhos e risadas, Karol e Alberto começaram a falar de sentimentos, ainda em tom de brincadeira, mas com um fundo sério. Karol admitiu que tinha medo de perder aquele brilho que sentia agora, e Alberto respondeu que para ele era tudo novo também, mas que estava disposto a enfrentar qualquer coisa só para continuar vendo aquele sorriso atrevido no rosto dela.
As palavras pairaram no ar por alguns segundos, criando um clima diferente. Eu apertei a mão de Ricardo por baixo da rede, e ele me olhou em silêncio, como se aquelas declarações também ecoassem dentro dele.
Karol, percebendo que a atmosfera tinha mudado, quebrou o peso com humor. Disse que estávamos ficando sentimentais demais para uma tarde de sol, e que o melhor era todos entrarem na água. Alberto a puxou pela cintura e mergulhou junto, e o riso voltou a ecoar pelo sítio.
Eu continuei na rede, encostada em Ricardo, com a sensação de que aquela tarde estava nos marcando de um jeito que ia além da diversão. Era como se cada provocação e cada confissão criasse laços invisíveis entre nós quatro.
O calor da tarde foi embalando os sons do jardim até que o silêncio tomou conta. Eu estava deitada na rede, abraçada a Ricardo, quando percebi que sua respiração havia mudado. Olhei para ele e meu coração quase parou. Pela primeira vez, o homem que nunca baixava a guarda, que sempre mantinha os olhos atentos e a postura rígida, dormia pesado nos meus braços.
Seu braço me envolvia pela cintura como se eu fosse o escudo que o protegia, e seu rosto, sereno, repousava perto do meu. Aquele instante me encheu de vida. Meu guardião, o mestre implacável, havia se rendido. Pela primeira vez, ele entregava sua segurança a mim. Eu não era mais apenas a protegida, eu era quem cuidava dele.
Senti os olhos marejarem. Toquei de leve o cabelo dele, com medo de acordá-lo, e então tive uma ideia. Chamei Karol e Alberto em silêncio, com um gesto. Eles vieram curiosos, e quando apontaram para Ricardo adormecido, não acreditaram.
Levei o dedo aos lábios pedindo silêncio e cochichei. Olhem isso. O mestre se rendeu. Pela primeira vez, ele está indefeso, confiando em mim.
Karol levou a mão à boca para conter a risada emocionada, e Alberto apenas balançou a cabeça em respeito. Pedi que tirassem uma foto, e eles capturaram aquele momento: Ricardo, entregue, abraçando-me como se eu fosse sua fortaleza. Guardei a imagem no coração e no celular, já planejando como usaríamos à noite para brincar com ele.
Quando se rendeu à leoa, o mestre deixou claro que também precisava ser protegido. E naquele instante, compreendi que até os mais fortes guardam dentro de si um espaço para descansar nos braços de quem amam.
O entardecer chegava devagar quando voltamos à varanda depois do descanso na rede. Karol e Alberto já estavam à mesa, taças servidas, esperando por nós para mais uma rodada de conversas. Foi então que Karol, com aquele brilho maroto nos olhos, puxou o celular.
Com um sorriso travesso, colocou a foto no centro da mesa. Era a imagem de Ricardo, adormecido na rede, abraçado a mim com o corpo inteiro entregue.
Karol abriu os braços como quem apresentava uma obra de arte e disse. Vejam só, senhoras e senhores. O mestre que nunca baixa a guarda finalmente se rendeu. A leoa virou a protetora.
Alberto caiu na risada, erguendo a taça. Isso é histórico. Até eu quero uma cópia para lembrar que até os gigantes precisam descansar.
Eu encarei Ricardo em silêncio, esperando sua reação. Ele olhou a foto com calma, sem qualquer traço de constrangimento. Sorriu de leve, tomou minha mão por cima da mesa e falou com serenidade. Talvez vocês nunca entendam, mas para mim esse foi o maior ato de coragem. Não foi fraqueza. Foi confiança. Eu só durmo assim quando sei que estou seguro. E hoje, pela primeira vez, eu estava.
O silêncio caiu por alguns instantes. Meu peito se apertou, os olhos marejaram. Karol suspirou fundo, emocionada, e até Alberto inclinou a cabeça, respeitoso.
Ricardo então se levantou, veio até mim e pousou as mãos firmes nos meus ombros. Inclinou-se, beijou meu cabelo e completou olhando para todos. Podem rir, provocar e brincar à vontade. Mas entendam uma coisa: foi ela quem me fez descansar. Foi ela quem me deu paz.
Karol se abanou, fingindo desmaiar. Meu Deus, Vi, eu não aguento esse homem. Ele é fogo e ternura na mesma medida. Agora entendo porque você está cada vez mais perdida.
Alberto sorriu e disse em tom sério. Não é só fogo, é lealdade. É isso que faz dele diferente.
Eu não consegui resistir. Levantei-me, virei-me para Ricardo e o beijei profundamente, na frente deles. Foi a primeira vez que me permiti tamanha entrega diante de testemunhas. Quando abri os olhos, vi Karol quase em lágrimas e Alberto balançando a cabeça, como quem admirava algo raro.
Naquela noite, a varanda do sítio guardou mais do que risadas e provocações. Guardou o instante em que o mestre se mostrou humano, doce e dócil, arrancando nossa admiração e rendição total.
Karol ficou alguns minutos olhando para a foto no celular, ainda suspirando. Era raro vê-la quieta, mas naquela hora parecia realmente tocada. Quando finalmente abriu a boca, sua voz saiu num misto de provocação e ternura.
Ricardão, agora não tem mais volta. Você mostrou que também sabe ser doce. Então me conta, quando mais você já deixou essa sua guarda cair? Aposto que tem histórias escondidas aí nesse peito de ferro.
Ricardo, sentado de volta à mesa, segurava a taça de vinho. Girou o líquido devagar, pensativo. Seus olhos se perderam por um instante no horizonte do sítio antes de voltar a nós.
Poucas vezes, Karol. Muito poucas. Minha vida foi feita de disciplina, silêncio e dever. Quando eu era garoto, achava que mostrar sentimentos era fraqueza. Foi meu mestre quem me ensinou que não existe força sem ternura. Ele dizia que o guerreiro mais perigoso é aquele que sabe quando abaixar a espada para segurar uma mão.
As palavras dele pairaram no ar como uma revelação. Eu senti um arrepio percorrer meu corpo. Karol, que não segurava nada, suspirou alto e levou a mão ao peito.
Meu Deus, Vi, esse homem vai me matar. Ele fala pouco, mas quando fala, derruba qualquer uma.
Alberto riu, apoiando-se na cadeira. E eu que achava que o Ricardão só era mestre nos golpes. Agora vejo que também é mestre em filosofar.
Ricardo balançou a cabeça, ainda sério, mas um leve sorriso surgiu. Não é filosofia. É só a verdade. A vida me ensinou que proteger não é apenas lutar. É também acolher.
Fiquei em silêncio, absorvendo cada palavra. Minha mão buscou a dele embaixo da mesa, e quando Ricardo a apertou, senti que não era apenas meu corpo que ele guardava, era minha alma inteira.
Karol, claro, não perdeu o tom atrevido. Olha, irmãozinho, se continuar assim, a Vi vai precisar de uma coleira para não te deixar escapar nunca mais.
Todos rimos alto, e até Ricardo gargalhou de verdade, quebrando de vez aquela barreira de aço. Era raro vê-lo assim, aberto, humano, tão próximo de nós. E naquele instante, percebi que estávamos diante de algo precioso: o mestre, o guardião, revelando o homem doce que ele escondia do mundo.
O silêncio da noite foi cortado apenas pelos grilos e pelo farfalhar das árvores ao redor. Ricardo apoiou os cotovelos sobre a mesa, como se buscasse forças para abrir um pedaço de si que raramente mostrava.
Quando eu tinha dez anos, já passava as tardes ajudando nas casas da vizinhança. Fazia jardinagem, carregava baldes, o que precisassem. Um dia, terminei mais cedo e fui até a casa do velho mestre. Ele estava sentado no alpendre, afiando uma lâmina. Eu fiquei parado, olhando. Achei que ele fosse me mandar embora, mas ele me chamou.
Ricardo fez uma pausa, tomando um gole de vinho. Seus olhos estavam distantes, como se voltasse àquele momento.
Ele me disse: Ricardo, sua força não está nos braços, mas no coração. Eu não entendi nada na época, achei até que ele estava brincando comigo. Então ele me fez um teste. Pediu para eu segurar uma planta pequena, um broto de laranjeira. Disse para eu protegê-lo. E eu, menino bruto, apertei com força para que não quebrassem. O broto se partiu na minha mão.
Olhei para Karol, que já estava de olhos arregalados, completamente presa à história.
O mestre olhou para mim e disse: Proteger não é esmagar. É sustentar sem sufocar. É deixar crescer, mesmo que não esteja no seu controle. A partir daquele dia, aprendi que disciplina sem ternura é só tirania.
As palavras ficaram pairando no ar. Eu senti meu coração apertar. Toquei a mão de Ricardo sob a mesa e a apertei com força, sem conseguir esconder a emoção.
Karol suspirou, visivelmente tocada, e murmurou. Vi… esse homem… como é que você ainda aguenta? Se fosse eu, já tinha me derretido de vez.
Alberto, sério, completou. Agora entendo por que você trata ele como mestre. Isso não é só disciplina. É sabedoria de vida.
Ricardo me olhou por um instante, e naquele olhar não havia o guardião, mas o homem que, mesmo moldado em ferro, sabia amar com ternura.
Karol não aguentou o peso da confissão e, como sempre, foi a primeira a quebrar o clima. Ergueu a taça e disse, rindo. Pois eu digo uma coisa, um homem desses é perigoso demais para andar solto. Com sabedoria, força e ainda esse jeito de falar… não tem coração que aguente.
Todos rimos, e eu aproveitei a deixa. Olhei firme para Ricardo e soltei em tom provocador. Se é tão perigoso assim, me explica então como você baixou a guarda demais e dormiu nos meus braços hoje à tarde.
Karol arregalou os olhos e bateu palmas, vibrando. Boa, Vi! Quero ver como ele vai sair dessa.
Ricardo ficou em silêncio por um instante, olhando para mim com aquele ar sério. Depois pousou a taça na mesa, se inclinou um pouco na minha direção e disse com voz firme e calma.
Eu dormi porque você é o único lugar onde posso descansar sem medo. Não é fraqueza, é amor. Quando fecho os olhos nos seus braços, é porque sei que ali não existe perigo. Existe paz.
A mesa ficou muda. Karol levou as mãos à boca e suspirou alto, fingindo desmaiar. Alberto balançou a cabeça, sorrindo em silêncio, como quem reconhecia a força daquelas palavras.
Eu senti as lágrimas subirem, mas segurei o choro com um sorriso. Toquei a mão dele por cima da mesa e murmurei. Então que seja sempre assim. Se a leoa for o seu abrigo, prometo nunca deixar você sem descanso.
Ricardo apenas me encarou e sorriu de leve. O mestre de ferro, mais uma vez, mostrava que sabia ser doce sem perder sua grandeza.
Karol se abanou teatralmente. Chega, eu vou infartar. Esse casal vai me matar ainda.
As gargalhadas voltaram, quebrando o peso da cena, mas no fundo todos nós sabíamos: naquela noite, o guardião tinha se rendido de novo.
Karol se recostou na cadeira, ainda rindo e abanando-se como se quisesse espantar o calor que as palavras de Ricardo tinham causado. De repente, olhou para Alberto com aquele brilho travesso nos olhos e disparou.
Pois bem, se até o mestre se rende, quero ver se você também sabe baixar a guarda comigo.
Alberto arqueou a sobrancelha, surpreso, mas logo abriu um sorriso maroto. Baixar a guarda? Com você, Karol, acho que já nasci rendido.
A mesa explodiu em gargalhadas. Karol fingiu colocar a mão na cintura como quem não se deixava convencer fácil e insistiu. Não, eu quero provas. Não adianta só falar bonito, porque palavras enganam. Quero saber se, assim como o Ricardão aqui, você sabe me dar paz quando eu precisar.
Alberto se inclinou sobre a mesa, pegou a mão dela e a beijou devagar, deixando um silêncio cheio de expectativa. Então respondeu. Prometo que, se você me deixar, vou ser o abrigo onde você sempre vai poder descansar, até quando fingir que não precisa.
Karol levou as mãos ao rosto, vermelha, tentando disfarçar o riso nervoso. Eu bati palmas e não consegui segurar a provocação. Olha só, Alberto está aprendendo rápido com o mestre. Mais um guardião se rendendo à sua leoa particular.
Ricardo sorriu de canto e completou com a voz grave que fazia a mesa inteira silenciar. A diferença entre proteger e dominar está no coração. Quem ama de verdade não precisa de correntes.
Karol suspirou alto e se jogou no colo de Alberto, arrancando gargalhadas de todos nós. A cena ficou leve, divertida, mas cheia de insinuações. A noite seguia aquecida, cada casal em sua sintonia, mas todos rendidos à mesma certeza: até os guardiões sabiam que era preciso baixar a guarda para o amor.
As risadas ainda ecoavam pela varanda quando Alberto, sempre animado, ergueu sua taça de vinho. O gesto foi imediato: todos nós pegamos as nossas também. Ele olhou para Ricardo, depois para mim e Karol, e disse com aquele tom maroto que escondia uma seriedade rara.
Hoje não é só um jantar no sítio. Hoje a gente descobriu que até os mais fortes sabem se render, que até os guardiões precisam descansar.
Karol, encostada no peito dele, completou com um sorriso atrevido. E que às vezes somos nós, as leoas, que viramos o abrigo deles.
Eu ergui minha taça, sentindo o calor subir pela pele. Disse que talvez esse fosse o segredo da força verdadeira: amar, proteger e se permitir ser protegido.
Ricardo nos observava em silêncio, o olhar grave iluminado pelas velas que tremeluziam na mesa. Finalmente ergueu sua taça também e falou com firmeza. Que este seja o pacto entre nós quatro. Lealdade, confiança e fogo que nunca se apaga.
Um silêncio respeitoso caiu por alguns segundos, como se todos sentíssemos a força daquelas palavras. Então, ao mesmo tempo, brindamos. As taças tilintaram, selando mais do que um gesto de amizade. Era como se tivéssemos firmado um acordo secreto, invisível, mas eterno.
Karol suspirou e disse, com um sorriso provocador. Pronto, agora temos dois guardiões e duas leoas. Quero ver quem vai aguentar esse fogo.
As gargalhadas voltaram, leves e quentes, embalando a noite. O vinho continuava a fluir, mas mais do que isso, fluía a certeza de que estávamos ligados por algo maior. Não apenas encontros casuais, mas cumplicidade, entrega e um segredo compartilhado que só nós quatro conhecíamos.
Quando Karol e Alberto desapareceram de mãos dadas em direção ao quarto deles, eu e Ricardo permanecemos alguns segundos na varanda, observando. O silêncio entre nós era carregado de tensão e desejo. Olhei para ele e ele para mim. Ao mesmo tempo, dissemos a palavra que selava nossa decisão: Vamos?
Repetimos mais uma vez, juntos, como um pacto secreto. Vamos.
No quarto, a porta se fechou atrás de nós. Ricardo me puxou para a cama, mas antes de qualquer gesto íntimo, houve palavras. Palavras pesadas, sérias, marcadas por promessas e redenção. Ele me disse que sua vida era minha, que nunca me deixaria sem proteção, que eu era o único motivo que o fazia baixar a espada. Eu respirei fundo, olhei firme em seus olhos e pedi: Ricardo, deixe suas armas caírem. Me proporcione isso hoje. Confie em mim.
E ele confiou. Pela primeira vez, deixou-se dominar.
Empurrei-o contra o colchão e me lancei sobre ele. Minha boca percorreu seu corpo inteiro, dos lábios ao abdômen, saboreando cada músculo, cada curva de poder que agora estava em minhas mãos. Segurei seu membro já duro e o envolvi com meus lábios, sugando com fome, como se quisesse arrancar dele não só prazer, mas alma. Ele gemia baixo, contido, tentando resistir, mas sua respiração denunciava que estava perdido.
Subi sobre ele e sentei em seu colo, penetrando-o devagar, sentindo centímetro por centímetro me preencher até o fundo. Gemi alto, com força, rebolando em movimentos circulares que o faziam perder o fôlego. Segurei seus pulsos contra a cama, como quem doma uma fera, e o cavalguei selvagem, batendo meu corpo contra o dele até o quarto inteiro tremer.
Mas não parei ali. Virei-me de bruços e o puxei comigo, guiando-o para dentro de mim por trás. Ele me tomou com força, suas mãos marcando minha cintura, enquanto eu gemia sem pudor, gritando seu nome, exigindo mais, pedindo que me destruísse e me reconstruísse em cada estocada.
E ainda quis mais. Deitei-me de lado, abri minhas pernas e o fiz deslizar em mim de novo, sentindo cada investida profunda, lenta e depois brutal, alternando ternura e selvageria. A cada posição, eu o comandava, eu decidia o ritmo, e ele obedecia, entregue, ardendo em prazer.
Até que chegou o momento que eu queria. Puxei-o para mim, olhei fundo em seus olhos e sussurrei: Agora, quero você inteiro. Girei-me de bruços, ergui meu quadril e o conduzi até meu sexo mais proibido. Ricardo hesitou por um instante, mas quando deslizou para dentro, o fogo explodiu em nós dois. Gritei, arqueei as costas, senti meu corpo inteiro em transe. A cada movimento, ele me levava para um lugar onde nunca tinha estado. Dor e prazer se fundiam, e eu me dissolvia inteira nele.
Segurei seus braços, cravei minhas unhas em sua pele e o incitei a ir mais fundo, mais forte, até que o senti perder o controle. Ricardo gemeu alto, urrando como um animal em êxtase, enquanto me enchia por dentro, derramando seu néctar em mim.
Caímos juntos, exaustos, suados, completamente destruídos e refeitos ao mesmo tempo. Eu me virei sobre ele, ainda ofegante, e encostei minha testa na dele. Ricardo me abraçou com força, quase me esmagando contra seu peito, e murmurou com voz rouca: Nunca em toda a minha vida, nunca, alguém me levou onde você me levou esta noite. Você me quebrou, Vi… e me reconstruiu.
Sorri, vitoriosa, sabendo que tinha domado minha fera. Ele, que nunca se rendia a ninguém, caiu rendido em meus pés, e ainda assim me segurava como se eu fosse seu mundo.
Adormecemos assim, colados, embalados pela certeza de que nossa chama não era apenas desejo. Era amor, devoção e posse.
E quando o amanhecer chegou, abrimos os olhos renovados. Dois corpos queimados pelo prazer, duas almas entrelaçadas pela confiança.

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Comentários


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fernando1souza2 Comentou em 07/09/2025

Vc se supera cada vez mais!

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farmaceutico- Comentou em 06/09/2025

Caramba isso não é um conto erótico, e uma reflexão da vida! Muito bom !




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Ficha do conto

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Nome do conto:
O Sítio da Família (O Almoço dos Quatro)

Codigo do conto:
241805

Categoria:
Confissão

Data da Publicação:
06/09/2025

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