Já não era julho, mas o cheiro era o mesmo. O cheiro espesso da sala pornográfica de Braga, onde os corpos se escondem na sombra e a solidão se disfarça de desejo. Eu tinha saído do trabalho com a alma em carne viva, e fui empurrado pela rotina até ao centro comercial, café, pastel de nata, e depois a subida solitária para o cinema, como quem procura o mesmo fantasma de sempre. Lá dentro, meia dúzia de vultos dispersos. Dois homens inertes na primeira fila. Sentei-me atrás, na penumbra húmida do hábito. E então, como se a memória ganhasse pernas, entrou ela. A loira. Não a de julho, outra. Corpo cheio, pernas decididas, curvas desenhadas por algum capricho de luxúria antiga. Sentou-se duas filas à frente, mas era como se já estivesse dentro de mim. A recordação da última vez latejava-me na virilha, e o atrevimento cresceu como cresce a fome em jejum prolongado. Levantei-me e fui até à fila dela. Os nossos olhos encontraram-se, e no meu havia uma pergunta muda, um gesto de carne a insinuar-se por dentro das calças. Quando vi que não desviava o olhar, que a curiosidade lhe tremia nas pestanas, abri os botões, soltei-me, e comecei a masturbar-me com os olhos cravados nela. Esperava um recuo, um gesto de repulsa. Não veio. Sentei-me ao lado. Ela tremia, mas não se afastava. A tensão entre nós era como um cordão eléctrico, e quando lhe agarrei a mão, tão pequena e fria, e a depositei sobre o meu pau endurecido, ela não fugiu. Começou a movimentá-la. Primeiro hesitante. Depois com fome. Disse-lhe, entre dentes, para me chupar. Ela respirou fundo e desceu. Sem cerimónia. Lambia-me como quem chora em silêncio, sem vergonha, sem pressa, com devoção. Eu sussurrava obscenidades ao ouvido dela enquanto lhe agarrava o cabelo, puxando, guiando, marcando o ritmo. Acariciou-me o peito, desceu pela barriga lisa. Toquei-lhe os seios, pequenos e tensos, e depois entre as pernas, sentindo-lhe a humidade a aumentar com o ritmo dos meus gemidos. Não era amor, era outra coisa. Um pacto silencioso, uma fuga suja, perfeita. Tirei um preservativo da carteira e ordenei-lhe que se levantasse. Ela hesitou, lançou um olhar aos da frente, mas estavam perdidos noutra tela. Molhou os dedos na própria boca, humedeceu o látex, calçou-me com firmeza, e montou-me com a brutalidade suave de quem se quer perder. Um pé em cada cadeira, mãos no meu pescoço. Cavalgava-me com lentidão de filme antigo, rebolando as ancas, enquanto eu lhe mordia o pescoço, dizendo-lhe que era linda, que era minha, que era puta. Ela gemia entre dentes. Os músculos dela apertavam-me. O meu corpo tremia, arfava, queria durar mas não conseguia. Gozei-me dentro dela com um grito abafado, ao mesmo tempo que sentia o corpo dela estremecer, segurar-me, escorrer-se. Ela mordeu o lábio para não gritar. Depois, silêncio. Retirei o preservativo, limpei-me. Ela levantou-se, compôs o vestido, e saiu. Fiquei ali. Sozinho. Mas inteiro.
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