Estive fora. Trabalho, distâncias, obrigações. Meses longe da cidade, longe dos corpos que se cruzam no centro comercial onde o cinema porno resiste como um altar de luxúria clandestina. Voltei quinta-feira. Precisava sentir outra vez o cheiro do escuro, o murmúrio dos gemidos abafados e o prazer do olhar em carne viva. Passei pelo funcionário de sempre, cúmplice, confidente, o sacerdote silencioso daquele templo sujo. Perguntei-lhe: - E casais? Aparecem? - Vai aparecendo um ou outro… mas nada de especial - respondeu, enquanto revistava as cadeiras da sala para a sessão das seis. Estávamos ali, trocando palavras vazias com a antecipação colada ao corpo, quando um casal entra. Ela. Trinta anos, talvez nem isso. Uma mini-saia rodada que mal lhe escondia a alma. Pernas de pecado, cabelo apanhado de forma provocadora, como quem sabe que vai soltar-se a meio do acto. Ele. Mais velho. Barriga discreta. Rosto sereno. Mas com ares de quem conduz o jogo. Subiram com o funcionário. Ela virou-se no último degrau e olhou para trás. Directo para mim. Um segundo só, o suficiente para me perceber a babar por ela. O funcionário desceu. - Viste? - Vi. Vou arriscar. Subi. Ele pediu-me calma, como sempre. Nada de confusões. - Relaxa - disse-lhe. - Eu provoco. Mas só entro se me abrirem a porta. Entrei. Sala escura. Quatro homens nas últimas filas, provavelmente gays, a falar entre si com vozes baixas. O casal estava do meio para baixo. Sentei-me duas cadeiras ao lado. Ele já tinha o pau fora. Ela, com a mão a brincar nele. Ele mexia-lhe entre as pernas, como quem dedilha um instrumento que conhece bem. Observei. Cauteloso. Queria perceber se era bem-vindo ou apenas tolerado. Passaram minutos. Nenhum gesto de afastamento. Nenhum recuo. Ela olhava-me com o canto dos olhos e sorria. Um sorriso lascivo. Voraz. Ela virou-se ligeiramente, oferecendo-me o rabo. Ele acariciava-lhe a coxa, mostrava-me as nádegas escondidas por um fio dental finíssimo, quase inexistente. O pau latejava-me na mão. Mal conseguia tocar-me sem me vir logo ali. Queria mais. Muito mais. Ela masturbava-o com uma mão, enquanto com a outra subia a camisola. Mostrou-me as mamas, pequenas, firmes, bicos grandes como eu gosto. Fiquei a olhar, com fome. Deslizei uma cadeira para o lado, queria aproximar-me. Ela percebeu, e com um gesto subtil, convidou-me a sentar mesmo ao lado. Obedeci. A mão dela foi directa ao meu pau, envolveu-o como quem segura um segredo. Toquei-lhe na coxa. Levei a outra mão às mamas. Senti-lhes a textura, o calor, os bicos duros. - Posso? - murmurei, já com a boca a descer sobre ela. Estivemos assim. Em carícias. Em respiração. Em fricção. Mas eu queria mais. Queria tudo. Ela olhou-me. - Aqui, não. Falaram algo entre eles. Não percebi. Levantar-se. Ajustar a roupa. A sair. Fiquei ali sentado, a arder. Olhei-os a afastarem-se. Ela, já na saída, olha para trás. Levanto-me. Arrumo o pau. E sigo. Desço apressado. O funcionário vê-me: - Já te safaste? - Não sei… estavam bem lançados, mas saíram sem dizer nada. Acelero o passo. Vejo-os ao fundo. Parados a olhar uma loja. O centro comercial está vazio. Aproximo-me. Eles começam a andar. Subiram umas escadas laterais. Antigamente era o outro cinema. Agora é uma igreja. Ironia deliciosa. Olhei em volta. Ninguém. Subi também. Quando me aproximo, ela diz: - Pensei que fosses desistir. E já tem os dedos nos botões das calças. - Eu nunca desisto - respondo, com a voz presa no desejo. E foi ali. Ali mesmo. Nas escadas de um templo abandonado. Ela ajoelha-se. Chupa-me com fúria e técnica. Depois chupa o companheiro. Ele segura-lhe o cabelo, guia-lhe o ritmo. Ela geme. Abre as pernas. Senta-se. Um mete-lhe o pau na boca. O outro na cona. Dupla penetração. Eu dentro dela. Ele dentro da boca dela. Trocamos posições. Ela cambaleia, treme, grita. Eu gozo. Alto. Firme. Dentro dela. Ele goza-lhe na cara. E nisto… aparece o vigilante. - Saíam já daqui, caralho! Olhos esbugalhados. Pau meio duro. A insultar-nos com a voz de quem se está a masturbar por dentro. Arranjamo-nos às pressas. Rimos. Ela, a arranjar o cabelo, diz-lhe: - Se não fosses tão mal-educado, até te ajudava a vir. Mas assim… vais sozinho para o WC. Saímos os três. Rumo ao escuro. Com o cheiro dela ainda na minha mão.
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