O Teste de Alberto - Hotel Fazenda Final



Acordei com preguiça. O lado da cama estava vazio, mas o lençol sobre meu corpo tinha sido ajeitado com cuidado. Ricardo tinha ido embora em silêncio, me deixando descansar. Eu sabia que meus dias tinham chegado, e com eles a moleza no corpo e a falta de ânimo. Resolvi ficar um pouco mais deitada, revivendo na mente o que tinha acontecido no dia anterior. Se não fosse por Ricardo, Alberto e Karol, todos teriam descoberto. Suspirei sozinha, orgulhosa, lembrando que aquele homem, em sua essência inteira, era meu. Acabei pegando no sono outra vez.
Despertei assustada com batidas rápidas na porta. A voz de Karol veio aflita. Vi, abre logo. Ainda sonolenta, amarrei o roupão e abri a porta. Um furacão passou por mim, Karol falando apressada. Ricardo e Alberto estão brigando no gramado.
Meu coração disparou. Corri pelos corredores do hotel-fazenda, o roupão balançando, descabelada, acreditando que algo sério estava acontecendo. Mas, ao chegar, percebi a verdade. Não era uma briga, era treino.
No centro do gramado, Ricardo e Alberto estavam em keikogi, trocando golpes precisos e rápidos. O que meus olhos viam não era violência, era arte. Cada ataque tinha resposta, cada movimento parecia uma dança. O grupo já acordado se reunira em volta, assistindo em silêncio reverente.
Foi impossível não corar quando percebi todos rindo da minha entrada desajeitada. O roupão, o cabelo em desalinho… e Karol tinha feito de propósito. Mas o foco logo voltou para eles.
O treino terminou com reverência mútua, aluno e mestre. Ricardo e Alberto se aproximaram sérios. Ricardo explicou. Estamos desde as seis da manhã no aquecimento. Agora sim começará o teste. Alberto deseja o terceiro dan, e hoje será avaliado.
A roda se encheu de expectativa. Alberto tomou a palavra. Ricardo fará a luta vendado. É uma tradição dos grandes mestres. Os golpes que ele aplica podem ser mortais se usados com força total, mas confiem, ele domina o Kyusho Jitsu, o Dim Mak, a arte do toque da morte.
O silêncio ficou pesado. Todos olhavam entre curiosidade e temor.
Ricardo chamou Karol e a mim. Pediu que confiássemos. Karol colocou as duas moedas de pano sobre os olhos dele, e eu mesma, com as mãos firmes, amarrei a faixa preta dando três voltas, até que nada mais pudesse ser visto. Ele se ajoelhou em seiza, imóvel, em meditação.
O tempo correu devagar. Dois minutos inteiros de silêncio, apenas o som dos pássaros. Alberto explicou. Ele está se desligando do que é visível. Entrando em sintonia com o ambiente, ouvindo o vento, sentindo o espaço. Não é apenas luta, é harmonia.
Perguntaram se Alberto estava com medo. Ele respondeu sincero. Nervoso sim, pelo cerimonial. Medo não, porque confio no meu mestre.
O combate começou. Alberto atacava com velocidade, golpes retos e certeiros. Um soco cruzado acertou o ombro de Ricardo. Ele recuou meio passo, levou a mão ao local e girou o braço em alongamento, absorvendo o impacto.
Dois novos ataques vieram, secos, duros. Ricardo defendeu, mas não revidou com violência. Apenas marcou o corpo do discípulo, como se dissesse: aqui há uma abertura.
O clima esquentava. Alberto se lançou ainda mais agressivo. Ricardo recuou, os pés deslizando pela grama. Num instante, Alberto encontrou uma brecha e atingiu o peito dele com força. Ricardo caiu de joelhos. O grupo inteiro prendeu o ar.
Alberto avançou para finalizar. Foi nesse instante que Ricardo moveu-se como um raio. Seus dedos tocaram três pontos. O primeiro, no tornozelo. O segundo, na panturrilha. O terceiro, pouco acima do joelho.
O efeito foi imediato. Alberto gritou, cambaleou para trás, segurando a perna. Mancou por alguns segundos, alongando desesperadamente para recuperar o fluxo. A plateia se agitava.
Ricardo, ainda de joelhos, ergueu-se com calma. A voz grave ecoou no campo. Seja mais determinado. Não seja afoito. Mostre o que aprendeu. Venha.
Alberto circulou ao redor dele, respirando fundo, a perna ainda dolorida. A tensão aumentava. Quando partiu novamente, foi com um golpe arriscado, que poderia ser mortal se atingisse. Ricardo não hesitou. Três contra-ataques em sequência. O último, um toque preciso atrás da orelha.
Alberto caiu desmaiado.
Um grito coletivo ecoou. As pessoas correriam, mas a voz de Ricardo cortou o ar como aço. Fiquem onde estão.
Todos congelaram. Nunca havíamos ouvido aquela firmeza.
Ele retirou a venda, ajoelhou-se ao lado do discípulo. Abriu o keikogi e retirou de dentro um pequeno frasco escuro. O cheiro forte do líquido trouxe Alberto de volta em segundos. Ainda trêmulo, se levantou com ajuda.
No centro do gramado, cambaleando, reverenciou Ricardo com a cabeça baixa. O mestre o ergueu e o conduziu até uma cadeira.
O silêncio deu lugar a murmúrios. Alguns comentavam a beleza da técnica. Outros, o perigo mortal. Mas ninguém conseguia esconder o espanto.
Eu observava com o coração disparado. Não era apenas uma luta. Era a prova de que Ricardo carregava dentro de si algo que ia além da disciplina. Ele era guardião, mestre e mistério.
Voltei para perto do grupo, ainda ouvindo as risadas de Karol sobre a minha corrida de roupão. Suspirei, ajeitei o vestido e respirei fundo. A vergonha ainda queimava, mas logo todos já estavam em outro clima.
E então alguém notou o detalhe mais óbvio. Gente, com tanta luta e tanta correria, ninguém tomou café ainda.
O grupo inteiro se moveu como se despertasse de um transe. Logo estávamos reunidos no salão, mesas cheias, cheiro de pão fresco, frutas e café quente preenchendo o ar. As conversas continuavam animadas, entre lembranças do que tinham acabado de ver e provocações sobre a minha entrada de roupão.
Peguei minha xícara e, pela primeira vez naquela manhã, respirei fundo. O corpo se acalmava, mas a mente não esquecia. Ricardo, sempre no centro das atenções, estava ao meu lado sem estar. Guardião, mestre e mistério.
Naquele café da manhã, ninguém falava em suspeitas. Só em fascínio. O teste havia apagado qualquer outra lembrança.
O salão do hotel-fazenda cheirava a café fresco, pão quente e frutas cortadas. Depois da tensão no gramado, todos estavam famintos e excitados com a lembrança da luta. A mesa de madeira parecia pequena para tantas vozes, risos e perguntas.
Rafaela abriu o interrogatório, apoiando o queixo na mão. Ricardo, me diz, como alguém consegue lutar vendado e ainda acertar golpes tão certeiros. Isso não entra na minha cabeça.
Ele ergueu os olhos da xícara, bebeu devagar e respondeu calmo. Quando os olhos se fecham, os outros sentidos se abrem. O ar denuncia o movimento, os pés marcam o ritmo no chão, a respiração entrega a distância. O corpo enxerga além da visão.
Beth gargalhou, cortando um pedaço de bolo. E se eu chegasse por trás e desse dois tapas.
Ricardo sorriu de canto. Eu sentiria antes de encostar.
As risadas explodiram, leves e sonoras.
Douglas inclinou-se sobre a mesa. Mas fala sério, se o Alberto tivesse usado toda a força, você cairia.
Ricardo pousou a xícara devagar. Força sem foco não significa nada. Alberto mostrou técnica, velocidade, até me atingiu bem em alguns momentos. Mas perdeu a concentração. Estava mais preocupado com as vozes de fora do que comigo à sua frente. Foi por isso que caiu.
O silêncio foi imediato. Alberto, com humildade, abaixou a cabeça. É verdade. Quando o senhor falou seja mais objetivo e preciso, eu já sabia que estava falhando. Eu estava desajustado, afoito, ouvindo o que vinha de fora.
Ricardo assentiu. A luta não é só contra o adversário. É contra tudo o que tenta te tirar do presente. Se você se perde no ruído, o golpe certo nunca chega.
Karol apertou o braço de Alberto com ternura, orgulhosa da honestidade.
Solange quebrou o peso do clima, rindo alto. Tá vendo, Alberto, até na luta você perde o foco. Se fosse eu no seu lugar, aproveitava que o mestre caiu de joelhos e pulava logo em cima dele.
Todos caíram em gargalhadas, o ar leve retornando.
Karol não perdeu o embalo. Mas a pergunta é, ele passou ou não. Queremos saber agora.
Alberto levantou os olhos, com um sorriso tímido. Eu dei tudo de mim. Mas só o mestre pode dizer.
Todos voltaram-se para Ricardo, que deixou o silêncio se alongar. Por fim, pousou a mão firme no ombro do discípulo. Você mostrou disciplina, técnica e coração. Não venceu a luta, mas provou estar pronto. Está apto ao terceiro dan.
O salão explodiu em aplausos, assobios e gritos de entusiasmo. Carolina bateu palmas de pé, Rafaela assobiou, Beth disse que queria ser a primeira a ser salva por ele em uma demonstração. Karol o abraçou tão apertado que os olhos marejados denunciavam seu orgulho.
Roberto aproveitou para provocar. Mas, mestre, quando você caiu de joelhos, a gente achou que tinha perdido. O que foi aquilo.
Ricardo sorriu de leve. Teste. Eu precisava ver até onde Alberto iria, se ele manteria o controle ou se perderia na pressa.
Eu, que até então permanecia quieta, soltei em tom de brincadeira para despistar. Se eu fosse responsável pela ficha de emprego dele, já teria anotado: cuidado, além de motorista, segurança e mestre, ainda esconde uma namorada secreta.
As gargalhadas voltaram com força. Beth se abanava, Solange dizia que queria ver essa ficha, e Carolina suspirou alto. Se existe uma mulher no coração dele, é a mais sortuda da face da Terra.
Ricardo, sereno, mas com aquele brilho nos olhos que só eu, Karol e Alberto entendíamos, falou grave. Se essa mulher existe, não há ficha que descreva. E se dependesse do meu emprego, eu preferiria perder o trabalho a trair a confiança dela.
O silêncio caiu de novo. As palavras pairaram como uma confissão velada. As mulheres suspiraram, e até os homens ficaram sem reação.
Rafaela, rindo, quebrou o clima. Pronto, agora ficou claro, o guardião de aço tem coração mole.
Roberto completou, gargalhando. Coração mole, mas braço duro. Melhor não testar esse equilíbrio.
Todos riram, brindando com café e suco, transformando a seriedade da manhã em festa. Para mim, porém, cada detalhe era uma chama a mais. Ricardo tinha protegido Alberto como mestre, mas também a mim, desviando, mais uma vez, qualquer suspeita.
O salão do hotel-fazenda seguia impregnado de café fresco, pão saindo do forno e frutas cortadas. Depois da luta no gramado, todo mundo ainda comentava a madrugada, faminto e excitado com a lembrança do que viu. A mesa de madeira parecia pequena para tantas vozes, perguntas e risos.
Rafaela recomeçou as perguntas, apoiando o queixo na mão. Ricardo, me diz, como alguém consegue lutar vendado e ainda acertar golpes tão certeiros. Isso não entra na minha cabeça.
Ele ergueu os olhos da xícara, bebeu devagar e respondeu sereno. Quando os olhos se fecham, os outros sentidos se abrem. O ar denuncia o movimento, os pés marcam o ritmo no chão, a respiração entrega a distância. O corpo enxerga além da visão.
Beth gargalhou, fatiando um pedaço de bolo. E se eu chegasse por trás e desse dois tapas.
Ricardo sorriu de canto. Eu sentiria antes de encostar.
As risadas pipocaram outra vez.
Douglas inclinou-se sobre a mesa. Mas fala sério, se o Alberto tivesse usado toda a força, você cairia.
Ricardo pousou a xícara com calma. Força sem foco não significa nada. Alberto mostrou técnica, velocidade, até me atingiu bem em alguns momentos. Mas perdeu a concentração. Estava mais preocupado com as vozes de fora do que comigo à sua frente. Foi por isso que caiu.
O silêncio se instalou. Alberto, humilde, abaixou a cabeça. É verdade. Quando o senhor falou seja mais objetivo e preciso, eu já sabia que estava falhando. Eu estava desajustado, afoito, ouvindo o que vinha de fora.
Ricardo assentiu. A luta não é só contra o adversário. É contra tudo que tenta te tirar do presente. Se você se perde no ruído, o golpe certo nunca chega.
Karol apertou o braço de Alberto com ternura, orgulhosa da sinceridade dele.
Solange riu alto, quebrando a tensão. Tá vendo, Alberto, até na luta você perde o foco. Se fosse eu no seu lugar, aproveitava que o mestre caiu de joelhos e pulava em cima dele.
A mesa voltou a gargalhar.
Karol ergueu a voz. Mas a pergunta é, ele passou ou não.
Alberto abriu um sorriso tímido. Eu dei tudo de mim. Mas só o mestre pode dizer.
Ricardo pousou a mão firme no ombro do discípulo. Você mostrou disciplina, técnica e coração. Não venceu a luta, mas provou estar pronto. Está apto ao terceiro dan.
O salão explodiu em aplausos. Carolina bateu palmas de pé, Rafaela assobiou, Beth disse que queria ser a primeira a ser salva por ele numa demonstração. Karol o abraçou com olhos marejados.
Roberto provocou. Mestre, quando você caiu de joelhos, a gente achou que tinha perdido. O que foi aquilo.
Ricardo sorriu de leve. Teste. Eu precisava ver até onde Alberto iria, se ele manteria o controle ou se se perderia na pressa.
Eu entrei na roda para despistar. Se eu fosse responsável pela ficha de emprego dele, já teria anotado: cuidado, além de motorista, segurança e mestre, ainda esconde uma namorada secreta.
As gargalhadas voltaram. Beth se abanava, Solange dizia que queria ver essa ficha, e Carolina suspirou. Se existe uma mulher no coração dele, é a mais sortuda da Terra.
Ricardo, sereno e com aquele brilho nos olhos que só eu, Karol e Alberto entendíamos, respondeu grave. Se essa mulher existe, não há ficha que descreva. E se dependesse do meu emprego, eu preferiria perder o trabalho a trair a confiança dela.
O silêncio caiu pesado. As palavras pairaram como confissão velada.
Foi então que algo inesperado aconteceu. Um senhor simples, de roupas gastas, apareceu vindo do setor de serviço do hotel. Ninguém tinha notado a presença dele até aquele instante. Ricardo, porém, ergueu-se imediatamente e o reverenciou como quem reconhece alguém de grande respeito.
O homem pousou a mão no ombro de Ricardo e falou em voz firme, para todos ouvirem. Se Yoshida estivesse aqui hoje, tenho certeza de que sentiria muito orgulho de você, Dojo Yoshida.
Prendemos a respiração quando ele baixou a cabeça em reverência. Em seguida, acrescentou. Eu assisti seu treino com seu aluno. Depois assisti sua luta. E ali, eu vi o espírito do mestre Yoshida.
Uma lágrima escorreu dos olhos de Ricardo, que o reverenciou novamente, comovido.
Ricardo, ainda tomado pela emoção, convidou. Sente-se conosco, será uma honra dividir essa mesa com o senhor.
O homem sorriu, firme, mas balançou a cabeça. Seria realmente uma honra, mas já passei muito do meu tempo aqui. Preciso seguir viagem para o outro hotel-fazenda e concluir minhas entregas.
Antes de partir, estendeu a mão a Ricardo e lhe entregou um pequeno cartão. Ricardo o recebeu com um cumprimento de honra. O senhor se despediu sorrindo de todos e deixou o salão.
O silêncio pairou por alguns segundos até alguém perguntar quem era aquele homem. Ricardo guardou o cartão no bolso, ainda sério. Um parente distante do meu mestre Yoshida.
Beth, curiosa, quis saber o que havia no papel. Ricardo respondeu simples. O telefone dele.
A conversa voltou às provocações, mas eu já não ouvia direito. Eu só conseguia olhar para o homem ao meu lado, admirando cada vez mais aquele que não era só meu guardião, mas também a herança viva de um legado.
A reação do grupo à lágrima de Ricardo
O silêncio que já estava no ar ficou quase palpável quando a lágrima correu pelo rosto de Ricardo. Não vi apenas emoção; enxerguei um traço humano que derrubou todas as barreiras de disciplina e dureza que sempre o cercaram.
Karol, que sempre o via como muralha, foi a primeira a sentir o impacto. Os olhos dela brilharam, mas ela não falou nada. Só levou a mão discretamente ao peito, reconhecendo a grandeza de ver um homem forte permitir-se vulnerável.
Alberto, que costumava disfarçar a admiração com piadas, ficou estático. Pela primeira vez não havia ironia, nem sorriso de canto. Ele endireitou o corpo na cadeira e baixou a cabeça em respeito, como se tivesse presenciado algo maior do que palavras alcançam.
Eu, ali ao lado, senti o peso do instante atravessar a minha pele. O calor da mão de Ricardo, ainda entrelaçada na minha, virou corrente elétrica, e a lágrima dele pareceu também ser minha. O grupo compreendeu que aquele gesto não era fraqueza, e sim entrega. Uma homenagem silenciosa ao mestre, à luta, à vida.
O impacto do momento
A mesa, que até então era só encontro e partilha, transformou-se em altar. Cada um, do seu jeito, foi tocado por esse sinal de humanidade. A presença do espírito de Yoshida parecia habitar o ambiente, não como sombra, mas como chama acesa no coração de todos.
A partir dali, nada mais seria visto da mesma forma. Ricardo não era apenas o lutador disciplinado, nem apenas o mestre. Ele era um homem inteiro, feito de carne, suor, cicatrizes e sentimentos. Aquela lágrima, solitária e inesperada, marcou a todos nós, lembrando que a verdadeira força não está em esconder a dor, mas em ter coragem de vivê-la diante dos outros.
O salão ainda cheirava a café e pão quente quando o senhor simples se despediu. A mesa ficou suspensa num silêncio que ninguém ousava quebrar. A lágrima de Ricardo ainda me queimava por dentro, porque eu a tinha sentido como se fosse minha. Mas o grupo logo voltou a respirar.
Carolina abriu a roda de provocações, levantando a xícara e rindo. Agora sim eu entendi por que chamam você de Dojo Yoshida. Mas, Ricardo, fala a verdade, o Alberto te pegou de surpresa ou você deixou.
As risadas recomeçaram, e Alberto coçou a nuca, meio sem jeito, tentando responder antes do mestre. Claro que peguei. O problema foi que ele devolveu dobrado.
Apertei a mão de Ricardo debaixo da mesa e não deixei passar. Dobrado nada, Alberto. Triplicado. Se não fosse o frasco milagroso no bolso dele, você estava dormindo até agora.
A mesa explodiu em gargalhadas, e até Ricardo sorriu de canto, embora a mão dele, escondida, apertasse a minha em resposta.
Karol tentou defender. Mas foi quase um ippon seoi nage, eu vi direitinho. Respirei fundo antes de corrigir, porque eu não ia deixar barato. Karol, não inventa. Não foi ippon seoi nage. Foi kuzushi na diagonal, seguido de yoko-shiho-gatame. Já falei hoje cedo, ou você vai abrir a escola Karol-nage.
Ela ficou vermelha, levantou as mãos, e todo mundo caiu na risada. Ricardo permaneceu em silêncio, mas o aperto mudo na minha mão disse que ele tinha gostado da minha intervenção.
Rafaela se inclinou para frente, curiosa. Mestre, quando você caiu de joelhos, não foi risco. Achei que ali tinha acabado. Ricardo respondeu sem pressa. Foi teste. Eu precisava ver até onde Alberto iria sem perder a cabeça.
Alberto suspirou. É verdade. Fiquei afoito, quis terminar logo para mostrar serviço. Douglas entrou debochado. Serviço. Parecia corrida de quem ia perder o ônibus. A mesa gargalhou, e até Alberto riu, resignado.
Beth, com o humor de sempre, disse alto. Se fosse comigo, eu aproveitava quando ele ajoelhou e pulava logo em cima. Ricardo ergueu as sobrancelhas, provocador. Se fosse com você, Beth, eu teria sentido antes mesmo de encostar.
O salão virou risada geral. Eu ajeitei o vestido, ergui o queixo e completei. Quem tentar pular em cima dele tem que assinar termo de responsabilidade antes.
As risadas aumentaram, e só eu percebi o brilho nos olhos de Ricardo voltados para mim, junto do aperto firme da sua mão sob a mesa.
Roberto, animado, cutucou Alberto. Agora você é terceiro dan, parabéns. Mas até na luta você perde foco, imagina fora dela. Solange completou, rindo alto. Se não fosse o mestre chamando, você tinha caído feito tronco.
Karol, ainda animada, perguntou. E agora, mestre, no próximo teste vai ser vendado de novo ou vai ser de costas. Ricardo respondeu sereno. De costas, vendado e em silêncio, se for preciso. O corpo fala.
Rafaela quase engasgou. Cruz credo, então não dá nem para chegar com dois tapas por trás. Beth ergueu a mão, teatral. Eu já tentei, e nem vendado ele deixa.
A gargalhada foi geral. Eu encerrei. Nem vendado, nem distraído, nem de joelhos. Quem acha que pega Ricardo no improviso, cai antes de tentar.
A mesa virou festa. Perguntas, provocações, risos, café e pão passando de mão em mão. Mas, debaixo da mesa, só havia silêncio. A minha mão e a dele unidas, firmes, no segredo que ninguém ali poderia imaginar.
As bandejas ainda circulavam quando o assunto inevitável caiu sobre mim. Eu já tinha recuperado a compostura com o vestido, mas bastou alguém mencionar a palavra roupão e o riso tomou conta.
Carolina foi a primeira a me cutucar. Vi, aquilo foi cena de filme, você não faz ideia da sua cara quando entrou no gramado.
O grupo riu de novo. Alberto, ainda meio trêmulo da luta mas com aquele sorriso malandro, completou. Se não fosse a bronca do mestre, eu teria perdido a concentração só de ver você correndo daquele jeito.
Fiz cara séria, tentando manter a dignidade. Eu estava deitada, descansando, nos meus dias, quando a senhorita Karol apareceu batendo na porta como se fosse incêndio. Quem não teria saído desesperada.
Karol levantou as mãos como quem se defende, mas com os olhos brilhando de riso. Eu só falei a verdade, Vi. Disse que eles estavam brigando e você voou da cama. A culpa não é minha se você saiu parecendo que tinha acordado de um pesadelo.
As risadas aumentaram. Beth não perdoou. Eu vi, parecia passarela de comédia, roupão torto, cabelo armado, e ainda aquela cara de quem ia salvar o mundo.
Roberto bateu a mão na mesa. Melhor foi a entrada no gramado. Todo mundo em silêncio vendo a luta e, de repente, você surge correndo. Eu juro que ouvi até som de cavalo no fundo.
Douglas reforçou, rindo. Parecia cena de desenho, lá vem a heroína atrasada.
Tentei contra-atacar. Pelo menos eu me preocupei, não fiquei parada como vocês.
Solange quase caiu da cadeira de tanto rir. Preocupada nada, Vi, você entrou mais assustada que a gente. Se fosse briga de verdade, tinha apanhado primeiro.
Karol se curvava de tanto rir. E ainda me olhou brava, como se eu tivesse armado. Mas, gente, vocês não viram de perto, a Vi estava descabelada, os olhos arregalados… parecia mesmo que tinha levantado no meio dos dias dela e saído sem pensar.
Fiquei vermelha, tentando negar, mas já rindo junto. E foi pior, cada um começou a inventar sua versão. Carolina disse que meu roupão parecia capa de super-heroína voando. Beth jurava que era desfile de moda rural. Roberto imitava meu rosto assustado como se fosse teatro.
Eu suspirei, fingindo indignação, mas sabia a verdade. Aquela cena já tinha virado folclore. Podiam até esquecer detalhes da luta, mas ninguém nunca mais deixaria de me lembrar do dia em que corri pelo gramado como protagonista de uma comédia improvisada.
As risadas ainda ecoavam quando eu decidi que já era demais. Cruzei os braços, fingindo estar séria, e soltei. Muito engraçado todo mundo rindo de mim, mas ninguém reparou quem começou a fofoca.
Karol arregalou os olhos, tentando cortar o riso. Eu só dei corda. Se não fosse ela batendo na minha porta como se tivesse incêndio, eu teria ficado quieta no quarto. E o melhor, inventou que era briga, quando na verdade era treino.
A mesa virou para ela como uma plateia em sincronia. Carolina riu alto. Ah, então a culpa é da Karol. Solange completou. Bem feito, inventou história só para ver a Vi correr.
Beth aproveitou a brecha. Karol, você é pior que sirene de bombeiro. Devia ter dito a verdade.
Roberto bateu palmas, rindo. E ainda filmou na cabeça a cena para contar depois. Essa foi de propósito, Karol.
Ela já se defendia, rindo nervosa. Gente, eu só quis avisar. Achei que fosse briga de verdade.
Eu encostei o queixo na mão, irônica. Claro, briga de verdade às seis da manhã, no gramado do hotel. Você achou, mas ficou escondida atrás de mim. Quem saiu correndo fui eu.
O grupo não perdoou. As gargalhadas agora eram dela. Alberto, rindo, concluiu. Então a verdadeira culpada é a Karol. E ainda fez a Vi pagar o mico.
Karol estava vermelha, escondendo o rosto nas mãos. Eu respirei fundo, satisfeita. A mesa inteira tinha virado o jogo comigo. Até Ricardo, discreto ao meu lado, apertou minha mão debaixo da mesa, como quem dizia, ponto para você.
No fim, o episódio que tinha começado como zombaria contra mim terminou com Karol sendo coroada como a inventora da briga imaginária. E dessa vez, eu saí vitoriosa.
Eu já estava satisfeita com Karol virando alvo, quando percebi que o pior ainda estava por vir. Roberto, que não perde oportunidade, ergueu a voz. Mas peraí, essa confusão toda de luta às seis da manhã… vocês têm certeza que não era briga de verdade. Porque, do jeito que parecia, alguém ali estava defendendo a honra de alguém.
A mesa caiu em gargalhadas. Beth bateu na mesa. Verdade, quero saber, era por causa da Karol ou por causa da Vi.
Os olhos de todos se voltaram para nós quatro. Karol ficou vermelha, Alberto ergueu as sobrancelhas fingindo espanto, e eu respirei fundo, já sabendo que não tinha saída.
Solange não perdeu tempo. Vamos lá, contem logo. Quem estava defendendo quem. Ricardo só observava, com aquele olhar de canto que não entrega nada.
Douglas completou. Briga de mestre e aluno logo cedo só pode ter nome de mulher no meio. A questão é, qual das duas.
As risadas se espalhavam e ninguém queria largar o assunto. Carolina provocou ainda mais. Alberto, fala a verdade, você não entrou nervoso porque o mestre olhou demais para uma de vocês.
Alberto abriu a boca, mas não respondeu. Karol deu um tapa leve no braço dele, morrendo de vergonha. Eu fechei os olhos e pensei em desaparecer.
Foi então que alguém soltou a pergunta mais apimentada. Ricardo, me diz uma coisa, e se a briga fosse mesmo por causa de mulher, quem você escolheria defender.
O salão ficou em silêncio. Todos esperando. Eu senti o coração bater mais rápido, ainda com a mão dele presa sob a mesa.
Ricardo pousou a xícara, ajeitou-se devagar e respondeu com aquele tom grave e seco que só ele tem. Se fosse por mulher, eu não brigaria. Eu acabaria a conversa com um olhar. Porque mulher não se disputa. Mulher se conquista.
A mesa explodiu. Risadas, gritos, palmas. Solange quase caiu da cadeira, Roberto gargalhava de bater na perna, Beth gritava que essa ele tinha tirado do fundo do dojo. Até Alberto ria alto, envergonhado.
E eu, tentando não corar, sentia a mão de Ricardo apertando a minha sob a mesa. Naquele instante, todo mundo ria, menos eu. Para mim, aquela resposta tinha sido mais íntima do que qualquer confissão.
Quando a mesa ainda ecoava gargalhadas pela resposta dele, escapei para a varanda. O ar fresco bateu no meu rosto e por um instante tentei me recompor. O corpo pesava, a cólica latejava, e eu só queria me enrolar em silêncio. Nos meus dias, sempre me sinto mais frágil, e por mais que disfarce, Ricardo percebeu.
Ele se aproximou em silêncio, pousou a mão no meu ombro e olhou nos meus olhos como quem já sabia. Não disse nada ali. Apenas saiu pelo salão, atravessou o corredor e seguiu até a cozinha. Poucos minutos depois, voltou trazendo nas próprias mãos uma xícara fumegante de chá. Não sei que erva pedira, mas o aroma doce e quente denunciava que era para aliviar cólicas.
Ele me entregou o chá como quem entrega um remédio raro. Eu, surpresa, aceitei. As conversas cessaram, e todos olharam, impressionados com a cena. As brincadeiras voltaram na hora, mas dessa vez não eram mais zombarias, eram falatórios sobre o cuidado do mestre guardião.
Meus olhos se encheram de lágrimas. Uma memória atravessou minha mente sem pedir licença, Rubens. Nunca em todos os anos ao lado dele houve esse cuidado, esse olhar atento nos meus dias mais difíceis. O contraste me esmagou. Enquanto o grupo ria, eu estava ali, perdida na lembrança e no gesto que falava mais que mil palavras.
Foi Karol quem me trouxe de volta à roda. Deu um tapa leve no meu braço, rindo. Vi, responde a pergunta que eu te fiz. Ou tá viajando de novo na cena do chá. A patroa se perdeu na atitude do mestre guardião.
Todos riram, mas dessa vez não fiquei sem voz. Respirei fundo, olhei para cada uma das mulheres à mesa e soltei firme, com a emoção queimando. Nós todas sabemos o peso do nosso período. Mas me digam, quantas de nós já receberam esse cuidado. Do marido, do namorado, de um amigo, de quem for. Não é só chá. Eu vi nesse gesto zelo, promessa de proteção, preocupação verdadeira com o outro ser que estava ali.
O silêncio caiu. Nenhuma respondeu. Algumas baixaram os olhos, outras apenas respiraram fundo.
E foi nesse instante que Ricardo, ainda ao meu lado, completou com a serenidade que só ele tem. Aprendi com meu mestre que devemos cuidar de qualquer pessoa, mesmo que não gostemos ou que não vá com a nossa cara. Porque não são as palavras que nos moldam. São as atitudes.
O silêncio se prolongou, pesado e sagrado. O vento da varanda entrou pela sala, levando consigo as risadas de antes. O episódio terminou ali, não em zombaria, mas em respeito.
O silêncio pesado da varanda durou pouco. Essa turma não é mole. Roberto foi o primeiro a quebrar o clima, rindo alto. Tá bonito isso, viu, chá de camomila do mestre guardião… daqui a pouco ele mesmo vai deitar no chalé com a patroa pra ver se a cólica passa.
As gargalhadas voltaram com força. Eu quase engasguei com o gole do chá, e Ricardo apenas ergueu as sobrancelhas, sério, o que fez todo mundo rir ainda mais.
Beth abanava-se, teatral. Olha, se esse é o tratamento nos dias dela, imagina fora deles. Carolina completou. Já tô vendo a cena, Ricardo carregando a Vi no colo pela varanda, roupão voando, igual filme antigo.
Karol, lógico, não perdeu o embalo. Eu falei, gente. A patroa não viajou só com o chá. Viajou no mestre também. Aposto que se deixar, até calendário ela troca pra adiantar o próximo período.
O grupo explodiu. Eu tapei o rosto com a mão, sem acreditar na ousadia. Ricardo me olhou de lado e, pela primeira vez, soltou uma frase curta, seca, que incendiou de vez. Não tem jeito, Vi. Que seja assim. Vamos lá.
Olhei de volta e não contive o riso. Não havia defesa possível. A roda tinha nos escolhido como alvo, e fugir só aumentaria as suspeitas.
As brincadeiras foram escalando. Douglas bateu na mesa. Quero saber se o mestre também vai pedir chá quando a patroa tiver nervosa. Alberto, ainda tímido, completou. Chá nada. Ele vai é dar aula prática de respiração pra acalmar.
Todos riram tão alto que até os garçons na porta olharam curiosos.
Eu tentava disfarçar, mas sentia o chá aquecendo meu corpo, a cólica suavizando pouco a pouco. Ao mesmo tempo, minha mente insistia em voltar para a comparação cruel com Rubens. Como um gesto tão simples podia ter mais peso que anos de convivência.
Enquanto eu mergulhava nessa lembrança, as piadas só aumentavam. Beth cochichou com Solange, mas fez questão de falar alto o bastante para todos ouvirem. Se esse chá fizer efeito rápido, amanhã vai ter fila de mulher pedindo receita ao mestre guardião.
Karol fechou com chave de ouro, batendo na mesa. E olha que a Vi tá nos dias dela. Imagina quando não estiver. Aí ninguém segura essa patroa.
A gargalhada foi geral, quase ensurdecedora. Ricardo tomou um gole da própria xícara e, imperturbável, apenas murmurou baixo, só para mim ouvir. É, eles não vão parar. Melhor aceitarmos a sentença.
Eu suspirei, rindo junto, e deixei que a zombaria seguisse. Aos poucos o chá fazia efeito no corpo, mas na cabeça continuava viva a cena do cuidado, tão rara, tão inesperada, tão minha.
A varanda virou palco. As cadeiras de madeira, o vento leve e o cheiro de café misturado ao da grama eram cenário perfeito para a bagunça. Ninguém perdoava. Carolina levantou-se e encenou minha corrida de roupão, braços abertos, gritando feito heroína atrasada. A mesa caiu em gargalhadas.
Solange amarrou o guardanapo no ombro e imitava samurai, oferecendo chá imaginário para Beth, que se jogou de lado fingindo desmaio apaixonado. Roberto fez pose de Rubens preguiçoso, falando grosso, se vira aí com dor, não tenho tempo pra isso. O contraste explodiu a varanda em riso alto.
Karol, claro, foi além. Pegou duas frutas da bandeja, ergueu como troféus e disse que representavam eu e ela. Empurrou uma na mão de Alberto e outra na de Ricardo, mandando que duelassem pela honra. Os dois riram, recusaram entrar na cena, mas só isso já bastou para incendiar a galera. Assobios, piadinhas, gritinhos de torcida.
Eu tapei o rosto, vermelha, mas também rindo. Ao meu lado, Ricardo permanecia quieto, só observando. O silêncio dele só dava mais combustível às provocações. O polegar dele, porém, seguia firme na palma da minha mão, escondida embaixo da mesa da varanda.
Foi então que Karol me cutucou com um tapa leve no braço. Vi, responde a pergunta que eu fiz, ou vai continuar viajando no chá do mestre. A patroa se perdeu no guardião.
As risadas ecoaram de novo. Respirei fundo, segurei o olhar delas e falei firme. Nós todas sabemos o peso do nosso período. Mas quantas aqui já receberam esse cuidado. Do marido, do namorado, de um amigo, seja quem for. Não é só chá. Eu vi nesse gesto zelo, promessa de proteção, preocupação verdadeira com quem estava ao lado.
O silêncio caiu na hora. Algumas desviaram o olhar, outras baixaram a cabeça.
E foi aí que Ricardo completou, com a voz grave e calma que enchia o espaço. Aprendi com meu mestre que devemos cuidar de qualquer pessoa, até daquela que não gostamos. Porque não são as palavras que nos moldam. São as atitudes.
A varanda inteira ficou quieta, absorvendo. O vento trouxe o cheiro de flores do jardim, misturado ao vapor do chá que ainda aquecia minhas mãos.
Mas a turma não era mole. Aos poucos, as piadas voltaram, agora focadas em nós dois. Solange comentou que se um chá já tinha virado tudo aquilo, imagina quando viessem flores. Beth disse que já estava pensando em pedir consulta com o mestre guardião em todo ciclo. Douglas completou que, da próxima vez, ia chamar banda de música para anunciar o gesto.
Olhei para Ricardo, ele me olhou de volta. Rimos juntos, cúmplices. Não havia jeito. Aceitamos em silêncio, viraríamos folclore.
E enquanto o chá fazia efeito, aliviando a dor, minha cabeça insistia em girar entre o riso e a lembrança amarga de Rubens. Por trás das piadas, havia algo muito maior, ali, na varanda, diante de todos, Ricardo tinha me mostrado o que realmente significa cuidado.
A varanda ainda ecoava gargalhadas, mas dentro de mim só havia silêncio. O chá aquecia meu corpo, as cólicas já não doíam tanto, e Ricardo seguia firme ao meu lado. O polegar dele fazia círculos lentos sobre a minha mão escondida, como se fosse dizer sem palavras, eu estou aqui.
Foi nesse instante que percebi Karol e Alberto se mexendo. Entre risadas e cutucadas, eles olhavam de canto, atentos. Quando as provocações esquentaram de novo, Alberto puxou assunto sobre a técnica da luta, desviando o rumo. Karol fez coro, fingindo interesse nos golpes, mesmo rindo junto. Eu sabia, era proteção. Eles disfarçavam, mas cuidavam de nós.
Ricardo percebeu também. O olhar dele passou rápido por eles dois, quase um agradecimento silencioso.
Aos poucos, o grupo se dividiu em pequenas conversas. Uns ainda zombavam, outros já comentavam sobre treino, e foi nesse respiro que senti Ricardo se inclinar levemente para mim. A voz dele veio baixa, só para eu ouvir. Não se importe com as brincadeiras. O que importa é que eu cuidei de você.
Meu peito apertou. Bebi mais um gole do chá e disfarcei os olhos marejados. As gargalhadas ainda ecoavam, mas já não me atingiam tanto. Eu estava ocupada demais sentindo a diferença que aquele gesto fazia.
No fundo, mesmo em meio à bagunça, a varanda havia se dividido em dois mundos, o deles, ruidoso, cheio de zombaria, e o nosso, silencioso, onde cada gesto dizia mais que palavras. E entre esses dois mundos, Karol e Alberto eram a ponte, distraindo todos para que nosso segredo seguisse seguro.
A tarde já ia avançando quando o grupo começou a se agitar. Carolina foi a primeira a anunciar que queriam dar uma volta pela cidade próxima, comprar algumas coisas e aproveitar a feira. Aos poucos todos se animaram, levantando das cadeiras, arrumando bolsas, organizando quem ia em qual carro.
Eu fiquei quieta, ainda segurando minha xícara de chá. O corpo começava a relaxar, mas eu não tinha ânimo para enfrentar movimento. Ricardo também não se mexeu. Karol e Alberto trocaram um olhar rápido, e logo se ofereceram para ficar. A decisão estava tomada, eles passeariam, nós ficaríamos.
No portão, já em clima de saída, Carolina não resistiu. Olhou para trás, rindo maliciosa. Agora vocês quatro se comportem, hein. Nada de treinar vendado, nada de correria de roupão e muito menos chá milagroso.
As gargalhadas ecoaram outra vez, e todos seguiram estrada ainda zombando. A varanda ficou em silêncio.
Ricardo soltou um leve suspiro e ajeitou-se na cadeira, olhando para mim. Karol se recostou no encosto, ainda sorrindo, e Alberto cruzou os braços, relaxado. Ficamos ali, só nós quatro, o vento leve balançando as folhas e o som distante da cidade crescendo.
Karol quebrou o silêncio. Acho que agora sim podemos respirar. Ela sorriu cúmplice, com aquele jeito de quem sabe mais do que diz. Alberto assentiu, olhando para mim e para Ricardo como se guardasse uma promessa silenciosa.
Eu sabia, aquele círculo era seguro. Ali, na varanda, éramos cúmplices. Entre provocações e cuidados, só nós quatro conhecíamos a verdade inteira.
A varanda ficou em silêncio depois que o grupo saiu. O som distante dos carros indo embora se apagou, e restamos apenas nós quatro, embalados pelo vento que já começava a trazer o frio da noite.
Karol se aconchegou nos braços de Alberto. Ele a abraçava com firmeza, e os dois trocavam carícias discretas, cúmplices, como quem estava em casa. Sorri ao ver o jeito deles, tão naturais um com o outro, mas logo senti um arrepio. A brisa mais gelada da tarde me atravessou, e o corpo frágil dos meus dias não reagia bem.
Ricardo percebeu de imediato. Pousou os olhos em mim, e sem dizer nada se levantou. Vou até o quarto buscar um cobertor para você. E na cozinha pego outro chá. Não demoro.
Ninguém respondeu. Todos seguimos com os olhos nele, atravessando a varanda e sumindo no corredor. Eu fiquei imóvel, tocada por um gesto tão simples e tão imenso ao mesmo tempo.
Quando voltou, trazia um cobertor dobrado sobre o braço e, na outra mão, uma xícara fumegante. Colocou o chá à minha frente e abriu o cobertor com cuidado, envolvendo meus ombros com a mesma firmeza com que envolve um discípulo no dojo. Aquele cuidado me desmontou.
Senti uma lágrima escorrer sem que eu pudesse evitar. Ricardo a viu primeiro, e sem hesitar estendeu o dedo, tocando meu rosto e enxugando-a com delicadeza. Karol, emocionada, levou a mão ao peito. Alberto apenas respirou fundo, em silêncio respeitoso.
Não aguentei. O peso do gesto, a lembrança do que nunca tive antes, e o coração transbordando. Larguei a xícara, me joguei nos braços dele e busquei sua boca. O beijo foi ardente, profundo, de entrega inteira. O tempo parou.
Foi Karol quem nos trouxe de volta à realidade. Empurrando o ombro de Alberto, ela ergueu a voz, nervosa e terna ao mesmo tempo. Vocês estão loucos. Fazer isso aqui.
Afastei-me um pouco de Ricardo, respirei fundo e encarei minha irmã. Não resisti, Karol. Não depois de tudo isso.
Ela veio até mim, me abraçou forte, e por trás chamou Ricardo com um gesto. Segurou a mão dele e falou com a voz embargada. Obrigada. Por todo esse cuidado, por essa dedicação com a minha irmã.
Alberto se aproximou também, apoiando a mão no ombro de Ricardo em sinal de respeito. Nenhum de nós falou mais nada. Ficamos ali, quatro corações em silêncio, unidos pela emoção. O frio da noite já não incomodava.
Foi Ricardo quem quebrou o silêncio, com aquela voz grave que parecia vir de um lugar mais fundo. Às vezes a vida coloca a gente em situações que não pedimos, mas somos julgados pelas nossas escolhas. Só o que posso dizer é que a minha escolha é cuidar. Sempre.
As palavras ficaram ecoando. Eu apertei o cobertor contra o peito, ainda sentindo a mão dele na minha pele. Uma lágrima escapou outra vez, mas dessa vez não tentei esconder.
Karol respirou fundo, encarando Ricardo e depois me olhando firme. Você sabe, Vi, que a gente sempre vai proteger você. O que vocês vivem não é qualquer um que entenderia. Mas eu entendo. Nós entendemos.
Alberto assentiu, abraçando Karol mais forte. O que acontece aqui, fica aqui. Ninguém precisa saber. E se algum dia alguém desconfiar, seremos nós os primeiros a despistar.
Senti meu corpo estremecer. Não era só um gesto de lealdade, era a confirmação de que não estávamos sozinhos. Que havia testemunhas, mas não juízes.
Olhei para Karol, depois para Alberto. A voz saiu baixa, mas firme. Eu sei que posso confiar em vocês. Não é só sobre segredo, é sobre o que a gente constrói juntos.
Karol apertou minha mão, emocionada. Não é segredo. É cumplicidade.
Ricardo permaneceu calado, mas o olhar dele me atravessou com a mesma força de sempre. Bastou isso para eu entender, naquele instante, entre nós quatro, havia nascido um pacto. Invisível, mas indestrutível.
Ficamos ali mais alguns minutos, ouvindo o vento, cada um mergulhado em seus próprios pensamentos. Mas o sentimento era único, de que, a partir daquela noite, éramos uma unidade. Um círculo fechado.
A varanda se esvaziou em silêncio, e logo depois Ricardo me ajudou a levantar. Envolveu meus ombros com o cobertor, pegou a xícara de chá ainda morna e me conduziu até o quarto. Cada passo era leve, como se ele temesse quebrar o encanto da noite.
No quarto, ajeitou-me na cama com delicadeza. Eu ainda sentia o corpo frágil, mas o olhar dele me aquecia mais do que qualquer coberta. Ele deitou-se ao meu lado e me envolveu nos braços. Fiquei assim, aninhada contra o peito dele, ouvindo o ritmo firme da respiração.
A noite passou lenta. Eu adormecia e despertava em intervalos curtos, mas cada vez que abria os olhos, lá estava ele, atento, acordado, sem nunca soltar meu corpo do abraço. Não pregou os olhos. A cada movimento meu, ele ajeitava o cobertor, passava a mão nos meus cabelos, como quem vigia um tesouro.
O primeiro clarão do amanhecer filtrou-se pelas cortinas quando bateram à porta. Era Karol. Ricardo levantou-se sem pressa, abriu a porta e ela entrou rápido, como quem guardava um segredo maior do que a própria curiosidade.
O que você está fazendo aqui, perguntou de imediato, a voz mais nervosa do que acusadora. Eu despertei com a pergunta, ainda sonolenta, piscando contra a luz suave da manhã. Karol repetiu, agora olhando para nós dois. E então, o que aconteceu.
Ricardo respirou fundo, com aquela calma que sempre desmonta tudo ao redor. Passei a noite inteira acordado cuidando dela. Não preguei o olho. Mas agora preciso descansar, nem que seja por uma hora. Ele se aproximou, inclinou-se sobre mim e depositou um beijo suave, profundo na simplicidade. Depois saiu, fechando a porta atrás de si.
Karol ficou parada, olhando para mim como quem tenta compreender. Em seguida, sentou-se na beira da cama e falou baixo, quase em confidência. Vi, você tem ideia do que ele acabou de fazer. Do quanto significa alguém passar a noite inteira acordado só para cuidar de você.
A emoção me tomou. Fiquei quieta, apenas segurando a mão dela. Karol apertou meus dedos, os olhos marejados. A gente brinca, ri, provoca, mas o que vi nessa noite foi diferente. Foi dedicação. Foi amor em silêncio.
Não encontrei resposta. Apenas sorri fraco, sentindo o peso doce daquela confissão. O corpo cedeu ao cansaço, e antes que pudesse dizer qualquer coisa, os olhos se fecharam outra vez.
Adormeci ali, com a presença da minha irmã ao lado e o eco do cuidado de Ricardo ainda queimando no coração. Só voltei a acordar já à tarde, como se o mundo tivesse parado para me dar descanso.
A tarde chegou sem que eu percebesse. A claridade suave atravessava as cortinas quando despertei de verdade. O corpo estava mais leve, a dor dos meus dias tinha diminuído, e a primeira coisa que vi foi Karol sentada na poltrona do quarto, de pernas cruzadas, me observando em silêncio.
Ela sorriu assim que abri os olhos. Dorminhoca. Achei que ia acordar só amanhã.
Sentei devagar, ajeitando o cobertor, e a encarei. Você ficou aqui o tempo todo.
Karol assentiu. Fiquei. Queria estar perto de você. E, confesso, ainda tentando entender tudo o que vi ontem.
O coração apertou. Eu sabia o que ela queria dizer. Baixei os olhos, mexendo no tecido do cobertor.
Ela se levantou, veio até a cama e sentou-se ao meu lado. Pegou minha mão como fazia quando éramos crianças. Vi, nunca vi um homem fazer o que Ricardo fez por você. Nem namorado, nem marido, nem amigo. Ele não dormiu. Não te deixou um segundo. Isso mexeu comigo.
Meus olhos se encheram de lágrimas outra vez. Eu sabia. O gesto dele não era apenas cuidado físico, era promessa silenciosa.
Karol continuou, emocionada. Você não precisa me contar nada. Eu já sei. E quero que saiba que estou do seu lado. Eu e o Alberto. Sempre.
Abracei minha irmã com força, sentindo o calor dela me cercar. Fiquei ali, escondendo o rosto no ombro dela, chorando em silêncio. Karol acariciou meus cabelos, sussurrando. Você merece esse cuidado. Merece esse amor.
Ficamos assim por longos minutos, sem pressa. Duas irmãs, cúmplices, guardando um segredo que não cabia a mais ninguém.
Karol ainda me abraçava quando se afastou só o suficiente para me olhar nos olhos. Havia ternura, mas também aquele brilho maroto que nunca a abandonava.
Ela me disse com todo o coração que eu tinha que ter muito cuidado, mas não com ele, e sim comigo mesma.
Fiquei confusa e perguntei como assim.
Ela suspirou, apoiando a mão no meu rosto. Explicou que Ricardo havia passado a noite acordado apenas para cuidar de mim, que isso não era qualquer coisa, que era raro, raríssimo. E justamente por isso eu tinha que tomar cuidado com meu ciúme e com meu jeito intenso, para não afastar esse homem de mim.
O silêncio me pesou. Engoli em seco, lembrando de todas as vezes em que o medo de perder fazia minhas reações mais fortes que eu mesma.
Karol apertou minha mão e insistiu. Ele já provou que não precisa de palavras para mostrar o que sente, porque mostra em atitudes. E se eu começasse a duvidar dele por insegurança, eu mesma poderia me perder.
Meus olhos marejaram de novo e perguntei se ela achava que eu poderia afastá-lo.
Ela riu leve, como quem me chama de boba. Disse que só se eu não aprendesse a confiar. Que quando um homem chega a esse nível de cuidado, ele não está jogando, está se entregando. Mas se eu sufocasse isso com ciúmes, aí sim poderia machucar.
Abracei os joelhos sobre a cama, sentindo o peso das palavras. Karol deitou ao meu lado, virando o rosto para mim. Disse que ela e Alberto estavam lá, viram tudo. Que eles brincam, protegem, disfarçam, mas por dentro ela ficou arrepiada com a forma como ele cuidou de mim. Isso era amor de verdade, e que eu não deveria sabotar.
Respirei fundo, tentando absorver, e confessei que tinha medo de perder.
Ela sorriu, acariciando meus cabelos, e respondeu que, se um dia isso acontecesse, pelo menos eu teria vivido um amor raro, que poucas têm coragem de abraçar. Mas, olhando para ele, ela acreditava que eu não iria perder. Que a única capaz de estragar seria eu mesma.
Fiquei em silêncio, segurando sua mão como quem segura uma âncora. As palavras dela me cortavam e curavam ao mesmo tempo.
Ela pediu que eu prometesse pensar nisso.
Assenti, emocionada, e prometi.
Karol sorriu satisfeita e encostou a testa na minha, dizendo que o resto nós cuidaríamos juntas, ela, eu, Alberto e ele.
Fechei os olhos, deixando uma lágrima cair. Pela primeira vez em muito tempo, me senti protegida por todos os lados.
Adormeci outra vez, com o coração cheio e a alma em paz, sabendo que não estava sozinha nessa caminhada.
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Comentários


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farmaceutico- Comentou em 16/09/2025

Que história hein amigos !

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vivianebeatriz Comentou em 16/09/2025

Talvez o incômodo não seja com a minha vida, mas com os espelhos que ela te obriga a encarar. E já que gosta tanto da palavra “verdade”, aqui vai uma hipocrisia é criticar o palco sem nunca ter visto os bastidores. E é exatamente lá que se entende o porquê de tantas escolhas que, de fora, parecem incompreensíveis. ✨ Julgar é sempre fácil. Difícil é viver.

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vivianebeatriz Comentou em 16/09/2025

Olhar de fora e achar que entendeu tudo é a forma mais fácil de se enganar. Quando a pessoa não sabe responder sem usar palavras de baixo calão, eu não aceito em respeito aos meus leitores. E, sinceramente, você deve ser uma dessas mal-amadas que foi trocada e agora vive despejando veneno. Passe muito bem, querida. 😉 Você me chama de “vagabunda”, mas não percebe que sua raiva revela mais sobre você do que sobre mim.

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vivianebeatriz Comentou em 16/09/2025

Marinarm 🌹✨ Engraçado como quem menos conhece a história é sempre quem fala mais alto. Você insiste em repetir palavras como “verdade” e “normalizar”, mas o que vejo é apenas pré-julgamento. A verdade não dói em mim — dói em quem precisa apontar o dedo para se sentir superior. Não existe manual único para relações, muito menos uma fórmula perfeita de casamento. Cada escolha tem um peso, cada silêncio uma razão, e só quem vive dentro sabe o que carrega nos ombros.

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marinarm Comentou em 16/09/2025

A verdade dói né pois nem.meus comentários vc aceita pois sabe que a maioria vai concordar comigo reclama do esposo mais usa do suor dele pra poder curtir com o amante as safadezas

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marinarm Comentou em 16/09/2025

A verdade dói né pois nem.meus comentários vc aceita pois sabe que a maioria vai concordar comigo

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marinarm Comentou em 16/09/2025

Pronto agora vai tentar de qualquer jeito normatizar que a traição e normal a mais o que o talarico faz meu marido não faz lógico pra ele só fica a parte boa que e comer a vagabunda assim e fácil a parte difícil e ruim da relação fica pro esposo as preocupações os deveres as lutas para que o casal de amantes estejam curtindo tudo do bom e do melhor e do marido e o pior e que tem pessoas que ainda apoiam o que a esposa está fazendo e realmente lamentável




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Ficha do conto

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vivianebeatriz

Nome do conto:
O Teste de Alberto - Hotel Fazenda Final

Codigo do conto:
242533

Categoria:
Traição/Corno

Data da Publicação:
16/09/2025

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