Doce Bruna: pedindo a mão dela em namoro



Estava a caminho da casa de Bruna. Me sentia o cara mais sortudo do mundo. Estava com a roupa novinha, o cabelo cortado, cheiroso e bem a vontade pensando em como seriam os pais dela.

Meu pai me levava até a casa dela de carro e ia dando dicas. Pra ficar tranquilo, pra agradar a ela e respeitar os sogros e que se algo saísse do esperado, pra ligar pra ele. Eu ainda troquei uma ideia dizendo que para ter uma filha tão dócil, tão humilde e tão acolhedora, os pais deviam ser muito legais.

Assim que chegamos, três coisas me chamaram atenção ao descer do carro. A primeira é que tinha uma Dodge Ram preta, muito parecida com a do pai de Jorge, estacionada bem na frente da casa dela. A segunda é que pensando bem, a casa dela não era tão longe da casa dele ao ponto de ele dar uma enorme volta com ela pela cidade ou errar o caminho. Mas ignorei esses dois detalhes pois queria ter uma noite perfeita.

A terceira coisa marcante é que a casa dela era muito maior e com uma fachada muito mais arquitetada que a de Jorge. Toquei o interfone, ouvi a voz de uma mulher do outro lado e me apresentei. O portão logo se abriu com o convite via interfone para adentrar o terreno.

Assim que entrei, precisei quase segurar o queixo para não cair no chão. A casa ficava ao fundo, uns 30 ou 40 metros. Na frente, um gramado com alguns caminhos, jardins e árvores que tornavam o lugar espetacular. No meio, alguns carros. Tinha até um jet-sky pertinho da área coberta da garagem. O local era bem iluminado.

No meio do caminho, ouvi a voz da mulher do interfone se aproximando. Vestia uma roupa de academia cinza e um tênis super tecnológico, aparentava ter uns 40, 45 anos e o seu sorriso era inconfundível. Só podia ser a mãe de Bruna.

- Oi, tudo bem? Sou a Tatiana, mãe da Bruna. - e estendeu a mão para mim.
- Tudo sim, um prazer conhecê-la - respondi apertando sua mão com a mesma força que ela e um sorriso.

- Me siga, vamos passar pelo corredor para acessar os fundos da casa, meu marido está terminando de resolver uma situação e não pode ser interrompido.

Passamos pelo corredor e embora ela estivesse numa calça legging bem marcada e dando passadas convidativas para baixar os olhos e ver sua raba, ergui o queixo e evitei ser tragado pelo desejo. Por lá ela indicou para me sentar e falou pra ficar à vontade. Me observou por um tempo e notei que não gostou muito do que viu. Disse que chamaria Bruna e desapareceu.

Pouco tempo depois vi uma outra mulher, aparentemente empregada. Trazia uma entrada refinada e posicionou pratos, copos e talheres na mesa. Foi auxiliada por uma segunda mulher. Pouco falavam e evitavam ficar por ali. A velha insegurança começou a me rondar.

- Oiiii amor! Nem acredito que veio! - veio Bruna, vestida com um camisetão bem folgado, um top por dentro e um shortinho curtinho. Estava linda, mesmo um pouco desarrumada.

Assim que se sentou ao meu lado, me deu um beijo e ficou coladinha em mim.

- O que achou de minha mãe?
- A gente nem se falou muito ainda.
- Hum. Olha só, meus pais são bem instáveis e vão te fazer ter a pior impressão possível. Simplesmente ignora tá. Como sou filha única, meu pai morre de ciúmes e faz umas brincadeiras bem depreciativas.
- Obrigado pelo toque. Quem tá com ele?
- Você viu? - perguntou demonstrando certo desconforto.
- Não, mas achei muita coincidência o carro parecer com o do pai de...
- É ele. - ela me cortou completando.
- O pai de Jorge?
- Aham.
- Seus pais se conhecem? - perguntei surpreso.
- Sim, eu estudei com Jorge ano passado e nossos pais trabalham no mesmo ramo. Eles se conhecem a mais tempo que a gente.

Fiquei surpreso e pensativo. Cheguei a imaginar que de repente eles teriam tido algum lance. Só isso explicaria a reação dele quando fomos até lá. Fora que isso explica porque ela não demonstrou nenhuma surpresa ao ver a casa dele. Mas se conhecia, porque o Jorge convidou a conhecer? Ia formular uma pergunta, mas então a Tatiana, mãe de Bruna, reaparece com um calça jeans, camiseta e sandálias.

- Voltei! Nossa Bruna, arrumou um namorado tão magrelinho! - falou sem nenhum receio de minha presença.
- MÃE! Não fala assim.
- Espero que ele ao menos seja alguém bem inteligente, porque beleza e dinheiro ele não tem, sabe disso né?
-MANHÊ! - respondeu Bruna, super envergonhada.
- Que é isso Dona Tatiana, posso não ser bonito e nem ter dinheiro, mas garanto que tenho caráter e dignidade para buscar o que for melhor pra mim. Prova disso é ter conhecido e estar prestes a celebrar o namoro com sua filha.
- Humm, ao menos responde muito bem. Gostei. Retiro o que eu disse. Mas não precisa me chamar de Dona, basta chamar pelo nome mesmo.

Olhei pro lado e Bruna estava radiante com minha resposta. Depois desse primeiro instante, Tatiana foi bem mais gentil e avisou estar me preparando para o pior, que é seu esposo. Mas avisou que é melhor entrar na onda e não levar pro coração, ao menos naquele dia.

Aproveitei pra perguntar como ela conheceu seu esposo e logo notei que a pergunta a surpreendeu. Disse que se conheceram ao acaso, por intermédio de amigos num bar em São Paulo. De lá passaram a sair e quando menos esperou, estava grávida de Bruna. Logo se casou com ele e desde então rodam o Brasil a trabalho até se fixarem em nossa cidade.

A conversa seguiu bem amistosa até que o pai de Bruna aparece acompanhado do pai de Jorge. Ambos chegaram rindo e conversando alto, a sensação é que tinha se esquecido do que rolava no fundo de sua casa. Mas assim que ele fechou a geladeira, viu Tatiana fazer uma cara feia e então ele se assustou e voltou.

- Pelo visto o seu pai deve ter fechado outro negócio. Porque pra ter esquecido da gente. - falou com mágoa no coração.

Bruna puxou um assunto aleatório e depois de mais alguns instantes, o pai dela reapareceu.

- Oi gente, desculpa pelo atraso, é que estava fechando mais um negócio junto com o Tarley. Então quer dizer que é esse caboclo que tá querendo pegar minha filha? - veio se aproximando e pegando em minha mão, cumprimentando firme.

- Filha de Deus, que moleque feio você arrumou agora? Eu sou Dante, nenhum prazer em te conhecer, filho.
- PAI!!! Não!
- Ué minha filha, é a verdade, ou vai dizer que ele é lindo? Benzadeus, só arruma um cabra mais feio que o outro.
- DANTE, pode parar. Sua filha não anda ficando com mil e um homens, não! Mais respeito. - interviu Tatiana.
- Credo, pai! - falou Bruna.
- Com todo respeito, mas acredito que sua filha anda procurando mais que beleza. - respondi.
- Aí aí, quer ser a bala, ainda por cima. Hahahaha. Oh minha filha, o que eu te fiz? - prosseguiu.
- Semana passada arrumou um bicho bonitão, mas era tão bobo, credo!
- DANTE!
- PAI! - exclamou Bruna, que saiu da área me puxando pra outra parte da casa.
- O que te deu na cabeça, Dante? - ainda ouvi Tatiana conversando com ele, que seguia.
- Nossa filha merece um cara muuuito mais bonito e interessante que esse moço romântico.

Bruna me levou até um escritório bem amplo, fechou a porta e veio me abraçar. Parecia uma mensagem desesperada para sair dali. Em seguida ela começou a chorar um pouco. Percebendo a situação, tentei acalma-la.

- Você não foi a moça que falou pra não levar pro coração? Deixa essa bobeira pra lá, eu nem prestei atenção.
- Mentiroso, eu vi o quanto ficou sem graça. Não sei o que meu pai tem que ele faz isso.
- Às vezes é ciúme ou tentando te proteger, mas ele é péssimo nisso. Releva, relaxa que eu tô de boa. - e então ela sorriu, com as lágrimas descidas.

Era como se eu tivesse a acolhido e dito que tudo poderia acontecer que eu estaria ali para ser seu porto seguro. Bruna se animou e então começou a limpar as lágrimas.

- É que ele te ofende, me ofende falando como se fosse uma piranha. Ele sabe que eu fico nervosa com isso e não gosto.

- Vamos voltar, porque é a primeira vez que faço isso e nada vai me impedir. Nem mesmo se ele falar que conheceu a cidade toda antes de mim, eu não me importo com essas coisas. Já notei que ele está preocupado contigo e tudo bem.

Depois de mais uns cinco minutos, com ela mais calma, resolvemos retornar. Antes, porém, Dante bate na porta e pede pra entrar. Sozinho e cabisbaixo, pede desculpas e fala que o melhor é recomeçamos do zero, sem provocações por parte dele.

Sua filha voou até ele dando um baita abraço e depois se afastou para darmos as mãos e nos reapresentarmos. Retornamos ao fundo e a partir daí não tivemos mais nada anormal. Contei sobre meus planos de estudo e trabalho, no que minha família trabalhava e eles consideraram tudo certinho. Depois, pedi a benção para o namoro e os pais de Bruna simplesmente concordaram.

- Que vocês se divirtam bastante! Mas com responsabilidade, hein. Depois queremos conhecer seus pais e nada de ficar andando por aí de noite. - falou Tatiana, emocionada com um sorriso de aprovação.

- E quando forem transar, deixa a gente ciente. Pode transar onde quiserem, mas avisa, se cuida e usa camisinha. São novos demais pra ter filho. - disse Dante fazendo Bruna e Tatiana olhar com reprovação ao gesto.

Ainda naquele dia, Bruna me mostrou seu quarto. Enorme. Como de princesa. Móveis de altíssimo padrão, sua escrivaninha e estante de estudos e um super closet. Demos alguns amassos e beijos, mas nada além disso.

Mais tarde meu pai reapareceu para me buscar e Bruna foi até o carro para conhece-lo e convidar para ir lá outro dia. Os pais dela ficaram lá dentro.

Assim que saímos, meu pai me olhou incrédulo e perguntou:

- Filho, como você conseguiu atrair uma gata dessas?

Apenas sorri pra ele enquanto falou sobre todos os detalhes que viu ao me levar e me buscar. No dia seguinte devia procurar uma aliança pra minha doce Bruna.

Continua...


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Ficha do conto

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Nome do conto:
Doce Bruna: pedindo a mão dela em namoro

Codigo do conto:
244798

Categoria:
Heterosexual

Data da Publicação:
15/10/2025

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