Na Sapataria



Já a tinha visto vezes demais para ser só acaso. A montra da sapataria era a minha antecâmara diária para o escritório do costume. Duas mulheres lá dentro, ambas nos quarenta, mas uma delas, uma, deixava-me preso como cão à corrente curta.
Mini-saias justas, decotes fundos, o tipo de provocação que não se finge.
Sempre que ela se baixava para arrumar sapatos, lá estavam as cuequinhas, ora pretas, ora rendadas, a acenar-me como quem conhece o veneno e ainda assim o oferece.
Comecei a cronometrar-lhe os dias. Fechava sempre às 19h, mas ficava ali, sozinha, até perto das 19h30. Fazia caixa, arrumava, limpava — dizia o corpo dela. A cabeça, a minha, fazia filmes.
Um dia entrei.
Disse-lhe que esperava um cliente, que andava a matar tempo. Ela veio ter comigo, gentil, e puxámos conversa. Quando me disse que já me tinha reparado ali à porta, sempre a olhar, e perguntou, com um sorriso envenenado, se tinha alguém à minha espera em casa, deixei a dúvida no ar. Disse apenas que, quando se espera, é melhor esperar com algo interessante à frente dos olhos.
Ela riu, respondeu que os sapatos eram bons.
Eu disse que o atendimento parecia ainda melhor.
Fomos interrompidos pelo cliente. Mas plantei a semente: disse-lhe que só tinha tempo para compras depois das 19h. Ela, com aquele ar de quem já tinha preparado a armadilha, respondeu: “Eu fecho às 19h, mas fico sempre até às 19h30… se quiser passar, tenho todo o gosto em atender.”
Demorei uns dias.
Esperei que o corpo arrefecesse só para o acender de novo. Depois voltei. Cheguei já a porta fechada, mas vi-a sair da arrecadação. Bati no vidro. Ela veio abrir, sorriu.
Entrámos.
Estava com uma mini-saia preta pregueada, meias escuras, blusa azul entreaberta a revelar o sutiã negro. O pau reagiu antes do pensamento.
Pedi para ver uns sapatos. Sentei-me.
Ela ajoelhou-se para ajudar, e quando rodou o corpo, vi-as: ligas pretas, cuequinha como a da minha imaginação. Olhei. Ela notou, mas fingiu que não. Trocámos sapatos, trocámos olhares, trocámos silêncios carregados.
Até que ela atira:
Você só gosta dos que estão no armazém… quer ver se me cansa.
Respondi que, se fosse por aí, talvez fosse melhor mostrar-mos logo tudo no armazém.
Ela riu-se, virou costas com um “estou a brincar”.
Logo depois ouvi o estrondo. Corri até lá. Estava caída entre caixas. Ajudei-a a levantar-se, toquei-lhe. A mão na cintura demorou-se, a outra encontrou a dela. Sentei-a devagar. Ela ofegava. Ficámos ali, ajoelhados entre sapatos.
Olhei-a.
Ela corou. Eu pedi desculpa por olhar com tanta fome, mas disse-lhe que era impossível não o fazer.
Ela sorriu, resignada e vaidosa.
Disse-me que já não era nova, que tinha 46. Respondi-lhe que a idade não lhe roubava nada, que era desde o primeiro dia um incêndio à minha espera.
Toquei-lhe no joelho. Aproximei-me.
Beijámo-nos como dois que já estavam fodidos antes sequer de se tocarem. A língua dela sabia a vinho e raiva. As minhas mãos foram-lhe arrancando a roupa como se lhe tirassem um feitiço.
A cona dela estava rapada, molhada, quente.
Chupei-a como quem se perde. Ela contorcia-se, gemia, agarrava-me o cabelo, dizia-me coisas que não se dizem. Veio-se. Mais do que uma vez.
Depois ajoelhou-se.
Abocanhou-me com fome de bicho. Tentava manter o controlo, mas ela chupava como se aquilo fosse um ritual de sangue. Gozei-lhe na boca. Ela engoliu tudo, e ainda me olhava nos olhos, desafiando.
Pus um preservativo.
Ela montou-me.
Cavalgava-me com violência contida, braços no meu pescoço, gemidos entre dentes. Levantei-a, virei-a de quatro. Comecei a fodê-la com força. Uma mão no cabelo, a outra no rabo. Marcava-a. Ela adorava. Gozou outra vez.
Voltei a pegá-la, agora com as pernas enlaçadas na minha cintura. Encostei-a à parede.
Fodi-a até me vir outra vez, em jorros.
Caímos os dois no chão. Mas ela não parava. Brincava com o meu pau.
Eu com a cona, com o cu. Disse-lhe que ainda faltava tratar do segundo.
Ela hesitou. Disse que era demasiado grande, que não tínhamos lubrificante.
Usei a saliva.
Fui dilatando com os dedos, paciente. Quando finalmente entrei, ela gemeu com dor e tesão. Recusava, depois pedia mais. Fodi-a com calma, depois com força. Ela urrava.
Estivemos assim mais de uma hora.
Quando olhámos para o relógio, passava das 21h.
Vestimo-nos devagar.
Trocámos um último olhar.
Combinámos repetir. Mas da próxima, noutro lugar.
Onde não haja sapatos, só pele.

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Ficha do conto

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lord-mindbinder

Nome do conto:
Na Sapataria

Codigo do conto:
239355

Categoria:
Confissão

Data da Publicação:
01/08/2025

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