Porque me dedico a Neuropsiquiatria...

Há vinte anos, uma mulher de meia idade, linda em todos os aspectos, chegou ao meu consultório, para que eu avaliasse sua mão esquerda onde havia um profundo corte. E muito apressada pediu urgência no atendimento, pois tinha um compromisso importante. A atendi e curioso perguntei o que tinha de tão urgente para fazer.
A mulher disse que em todas as manhãs ia visitar seu marido, quinze anos mais velho que ela, que estava em um abrigo para idosos, com mal de Alzheimer muito avançado.
Olhando e examinando seu braço eu disse:
- Então hoje ele ficará muito preocupada com sua demora!
No que ela respondeu:
- Não, ele já nem sabe quem eu sou. Há quase dez anos que não me reconhece mais.
Então questionei:
- Mas então para que tanta pressa, e necessidade em estar com ele todas as manhãs, se ele já nem a reconhece mais?
A mulher olhou em meus olhos, deu um sorriso e batendo de leve no meu ombro respondeu:
- Ele não sabe quem eu sou..., Mas eu sei muito bem quem ele é, e me lembro perfeitamente das satisfações que tive com ele!
Deixei cair a pinça e a tesoura...
A partir daquele dia comecei a dar valor a tudo isso.
Porém... o amor moderno tem consultório que geralmente custa muito caro.
O amor moderno quando tem crises, vai ao terapeuta. O terapeuta que não tem nada a ver com isso, prescreve um livro de autoajuda, marca a próxima consulta e manda cada um pra sua casa.
O amor moderno mesmo, divide bens em advogado, paga pensão, faz escala de visitas para as crianças, decide as férias que geralmente não é coletiva.
Quando o amor é supermoderno, depois de juntar os trapinhos, pede-se um tempo para outras experiências. Amor moderno que se respeite e que tem status, discute a relação por e-mail porque é mais rápido.
Amor atual é aquele cheio de compatibilidade tal como dois banheiros.
Amor que é amor, mata-se em nome dele. E tudo bem, ficamos assim combinados porque moderno eu não sei se consigo ser.
Assim...
HUNSAKER