O Churrasco da Noite (O Ciúme em Brasa) Hotel-Fazenda Parte3



O pátio do hotel-fazenda estava iluminado pelas luzes amareladas penduradas entre as árvores. O cheiro de carne assando na brasa se misturava ao da madeira queimando, enquanto a turma se espalhava em volta das mesas de madeira rústica, taças e copos cheios de cerveja e caipirinha.
O ambiente era alegre, mas eu já estava em alerta. Carolina não escondia mais o interesse por Ricardo. Na piscina, havia passado do limite. E agora, com o álcool soltando ainda mais sua língua, eu sabia que ela voltaria a atacar.
Não demorou. Ela se aproximou da churrasqueira onde Ricardo ajudava Roberto a virar a carne. Ficou atrás dele, quase colada, e comentou alto o suficiente para todos ouvirem. Disse que homem bonito de verdade não era só de rosto, era de braço forte, peito largo e… deu uma pausa, olhando descaradamente para baixo, rindo em seguida.
A mesa explodiu em gargalhadas. Solange fingiu se abanar, Beth gritou que ia acabar se queimando na brasa de tanto fogo, e Rafaela brindou ao “Deus grego” da noite. Eu segurei firme o copo nas mãos, sentindo o calor subir pelo rosto. O ciúme me consumia, cada músculo do meu corpo tensionado.
Ricardo, com aquela calma que só ele tinha, sorriu e agradeceu, dizendo que só estava ali para garantir que ninguém passasse fome. Mas Carolina não parou. Pegou um pedaço de carne, mordeu devagar e soltou que não era só carne que ela tinha vontade de provar naquela noite.
A gargalhada foi ensurdecedora. Eu quase levantei, o coração martelando, pronta para explodir. Mas Karol percebeu a tempo. Se aproximou e me abraçou de lado, sorrindo como se nada fosse. Sussurrou no meu ouvido: calma, Vi. Não entrega o jogo. Ela só quer te tirar do sério.
Inspirei fundo, forçando um sorriso falso, mas o sangue ainda fervia. Karol, para mudar o foco, puxou Alberto para o centro da roda e brincou dizendo que ele sim era quem devia estar no pedestal, porque ao menos ela tinha certeza do que recebia em casa. As risadas mudaram de alvo, a mesa se divertia com a provocação leve, e por alguns minutos o peso saiu de mim.
Ainda assim, quando meus olhos cruzaram com os de Ricardo, eu soube. Ele tinha visto meu ciúme. O olhar dele era firme, quente, quase um pedido mudo para que eu segurasse até estarmos a sós.
Mas dentro de mim, cada risada de Carolina era uma faca. O churrasco seguia alegre, mas eu já estava tomada pelo fogo da raiva e do desejo. E sabia que mais tarde, quando a noite se calasse, eu descontaria cada gota desse ciúme nos braços dele.
As brasas estalavam na churrasqueira, soltando faíscas contra a noite. As mesas estavam cheias de copos, garrafas de vinho e pedaços de carne. O riso corria solto, mas eu já não relaxava. Desde o primeiro comentário, Carolina tinha decidido fazer de Ricardo o alvo da noite, e eu sentia cada palavra dela como um espinho na pele.
Ela se aproximou de novo dele, desta vez oferecendo uma taça de vinho. Tocou de propósito em sua mão ao entregar, deixando o contato se alongar mais do que devia. Olhei fixamente, sem conseguir disfarçar, e vi o sorriso malicioso se abrir no rosto dela.
Beth, percebendo a cena, riu alto e disse que Carolina ia acabar arrastando o motorista para o quarto dela. O grupo gargalhou, e Carolina, em vez de negar, piscou e respondeu que segurança extra nunca era demais.
Meu corpo inteiro ferveu. A vontade de levantar e arrancar aquele sorriso da cara dela me atravessou como um raio. Segurei o copo com força, quase o estilhacei na mão. Foi Karol quem percebeu primeiro. Se aproximou e me abraçou de lado, como se fosse só um gesto carinhoso de irmã, mas no ouvido ela sussurrou firme. Segura, Vi. Não entrega. Deixa ela falar sozinha.
Respirei fundo, mas Carolina não parava. Ficou de pé atrás de Ricardo e passou a mão pelo ombro dele, comentando que um homem daqueles deveria ser proibido em grupo, porque causava mais confusão do que paz. Todos riram de novo.
Dessa vez foi Alberto quem interveio. Com um sorriso largo, disse que se fosse para medir confusão, ele também merecia estar na lista, porque não passava despercebido. A mesa explodiu em novas gargalhadas, desviando a atenção, e Ricardo aproveitou para se afastar discretamente da churrasqueira, servindo carne em pratos para dispersar a tensão.
Mesmo assim, Carolina voltou a mirar em mim. Disse em tom malicioso que talvez eu fosse muito corajosa por confiar tanto em meu segurança, já que um homem daqueles fazia qualquer mulher perder o rumo. A mesa caiu em gargalhadas, e por dentro eu explodi.
Engoli seco, forçando um sorriso, e respondi com a calma que mal tinha. Disse que confiança era exatamente isso: estar segura de que ele sabia onde devia e não devia estar. O grupo riu, alguns bateram palmas, e até Carolina teve que engolir a provocação, embora o sorriso debochado não saísse de seu rosto.
Por dentro, eu queimava. O churrasco seguia alegre, mas eu sabia que aquela noite só terminaria quando descontasse cada gota desse ciúme nos braços de Ricardo.
As brasas já estavam baixas, o vinho quase no fim, e a turma cada vez mais solta. As risadas ecoavam pelo pátio iluminado pelas luzes amarelas, mas eu sabia que a tensão estava no limite. Carolina, com a taça sempre cheia, não escondia mais nada.
Ela se aproximou de Ricardo outra vez, se inclinou tanto que o decote quase tocou o prato dele, e perguntou alto se um homem daquele tamanho sabia mesmo satisfazer uma mulher ou se era só aparência. O grupo riu, mas o riso já não era leve. Havia algo desconfortável no ar.
Ricardo, firme, respondeu com um sorriso calmo que não era o tipo de homem que falava de quarto em público. Isso só acendeu mais ainda o fogo dela. Carolina deu uma gargalhada e soltou, sem pudor, que se ele quisesse provar era só bater na porta do quarto dela mais tarde.
O silêncio caiu como um peso. Alguns riram nervosos, outros desviaram os olhos. Eu quase pulei da cadeira, mas Karol segurou meu braço com força. Vi, calma. Ela está se afundando sozinha.
Foi então que Rafaela quebrou o silêncio, rindo alto. Disse que Carolina já tinha bebido demais e que era melhor alguém colocá-la na cama antes que a situação saísse ainda mais do controle. Solange concordou, abanando-se como se estivesse sem ar.
Beth levantou-se decidida, segurou Carolina pelo braço e riu dizendo que ela já tinha feito estrago suficiente naquela noite. Carolina protestou, dizendo que estava ótima, mas tropeçou nas próprias pernas, arrancando gargalhadas da mesa. Beth a puxou de vez, dizendo que ia cuidar dela como boa amiga.
Todos aplaudiram a cena, alguns fingindo escândalo, outros rindo de alívio. Ricardo permaneceu sentado, impassível, mas eu vi quando seus olhos buscaram os meus. Um olhar firme, quente, dizendo sem palavras que nada daquilo importava, porque só eu o possuía.
O churrasco seguiu mais leve depois disso, mas por dentro eu queimava. A provocação de Carolina ainda ecoava em mim, e eu sabia que aquela noite não terminaria sem que eu descontasse tudo nos braços dele.
Beth voltou depois de alguns minutos, ajeitando o cabelo e rindo sozinha. Disse em voz alta que tinha sido uma luta, que Carolina tinha vomitado metade do vinho da noite e deixado o quarto um caos. Acrescentou que a colocou debaixo do chuveiro, arrumou a cama e agora ela estava dormindo como um bebê.
A mesa explodiu em risadas aliviadas. Solange comentou que já estava na hora, porque ninguém aguentava mais tanta ousadia. Rafaela disse que não lembrava de ter visto Carolina tão solta daquele jeito. Karol completou com ironia que o problema do vinho é que ele tira a censura, e o que já era atrevimento se transforma em loucura.
Dessa vez, até os homens entraram na conversa. Douglas balançou a cabeça e disse que havia ficado constrangido em alguns momentos. Roberto comentou que tinha sido divertido no início, mas que ela tinha passado da linha. Alberto, com um sorriso discreto, acrescentou que às vezes a bebida só revela o que já estava guardado por dentro.
Todos riram, mas de um jeito mais leve. As provocações cessaram, a conversa foi se espalhando para outros assuntos, lembranças de viagens, piadas antigas, planos para o dia seguinte no hotel. A tensão que queimava o ar desde o início do churrasco parecia ter se dissipado.
Ainda assim, eu não conseguia relaxar. O corpo ardia de lembranças, e o ciúme queimava em silêncio. Ricardo, sentado alguns lugares à frente, falava pouco, mas cada vez que nossos olhares se cruzavam, um pacto mudo se formava.
A festa seguiu mais um tempo, mas para mim já não importava. Eu só pensava no momento em que ficássemos sozinhos. No galpão afastado, onde ninguém ouviria. Onde eu castigaria Ricardo com a fúria do meu ciúme transformada em prazer selvagem, e ele, como sempre, permitiria.
As chamas da churrasqueira já eram brasas, o vinho quase no fim, e a turma começava a se dispersar em conversas menores. O clima tinha ficado mais leve desde que Beth carregou Carolina, mas o assunto ainda rondava a mesa como fumaça que não some.
Foi Solange quem começou. Disse que ainda não entendia como Ricardo tinha conseguido resistir a tudo que Carolina havia feito naquela noite. Abanou-se rindo, afirmando que qualquer outro homem teria perdido a compostura.
Beth, já de volta e mais solta, reforçou a provocação. Comentou que Carolina era linda, sensual, mulher de parar o trânsito, e que não era qualquer um que aguentava tanta ousadia sem cair. Os olhares se voltaram para Ricardo, que permanecia sentado, tranquilo, o semblante calmo.
Rafaela riu alto e perguntou diretamente se ele tinha algum truque secreto para se manter frio diante de uma mulher tão desejada. Ricardo ergueu a taça, olhou ao redor e respondeu sereno que não precisava de truques, apenas sabia exatamente onde devia estar e o que devia respeitar.
As mulheres bateram palmas, algumas fingindo espanto, outras provocando ainda mais. Foi então que Roberto, com o sorriso malicioso, entrou na conversa. Disse que até ele, às vezes, não conseguia deixar de secar Carolina, que qualquer homem notava a beleza dela. Douglas concordou, rindo, dizendo que não havia macho que passasse ileso perto dela.
As provocações se intensificaram. Solange pediu que Ricardo contasse a todos qual era o segredo, porque estava curiosa. Beth, debochada, perguntou se o coração dele era de pedra. Karol, rindo, disse que era disciplina de segurança, mas que, mesmo assim, disciplina nenhuma era à prova de fogo.
Foi então que, para não dar na vista, eu entrei no jogo. Olhei para ele com um sorriso leve e perguntei se realmente nenhuma parte dele tinha reagido com as investidas de Carolina, nem por um segundo. A mesa se inclinou em silêncio curioso, esperando a resposta.
Ricardo sorriu devagar, os olhos se fixaram nos meus por uma fração de segundo antes de varrerem a mesa. Respondeu que qualquer homem reconheceria a beleza de Carolina, mas que desejo não se mede apenas pela aparência. E completou que nunca tinha interesse em algo que não fosse verdadeiro.
O silêncio breve foi quebrado por palmas, risadas e comentários de que ele era um cavaleiro raro. Karol riu alto e disse que aquilo era resposta de homem que sabe se controlar, mas que, mesmo assim, ela não apostaria que fosse tão inabalável sempre.
As provocações tinham perdido a força inicial e se transformado em perguntas mais íntimas. O vinho já soltava as línguas, mas todos queriam saber mais sobre Ricardo.
Foi Solange quem lançou a questão. Perguntou, com ar curioso, se um homem como ele já tinha se apaixonado de verdade ou se vivia apenas para o trabalho.
Ricardo respirou fundo, bebeu um gole lento de vinho e apoiou o copo na mesa. Os olhos varreram o grupo, mas por um instante pousaram nos meus. Não havia sorriso, apenas aquela firmeza que sempre me desmontava.
Disse que um homem aprende cedo a guardar o coração, porque entregar-se errado pode custar caro. Mas completou, num tom mais grave, que a vida sempre surpreende. Um dia, sem aviso, aparece uma mulher que não pede nada e, mesmo assim, transforma tudo.
O grupo ouviu em silêncio, alguns sorrindo, outros curiosos. Ricardo prosseguiu. Disse que essa mulher era fogo e calma ao mesmo tempo, que ela o obrigava a ser melhor sem nunca exigir, que o fazia sentir-se homem de verdade apenas pelo jeito como o olhava.
Solange suspirou alto. Beth se abanou, comentando que aquilo soava como coisa de filme. Rafaela riu, dizendo que essa tal mulher devia ser uma deusa.
Mas Ricardo não parou. Disse que essa mulher não era inalcançável, não estava em pedestal algum. Pelo contrário, era real, de carne, de riso, de defeitos, de temperamento. Era exatamente por isso que se tornava única. Porque só ela conseguia fazê-lo perder a razão e, ao mesmo tempo, devolver sentido a tudo.
A mesa foi ao delírio. Todos riram, bateram palmas, dizendo que ele escondia um romance secreto. Beth provocou, pedindo o nome. Ricardo apenas sorriu de canto e respondeu que histórias como essa não precisavam de nomes, porque estavam escritas nos olhos de quem sabia ler.
Foi nesse instante que nossos olhares se encontraram de novo. O coração me bateu descompassado, a respiração falhou. Eu sabia. Era para mim. Karol também sabia, e apertou a mão de Alberto sob a mesa. Alberto permaneceu sério, mas seus olhos deixaram claro que ele também tinha entendido.
Karol então ergueu a voz, com um sorriso cúmplice. Disse que essa mulher devia ser a mais sortuda do mundo por ter encontrado um homem capaz de sentir dessa forma. Eu aproveitei e completei, disfarçando a emoção na voz, que uma sorte dessas era quase um milagre.
Os outros suspiraram, riram, brindaram. Para eles, era apenas mais uma conversa de fim de noite. Para nós quatro, era a confissão que mudava tudo.
As provocações não paravam. A mesa, já embalada pelo vinho e pela carne macia que se soltava da brasa, girava inteira em torno de Ricardo.
Rafaela perguntou direto se essa mulher era alguém do círculo dele ou alguém distante. Solange quis saber se ela sabia que era amada dessa forma. Beth, debochada, sugeriu que ele pelo menos desse uma pista, um sinal, um traço físico.
Ricardo, firme, respondia com calma. Dizia que não dava pistas porque não havia o que provar. Que amor verdadeiro não precisava de testemunhas, só de entrega. Que não se tratava de exibir, mas de viver.
As mulheres suspiravam, os homens balançavam a cabeça, rindo e provocando. Roberto soltou que com uma declaração dessas até ele queria saber quem era a felizarda, porque estava curioso. Douglas completou que ou essa mulher era uma santa ou uma feiticeira, porque tinha domado o guardião.
Foi então que entrei no jogo, com meu tom provocativo para não levantar suspeitas. Apoiei o queixo na mão, fingi ar de deboche e disse que talvez eu precisasse refazer a ficha profissional dele. Que devia ter colocado no cadastro do emprego o nome da namorada, para evitar tanta curiosidade.
A mesa explodiu em gargalhadas, todos batendo na madeira, gritando que eu tinha razão.
Mas Ricardo não riu. Olhou ao redor, respirou fundo e largou uma resposta que caiu como pedra na água, abrindo ondas silenciosas. Disse que, se o emprego dependesse de revelar o nome da mulher que amava, ele preferiria perder o emprego. Porque trair a confiança dela seria muito pior do que perder qualquer trabalho.
A mesa silenciou por um segundo. Depois vieram os suspiros, os olhares de encantamento. Beth apertou a mão no peito e disse que aquilo sim era homem. Solange fingiu que ia chorar. Rafaela comentou que, se já não estava apaixonada, agora estava.
Eu, por dentro, senti o coração disparar. Karol me lançou um olhar cheio de cumplicidade. Alberto permaneceu sério, mas no fundo também entendia.
No fim, alguém comentou rindo que não adiantava mais perguntar nada, porque dele não arrancariam resposta nenhuma. E foi Beth quem resumiu com ironia: podia até ser o Guardião de Aço, mas o coração era mole.
A mesa inteira caiu em gargalhadas. Ricardo sorriu em silêncio, mas quando nossos olhos se encontraram, eu vi a verdade por trás das palavras. O guardião podia ser de aço para o mundo inteiro, mas para mim era puro fogo e devoção.
A mesa já tinha voltado a rir depois da provocação de Beth sobre o Guardião de Aço com coração mole. O clima estava leve, mas ainda centrado em Ricardo. Foi quando Alberto ergueu a taça, pedindo atenção, o olhar sério contrastando com as gargalhadas.
Ele começou dizendo que a festa daquela noite tinha mostrado mais do que simples provocações. Disse que para muitos podia ter sido apenas brincadeira, mas que, para ele, era lição. Porque enquanto todos riam, Ricardo tinha mostrado de novo porque era seu mestre.
O silêncio caiu curioso. Até Beth, que não parava de rir, se calou por um instante.
Alberto explicou. Disse que aprendeu com Ricardo que o verdadeiro guerreiro não se mede pela força, mas pelo domínio de si mesmo. E que aquela noite tinha sido prova disso. Carolina foi linda, ousada, provocativa. Qualquer homem teria perdido o controle. Mas Ricardo não perdeu. E não porque não sentisse, mas porque sabia escolher o que merecia respeito.
As mulheres suspiraram. Rafaela comentou que aquilo parecia poesia. Solange riu nervosa e disse que estava começando a achar que Alberto estava mais apaixonado pelo mestre do que todas elas juntas. A mesa caiu em gargalhadas, mas Alberto seguiu, sem se abalar.
Ele disse que Ricardo era o mestre que o guiava hoje, mas que antes dele houve outro, um velho japonês que lhe ensinou que espada sem honra é apenas lâmina cega. Que força sem lealdade não vale nada. Que proteger é sempre mais difícil do que atacar.
Beth suspirou alto, dizendo que daria um filme. Roberto comentou que agora entendia por que Alberto o respeitava tanto. Douglas disse que era raro ver homem assim hoje em dia, e que talvez fosse por isso que todos ali estavam tão impressionados.
Eu fiquei calada, mas por dentro me tremia. Cada palavra de Alberto só confirmava o que eu já sabia: Ricardo não era apenas desejo, era força, devoção, disciplina. Era um guardião que escolhera me proteger, mesmo que o mundo inteiro risse sem entender.
Karol riu para aliviar o clima e disse que, no fundo, todos ali estavam certos: podiam chamá-lo de Guardião de Aço, podiam brincar com o coração mole, mas era exatamente isso que fazia dele único.
As taças se ergueram em brinde. A mesa voltou a rir, mas havia respeito no ar. O churrasco terminava em tom festivo, mas com algo mais profundo gravado em cada um.
E dentro de mim, a chama queimava ainda mais. Porque eu sabia que, quando a noite se calasse e o galpão nos envolvesse, não seria apenas desejo. Seria também essa devoção que agora todos começavam a enxergar.
Depois da fala de Alberto, que deixou todos reflexivos, o clima voltou a se soltar. Beth, como sempre, foi a primeira a quebrar a seriedade. Disse que com tantos mestres e ensinamentos, já estava se sentindo dentro de um dojo e que talvez todos devessem levantar para fazer flexões antes de dormir. A mesa inteira caiu na gargalhada.
Rafaela, rindo alto, comentou que não aguentava nem dois minutos de alongamento, mas que faria questão de ser aluna se as aulas fossem dadas por Ricardo. Solange entrou na brincadeira e disse que se fosse Alberto quem desse as aulas, ela já estaria pronta para treinar naquela mesma hora.
Roberto, com a taça na mão, soltou que estava ficando com ciúmes, porque ninguém ali fazia piadas desse tipo com ele. Douglas respondeu rápido, dizendo que era só porque Roberto não tinha músculos suficientes para inspirar fantasia. A mesa explodiu em gargalhadas de novo.
Karol, maliciosa, levantou a taça e disse que a lição daquela noite era simples: nunca subestimem o vinho, porque ele transforma churrasco em assembleia e guarda-costas em príncipes encantados. Todos aplaudiram, e até os garçons riram do comentário.
Eu aproveitei e entrei na farra, dizendo que se fosse para atualizar fichas de emprego, iria começar a colocar “candidato a galã de novela” na de cada um, só para dar conta das provocações. As gargalhadas foram tantas que Beth quase deixou cair o copo.
O clima se manteve leve até os últimos goles. A carne já tinha acabado, as garrafas estavam vazias, e aos poucos todos começaram a se levantar, cambaleando ou rindo alto pelo corredor dos chalés. O pátio foi se esvaziando, restando apenas as luzes amareladas sobre a brasa que ainda fumegava.
A noite se calava. O hotel adormecia. Mas dentro de mim, o fogo estava mais vivo do que nunca. Eu sabia que ainda não tinha acabado. O galpão me esperava, e nele eu faria Ricardo sentir, com cada fibra do corpo, a intensidade do meu ciúme transformado em prazer selvagem.
Depois que todos se recolheram, voltei para o quarto tentando encontrar repouso. A cama estava impecável, mas dentro de mim só havia inquietação. Fechei os olhos, e cada lembrança da noite me invadia como punhal: Carolina jogada no colo de Ricardo, os olhares debochados, as gargalhadas abafando meu ciúme. Eu ardia, dividida entre raiva e desejo.
Foi então que notei um detalhe. Na mesa de canto do quarto, havia um pequeno bilhete dobrado. Minha respiração falhou ao abri-lo. Apenas algumas palavras escritas na caligrafia firme de Ricardo:
“Se precisar de mim, me encontre no galpão. Estarei lá.”
O coração disparou. Aquelas palavras eram tudo o que eu precisava. Ele sabia que eu não dormiria em paz, sabia que o fogo dentro de mim só se apagaria ao lado dele.
Levantei devagar, tentando não fazer ruído. Coloquei um casaco leve sobre os ombros e abri a porta do chalé em silêncio. O corredor estava escuro, iluminado apenas pela lua que desenhava sombras no chão de pedra.
Atravessei o jardim com passos contidos, ouvindo apenas o som das cigarras e o farfalhar das folhas ao vento. Cada passo aumentava a ansiedade, como se o próprio mundo segurasse a respiração comigo.
O galpão surgia ao fundo, isolado, mergulhado na penumbra. A porta de madeira estava apenas encostada, como se me aguardasse. Ao empurrá-la, encontrei Ricardo de pé, braços cruzados, o corpo recortado pela luz prateada da lua.
Ele não disse nada. Apenas abriu o olhar em brasa, um convite silencioso que eu entendi sem esforço algum. O que viria a seguir não seria apenas encontro. Seria castigo, entrega e redenção.
Caminhei sozinha pelo gramado úmido, o coração disparado, até sentir o cheiro de palha e ouvir o ranger distante da madeira. Ele já estava lá, de pé, encostado na sombra do estábulo, os olhos faiscando na penumbra.
Não precisei falar nada. A decisão estava tomada: eu o castigaria por tudo que tinha acontecido. Ele entendeu no meu olhar. Sorriu com devoção, aproximou-se e murmurou com voz grave que fosse o que eu quisesse, que eu me servisse dele, que eu o usasse e abusasse. Disse que me entregava a chave de seu coração, chamando-me de sua grandiosa Vi.
O corpo inteiro tremeu, mas não cedi. Agarrei-o pela camisa e o prendi contra a madeira áspera, beijando com violência, mordendo seus lábios até sentir o gosto de sangue. Ele riu baixo, aceitando o castigo. Minhas mãos rasgaram o tecido, os botões saltando pelo chão.
Empurrei-o para dentro, até a pilha de feno. O cheiro forte de palha misturava-se ao nosso suor antes mesmo de começarmos. Arranquei a calça dele, libertei o membro duro e pulsante, e sem demora o levei à boca. Chupei fundo, voraz, lágrimas escorrendo dos olhos, engasgando de prazer e raiva. Ricardo apenas apoiava a mão em meus cabelos, deixando-me devorar cada centímetro. Quando senti o corpo dele estremecer, soltei de repente e o empurrei contra o feno.
Montei sobre ele sem piedade. A penetração foi brutal, profunda, arrancando de mim um grito abafado. Rebolei com força, cavalgando rápido, arranhando seu peito. Ele me olhava com devoção, mas não reagia, apenas se deixava castigar. Gozei a primeira vez ali mesmo, sem controle, tremendo em cima dele.
Não satisfeita, virei-me de costas, expondo meu corpo. Continuei a cavalgar ao contrário, mostrando cada movimento. Ele segurou meus seios, mordendo meu ombro, até que outra onda me atravessou.
Foi então que ele me ergueu de súbito, ainda dentro de mim, e me prensou contra a parede de madeira. Cada estocada fazia a estrutura ranger. Eu mordia seus lábios, gemia alto, deixava a raiva virar puro prazer.
Quando já não havia fôlego, ele me virou de bruços sobre o feno e me tomou por trás. Os golpes eram fortes, firmes, me fazendo chorar de prazer. O feno grudava na pele, meus seios roçavam na palha, e eu gozava de novo, convulsionando, mas ele não parava. Alternava entre minha vagina e meu ânus, entrando fundo, me abrindo inteira, até que eu me sentisse larga, tomada, moldada por ele.
O gozo dele veio em ondas, primeiro explodindo dentro de mim, quente, escorrendo pelas minhas pernas, depois jorrando sobre meus seios, espalhado com as mãos dele, marcando-me como posse. Eu ainda tremia, mas mesmo exausto, ele me puxou de volta para cima e me beijou como se não houvesse amanhã.
Desabamos lado a lado, cobertos de suor, feno colado à pele, respiração em soluços. O silêncio do estábulo só era quebrado pelo som dos nossos corpos tentando se recompor.
O silêncio parecia pesado demais para ser descanso. O feno ainda colava no suor da minha pele, e o cheiro de sexo impregnava o ar. Eu me mexi de leve, esfregando o quadril contra ele, como quem provoca sem pressa. Ricardo riu baixo, os olhos semicerrados, e murmurou rouco que eu não sabia brincar. Respondi com um beijo rápido em seu peito, descendo a boca até sentir o pênis latejando de novo entre minhas mãos.
Passei a língua lenta pela glande, sugando com calma, só para arrancar dele um gemido grave. Em segundos já o engolia fundo, até sentir as lágrimas escorrerem dos olhos. Ele arqueava o corpo, segurando meus cabelos, mas não me detinha. Queria que eu o tomasse inteiro, e eu o fiz até sentir seu corpo estremecer. Quando soltei, ele já estava duro e pulsante, pronto para mim.
Sem me dar tempo, Ricardo me puxou pelos braços, deitou-me de costas e penetrou fundo de uma vez. O grito escapou alto, abafado pelo feno, mas logo se transformou em gemidos contínuos. Ele me fodia com brutalidade, o corpo inteiro pesando sobre o meu, enquanto me beijava com desespero, como se pedisse perdão pela violência deliciosa que me despedaçava em prazer.
De repente, me ergueu sem sair de dentro. Segurou minhas coxas abertas e me prensou contra a parede do galpão. Cada estocada fazia a madeira ranger, e cada choque arrancava de mim um gemido rouco. Eu mordia seu ombro, cravava as unhas em suas costas, e ele apenas sorria, sussurrando que era meu, só meu, para sempre.
Me soltou sobre o feno, me virou de quatro e me tomou por trás, socando fundo, com força implacável. Meu corpo inteiro tremia, os seios balançavam contra a palha, e eu gozei ali mesmo, convulsionando, mas ele não parou. Continuava a me castigar até eu perder a voz.
Então veio o ápice. Segurou minha cintura firme, afastou-me devagar e deslizou para meu outro lado. A invasão foi lenta, mas avassaladora. Gritei de choque e prazer, sentindo cada fibra do corpo se abrir para ele. Ricardo beijava minhas costas, murmurando baixinho que eu era sua rainha, sua dona, que me entregava tudo. Quando começou a se mover, o mundo sumiu.
Cada estocada era profunda, elétrica, brutal. Eu chorava, gemia, ria e implorava ao mesmo tempo. O prazer explodia em ondas violentas, arrancando de mim espasmos descontrolados. Gozei de novo, alto, quase em transe. E ele continuava, até explodir comigo, enterrando-se fundo, derramando seu calor até me deixar vazando, ardida, moldada à sua posse.
Caímos juntos sobre o feno, exaustos, suados, respirações quebradas. Ele me puxou contra o peito, a boca colada ao meu pescoço, e murmurou com voz embargada que eu era seu incêndio, seu castigo e sua salvação. Beijava minhas lágrimas, acariciava meus cabelos, e eu sabia: naquela segunda vez não havia só selvageria. Era amor brutal, ardente, queimando até a alma.
O caminho de volta foi lento, iluminado apenas pela lua. O silêncio do hotel-fazenda só tornava mais altos os sinais do nosso segredo. Ricardo caminhava alguns passos atrás, mas não resistia a se aproximar demais. Sua mão roçava a minha cintura, os dedos apertavam de leve, como se quisessem deixar outra marca, mesmo correndo o risco de sermos vistos. Eu prendia a respiração, tentando controlar o corpo que ainda latejava.
Cheguei ao quarto e fechei a porta devagar. Encostei as costas contra a madeira, o coração disparado. Quando me virei para o espelho, a imagem me tirou o fôlego. A pele estava coberta de marcas: arranhões vermelhos nos ombros, mordidas espalhadas pelo pescoço e pelas coxas, manchas que denunciavam cada lugar onde Ricardo havia se perdido em mim. Passei a ponta dos dedos pelo pescoço, lembrando da violência doce de seus beijos, e sorri sozinha, sabendo que ninguém jamais acreditaria se eu dissesse que aquilo era apenas cansaço.
Na manhã seguinte, o café foi servido no salão principal. Eu tentei caminhar normalmente, mas cada passo era uma lembrança dele ainda dentro de mim. Bastou me sentar para começar a rodada de piadas. Carolina riu alto e disse que eu estava andando como quem tinha cavalgado a noite inteira. Douglas completou que talvez fosse culpa da cama de madeira. Beth, maliciosa, acrescentou que eu parecia ter levado uma surra de amor.
Todos caíram na gargalhada, e eu, sem saída, entrei na farra. Disse que a cama era mais dura que pedra e que, de fato, tinha brigado com ela a noite inteira. As risadas aumentaram, e o assunto se espalhou para outras histórias de viagens, mas a cada olhar de Ricardo eu sabia: se eles soubessem a verdade, não haveria risada que coubesse.
No fim do café, Karol me puxou discretamente pelo braço, afastando-me do grupo. Seus olhos brilhavam de malícia, mas sua voz veio suave. Não adianta disfarçar, Vi. O brilho nos seus olhos entrega mais do que o seu corpo. Eu a encarei em silêncio, o coração batendo forte, e ela apenas sorriu, cúmplice, como quem guarda um segredo comigo.


Continua....

Foto 1 do Conto erotico: O Churrasco da Noite (O Ciúme em Brasa) Hotel-Fazenda Parte3


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Comentários


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farmaceutico- Comentou em 12/09/2025

que história gostosa !




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Ficha do conto

Foto Perfil vivianebeatriz
vivianebeatriz

Nome do conto:
O Churrasco da Noite (O Ciúme em Brasa) Hotel-Fazenda Parte3

Codigo do conto:
242263

Categoria:
Traição/Corno

Data da Publicação:
12/09/2025

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5

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