Depois de partilhar o conto da primeira mamada no cinema, (Tudo que estou a publicar aqui, passou-se à 7 anos, e na altura foi publicado numa página de anúncios, onde também se podiam publicar contos) a caixa de mensagens explodiu. Curiosos, voyeurs, malandros de esquina e fantasistas da noite, todos queriam saber mais — onde era o cinema, quem lá ia, se os casais existiam mesmo ou se tudo não passava de fumo e punheta. Muitos falavam em encontros, mas nenhum passou da palavra. Todos, menos um casal.
Com ele, o diálogo foi sempre limpo. O jogo em cima da mesa, sem véus, sem disfarces. Foi o marido quem falou comigo. Leu o conto, adorou. Disse-me que adoraria viver algo assim com a mulher. Dei-lhe todos os detalhes — localização, ritmo das sessões, frequência dos casais. Ofereci-me para estar presente. Ver, se possível participar. Mas sempre respeitando a única condição imposta: seria quando ela quisesse, se quisesse, como quisesse. E isso bastava-me.
Eu andava com o corpo em brasa. Desde o primeiro episódio, que o meu sexo parecia ter acordado para uma vida paralela, mais densa, mais suja, mais intensa. Passava os dias a imaginar novos encontros, novas bocas, novos pares de olhos a desejarem ser vistos. Ia todos os dias ao centro comercial. Tomava café, observava, esperava. Mas azar dos diabos: o café começou a fechar mais cedo.
Foi então que passei a rondar. Como um cão à procura de cio. As sessões começavam, e eu vagueava pelos corredores desertos à procura de um sinal. E o sinal veio. Aliás, vieram dois. Mas hoje conto-vos o segundo. Aquele que guardo com o nome de “Mamada no Cinema II”.
Era uma quinta-feira. Andava a circular pelo centro comercial, quando vejo o funcionário do cinema. Já me conhecia, trocámos palavras. Fui com ele até ao cinema, falámos do que já tinha acontecido, rimo-nos como dois miúdos que partilham segredos sujos. O filme já rolava. Ele disse-me: “Queres espreitar?” E claro que quis.
Entrei. Sala quase às escuras. Um cheiro espesso no ar. Estavam poucos lá dentro. Sentei-me. E então... então entrou ela. Com ele.
Mesmo na penumbra percebi — ele vinha bem posto, mas era nela que o mundo parava. Não era escultural no sentido de revista, mas tinha o corpo das mulheres que fazem parar o sangue: curvas que sabiam onde começar e onde acabar, ancas desenhadas para prender mãos, peito para afogar culpas. Era feita de fogo. E o fogo estava aceso.
Esperei. Saí discretamente, fui ao WC, dei tempo. Voltei. Sentei-me na fila deles, um lugar ao lado. O coração batia-me no pau. Ela parecia nervosa, pernas cruzadas, mãos pousadas no colo. Mas não se afastou. Não protestou. E aos poucos... o corpo dela começou a respirar o ambiente. Descruzou as pernas. Ele acariciava-lhe a coxa. Ela cedia. Eu, com o pau já fora das calças e dos boxers, a masturbar-me em silêncio, desejava apenas que me visse.
E viu-me. E gostou.
Houve um momento — breve, eterno — em que os nossos olhares se cruzaram. Ela olhou para o meu sexo e não desviou os olhos. Depois ofereceu-me o peito. Um convite mudo, selvagem. Mamas cheias, redondas, firmes. Devia ser um 42. Aceitei de imediato. Em segundos já estava ao lado dela, com a boca nas mamas, a língua a saboreá-las como se fossem fruta proibida, doce, indecente.
A minha mão desceu-lhe ao sexo. Estava quente. Húmido. Abertíssimo. Uma cona de fome, de tesão, de promessas. Ela gemeu. Os gemidos dela confundiam-se com os do filme. Um som que me ficou preso na espinha. Tocava-lhe com devoção. Ela retribuía com a boca, com os beijos, com os olhos semicerrados de prazer. Veio-se assim — com a minha mão encharcada, a boca nela, os suspiros no escuro. Veio-se como quem se perde.
Disse-me ao ouvido que era a primeira vez. Que estava fora da zona de conforto. Que tinha gostado, mas que ia embora. E antes de partir... ajoelhou-se e ofereceu-me a boca.
Chupou-me. Lenta. Profunda. Como quem quer guardar um sabor para sempre. E depois foi-se.
Fiquei ali, com o gosto dela ainda nas mãos, com a presença dela colada à pele. A pensar se devia ter dito para irmos até ao WC feminino. Mas respeitei o espaço dela. Talvez por cobardia. Talvez por honra. Não sei.
À saída, o funcionário do cinema disse-me: “Aquela mulher… aquilo não se esquece.” E não esquece mesmo. Disse-me ainda que, dali para a frente, o WC feminino estava disponível. E ele também.
Ao casal — se por acaso lerem isto — deixo um obrigado do fundo da carne. E um convite. Se quiserem repetir, estarei pronto. Com a mesma fome. Com a mesma entrega. E com a boca a lembrar-se de tudo.
Prometo que o “Mamada no Cinema II” há-de sair.
Mas hoje... hoje ainda estou dentro dela.