Estava pensando em minha faculdade e seguia no clima de fim de escola. Ela e Jorge nem iam mais. Só conseguia imaginar que ela estaria montada no colega e que ele dava bastante pau pra ela. Coisa que eu não tinha feito ainda em nosso namoro de seis meses.
Numa quinta, ela me liga:
- Amor, precisamos conversar um pouco. Sinto sua falta.
Bruna contava aquilo com um tom de voz mais direto, sem tanta meiguice e inocência.
- Também sinto sua falta. Onde quer se encontrar?
No fundo eu ainda a amava e tinha esperança que tudo aquilo fosse apenas uma fase ou algo que ela logo deixasse de lado. Mesmo sabendo que já durava uns três, talvez quatro meses.
É que nesse tempo, quando ficava muito enciumado e chateado, parecia que ela ativava seu modo fofo, carinhoso, manso, gentil, meigo e inocente. Era impossível pensar em término. Fora que ela não dava nenhum indício que estaria com alguém, a não ser quando dizia estar em casa de noite. Mas ela não iria ficar saindo da casa dos pais dela pra aprontar e nem receber outros. Os pais dela poderiam não gostar de mim, mas daí a deixar a casa deles virar cabaré com ela sendo a puta, seria muito estranho.
- Vamos conversar na pracinha central, preciso contar umas coisas das quais estou entalada pra dizer e tem que ser pessoalmente.
Era o suficiente pra imaginar que tudo seria confirmado. Na hora senti um pouco de raiva com um misto de ciúmes e decepção. A voz meiga não estava sendo ouvida por mim, pelo contrário, era mais imperiosa.
- Se quiser contar por telefone e antecipar o assunto, porque fiquei curioso.
A verdade é que não queria ouvir as palavras saindo de sua boca ao vivo. Mas ao mesmo tempo queria.
- É um assunto sério.
- Eu aguento.
- Tá.
Esperava que ela insistisse na praça. Queria sentir o gostinho de fazer um draminha. Mas o "tá" seco, me fez ficar preocupado. Mesmo assim, ela continuou:
- Então amor, eu te amo. Juro! Estar com você me faz sentir estar do lado do meu príncipe encantado. Você é tão carinhoso, tão gentil. Adoro beijar seus lábios, adoro seu abraço. Pra mim é um porto seguro.
Ela dizia num tom mais sério, longe da fofura habitual. O que tornava tudo meio mecânico de ser dito. Mesmo assim, aquilo mexia com meu ego, até que:
- Mas nosso relacionamento sempre faltou um algo a mais. Uma atitude. Uma chegada mais forte. Algo que você nunca fez. Respeita demais, mesmo no dia que estava apenas eu e você em casa. Queria tanto ter transado com você, mas mesmo faltando dizer aquilo, queria sua atitude. Sabe que já namorei outros antes e ninguém jamais demoraria tanto.
Realmente, e não tinha sido apenas aquela vez. O negócio é que eu ainda era virgem. Tinha medo dela se decepcionar ou de durar pouco. Ou ainda, de ela me achar pequeno. Afinal, tanto filme porno faz um cara inseguro pensar que é um nada.
- Por isso, eu tenho saído sim com o Jorge. E não só ele. Eu precisava contar porque ao mesmo tempo que você me fazia ficar irritada com a falta de atitude, eu subia nas paredes de vontade. E o Jorge sempre foi desenrolado. Ele é o oposto de você, nunca foi príncipe. Sempre foi muito cheio de atitude, depravado, safado e isso foi o que fez a gente terminar. Mas na cama, uau! Então sempre que a gente namorava e você me deixava acesa, ele apagava meu fogo. E foram várias e várias vezes, amor. Eu imagino que ouvir isso pode te chatear, mas me corta o coração dizer essas coisas.
Não parecia. Eu ouvia, paralisado. Vários colegas tinham dito que ela tinha caso com Jorge e havia vários indícios. Mas ouvir diretamente dela era diferente. Me senti diminuído, algumas lágrimas rolavam.
- Lembra da vez que o professor preocupou com nosso namoro? Fez isso porque também tinha tara de ficar com algum professor e ele teve atitude de chegar em mim. Depois me pegou vários dias seguidos na biblioteca enquanto eu dizia pra você que era estudo. Foi tão gostoso dar o cuzinho pra ele, amor. Bem diferente de Jorge.
Nunca imaginaria que tivesse chegado a esse ponto. Mas embora fosse suspeito, o professor Fábio tinha 55 anos, era casado faz tempo e um exemplo de homem. Pelo visto, outro engano.
- No ginásio, torcia por Jorge e também fiquei com alguns outros colegas de time. Até o técnico.
- Chega!
Como um trovão, pedi pra parar. Daqui a pouco ia dizer que transou com todos da cidade, menos eu.
- Hum, finalmente tomou uma atitude. Como te falei, é um homem pra casar. Mas não tem aquela atitude, não fala, não escolhe, não me come. Aí fica difícil.
- O que você quer com essa conversa?
- Não é seu perdão. Acho que não seria capaz de me perdoar. E acho que não me arrependi de nada. Não, com certeza que não. Acho que foi pra desabafar, parar de te enganar tanto e, saber se já sabia de algo ou é tão tapado.
- Estava começando a ouvir dos colegas, que eu e você tínhamos relação aberta, mesmo eu sem saber disso.
- Ah! Ops, tem isso também. Mas é que os caras, depois de me comer, ficavam preocupados com você e me viam sempre contigo depois. Com você nunca notava, contava isso. Mas pra te preservar. No final todo mundo pensa que tem outras também e tá tudo bem.
- Você e todo mundo sabe que isso é mentira. De eu ter outras.
- Pode até ser, mas ninguém sabe ai certo.
- Agora que contou, o que quer?
Sua voz nada meiga durante toda a conversa mostrava quem mandava. E de certo modo estava curioso pra saber aquilo. Por mim, se quisesse terminar, não moveria um dedo.
- Saber se vai ser um corno manso, ou se terá a atitude de terminar comigo depois de saber tudo. Seja como for, aceito qualquer das duas escolhas. Mas antecipo que se quiser ser corno, nada de outra pra você e nada de ficar enciumado querendo que largue meus machos. Ou me assume assim, ou a gente termina.
- Você sente algo por mim? Algum sentimento?
- Já senti mais. Gosto de você, de conversar, dos beijos, abraços. Mas a falta de atitude me chateia. Só que eu podendo ter quem tenha atitude na cama, não sendo você, ficaria perfeito pra mim.
Fiquei calado. De forma impressionante, algo dentro de mim dizia pra seguir com ela. Afinal, onde ficaria com uma deusa daquelas? Fora que não tínhamos mais a escola. Talvez eu aprendesse a ter a tal atitude e ela finalmente ficaria só comigo. O fato é que estava sendo verdadeira pela primeira vez em todo o relacionamento.
- Pelo visto quer ser corno, né? Um macho de verdade teria desligado o telefone bem antes. Assim que falasse que tinha outro. Aliás, nem teria esperado essa ligação, porque ou estaria me comendo gostoso ou largado faz tempo. Mas pra ter certeza, fala que quer ser mansinho vai.
Bruna não tinha nenhuma doçura ao dizer aquilo. E falar de forma tão debochada e sem nenhuma preocupação me fez sentir um prazer esquisito.
- Não, não quero ser isso. Quero ser seu namorado.
- Se quiser ser mesmo, vai ter que aguentar os chifres. Porque não vejo você sendo capaz de desistir dos meus machos e desejos.
- Então melhor encerrarmos a relação.
- Ok, foi muito bom enquanto durou. Sinto muito por tudo e sempre vou te amar por ser o único a me respeitar e me querer tão bem. Se mudar de ideia, me liga. Beijo!
E desligou.
Bruna tinha sido cruel, aquela versão era longe da que tinha conhecido na escola. Fui ao banheiro, chorei muito e fiquei com aquele vazio imenso. Mesmo sabendo ser corno, era bom ter ela como namorada. Mexia com o ego. Fora que ela tinha outra condição muito superior.
O tempo passou e fui pra universidade. Outra dinâmica se apresentava pra mim e estava começando a superar a Bruna quando de repente ela me liga. Assustado, eu atendo.
- Oi amor! Eu sinto tanto a sua falta, volta comigo, por favor!
Ela dizia chorosa, meiga como antes. E o tom de voz parecia ser tão desesperador que respondi:
- Oi, Bru. Onde você tá? Vou aí pra gente conversar.
Continua...
Este conto estava caminhando tao bem e de repente ele vai virar corno manso ..perdeu a graca. !! Eñe devia era se tornar um comedor e vingar ate que no final fossem um casal do mundo liberal mas se respeitando e juntos.. Teria sido muito mas interessante !!
vivendo e aprendendo