Minha primeira Domme



Não sou nenhum expert do BDSM, acredito que ninguém seja. Esse universo é tão grande, entusiasmante, misterioso e gostoso que é fácil descobrir quem domina e quem é dominado. Mas mais fácil é descobrir os picaretas, geralmente aqueles que dizem ser expert, que ignoram os anseios do outro e que abusam o outro usando o BDSM como escudo.

Conheci o universo aos 19 anos. Na época, a curiosidade me fez conhecer a Domme Letícia, numa sala de bate papo. Na época já tinha algumas fraudes, mas ainda assim era possível encontrar pessoas legais e reais.

Conversamos sobre o assunto, queria saber o porquê de Domme e ela pareceu gostar muito de passar seu valoroso tempo me explicando cada detalhe. Dizia ser garota de programa, mas queria muito ter um submisso moldado ao seu gosto e foi perguntando sobre alguns detalhes. Se eu gostava de: chupar buceta, cuzinho, beijar pés, lamber pés, tomar tapa e onde, ser penetrado, aprisionado em jaula ou em coleira, velas, agulhas e ia mostrando e falando sobre assuntos que nem imaginava que pudesse existir.

Nada daquilo tinha sido feito por mim e deixei isso claro. A maioria das coisas não sentia desejo de fazer, mas dependia do momento. A informação que ela mais gostou foi que eu tinha sido comido por outro cara e gostei de ser conduzido por ele.

Ela era de uma cidade próxima da minha e passou a se interessar mais ainda com nosso encontro. Dizia que visitaria um familiar em minha cidade, iria a uma consulta médica e então me procuraria. Pediu meu telefone e deu o horário aproximado de quando ligaria. Falou para não a decepcionar pois nunca mais nos falaríamos e a depender do que fizesse, iria me arrepender, falou num tom raivoso. Deu medo.

No dia seguinte ela me telefonou exatamente na hora combinada. Eu estava em casa. Não tinha visto ela, só conversado por quase duas horas na internet no dia anterior.

- Falo com Luís? - revelava uma voz feminina com uma leve entonação grossa, similar a de quem fazia muita academia. Ela tinha dito que se exercitava muito, mas não tinha falado a frequência e nem detalhes, não tinha sido o foco da conversa.

- Sim. Ele mesmo. - falei nervoso, como se tivesse visto ela pessoalmente.

- Estou na praça da Prefeitura. Tem cinco minutos para aparecer aqui. Até mais.

Ia pedir um pouco mais de tempo, mas não consegui pois ela logo desligou. Corri vestindo uma camiseta qualquer, entrei no carro e fui desesperado até lá. Não soube quanto tempo levei, mas fui o mais rápido que pude. Estacionei numa vaga um tanto distante e corri.

Estava lotado de carro por lá e ao chegar na praça vi uma mulher musculosa, morena, belo rosto, num vestidinho colado até abaixo dos joelhos e uma bolsa junto a um salto alto. Tava na cara que era objetivo dela eu não conseguir chegar a tempo. Logo percebeu que eu era o Luís

- Sete minutos e quarenta e oito segundos. Não conseguiu cumprir com o básico. Mas notei que se esforçou bastante, vou lhe dar uma chance.

Estendeu sua mão, peguei para cumprimentar e ela demonstrou insatisfação. Durante o aperto de mão, senti ela apertar mais que eu, ao mesmo tempo invadia seu olhar no meu enquanto dizia:

- Realmente não sabe nada, né? Devia pegar para beijar minha mão, cumprimentar assim, só se fosse outro dominante. Mas está na cara que está longe de ser um, de repente nem pra submisso serve.

Letícia era uma mulher de uns trinta anos, estava cheirosa. Tinha cabelos cumpridos pretos e lisos. Tinha se preparado para sair comigo. Seu rosto tinha traços indígenas, seios médios siliconados, quadril largo, e físico forte, firme, rígido. Não era marombeira, olhando com atenção, mas não era um corpo comum. Estava mais alta que eu, mas devia ter minha altura. Os saltos deixavam ela elevada.

Olhar de baixo pra cima me incomodava. Dava uma sensação de ser menor diante daquela deusa. Logo me certifiquei que ela era demais pra mim, mas ainda assim ela estava na minha.

- Pra te ter como submisso, acredito que vai me dar muito trabalho. O que você pensa a respeito de servir uma mulher?

- Acho excitante.

- Realmente é muito abaixo das expectativas. Você se masturba com frequência?

- Sim - respondi sem graça.

- É. Eu pensei que fosse mais atraente e tivesse uma alma mais submissa. A verdade é que quer que eu crie uma situação para você sentir prazer sendo humilhado. Não quer satisfazer meu prazer, quer que eu faça coisas com você que lhe fazem excitar. Esse perfil não me interessa.

- Mas eu não sei nada. A maior parte das coisas são fantasias, fetiches. Eu queria aprender algo, por favor.

Ela ficou pensativa, olhou seu relógio. Pensou um pouco e então comentou:

- Primeiro, me chame de forma correta. Senhora, Mestra, Dona. Esses são meus nomes pra você. Me exalte, seja respeitoso e, o mais importante. Me satisfaça em primeiro lugar, não pense em você, pense no que eu gostaria que acontecesse. Você é submisso, mas não é sem atitude. Deseja servir, mas não é tarado e nem deve viver calado, tem momentos pra isso e saberá quando é.

- Tá bem.

- Tá bem, o quê? - me perguntou querendo me corrigir.

- Tudo bem, Senhora.

- Isso, é bem melhor assim. Se deseja andar comigo, deve reconhecer sua inferioridade, inclusive em locais abertos. Vai ter momentos que não há necessidade disso. Mas isso é demonstrar respeito. Você, Letícia, ei, ou ausência de um dos nomes é como se fosse um xingamento pra mim. E só exijo de você porque implorou pra prosseguir. Mais uma insatisfação, eu vou desistir e deve respeitar minha decisão. No fundo acho que pode ao menos me entreter. Estamos combinados?

- Sim, Senhora.

- Onde pretende me levar? Enquanto me produzi, notei que não se importou tanto com os seus trajes. Isso me envergonha. Portanto nunca mais faça isso. Parece que vai me levar a um lugar qualquer e você acha que eu sou mulher para ir em qualquer canto?

- Não, Senhora. Jamais!

- Ótimo, então vamos onde?

- Que tal irmos no restaurante Le'Petit, Senhora?

- Hum. Seria adorável.

Fomos ao carro, entramos e ela analisou cada pedacinho. Dava suas orientações sobre limpeza do carro, impressões positivas que devia gerar e formas de lidar com ela. Também falou que no mundo BDSM, o submisso demonstra interesse nos menores detalhes. No desejo em acertar, na humildade em reconhecer que falhou, mas pretende acertar, nos cuidados, segurança e respeito, mesmo que a pessoa dominante esteja literalmente cagando no submisso.

Ouvia a tudo tentando anotar cada detalhe mentalmente. Chegamos ao restaurante, entreguei as chaves ao manobrista e entramos. Letícia olhou pra mim como se me obrigasse a escolher onde sentarmos e optei por uma mesa de canto, fomos, recebemos o cardápio e a carta de vinhos e enquanto prometemos analisar e os garçons se afastaram, Letícia voltou a instruir.

- Curiosa escolha da mesa. Porque aqui?

- Queria ter um momento mais intimista com a Senhora, para podermos conversar mais, nos conhecer, eu aprender.

- Hum, boa resposta. Mas observa como estou vestida. Também quero ser notada. Se viesse pra cá pra ser apenas um encontro contigo, usaria uma roupa mais normal, não ficaria tão sexy assim. Preste atenção aos detalhes.

Os garçons retornaram e então pedimos nossas refeições. Enquanto aguardavamos, Letícia me encarava, não dizíamos nada. Ela parecia tentar me intimidar, mas a verdade é que sentia-me inferiorizado e aquilo me deixava sem saber o que viria pela frente. O que se passava em sua mente? Seria presunçoso de minha parte imaginar que seria capaz de adentrar sua cabeça. E pensar isso fez ela sorrir, ela quem estava em minha mente.

Assim que a comida chegou, perguntei se ela desejava algo, me preocupei em primeiro vê-la se sentir bem e comer. Ela sorriu. Peguei meu talher e ela paralisou suas reações por um instante, isso fez me soltar e aguardar.

Seguimos com ela se alimentando e eu observando enquanto ela comia lentamente. Às vezes sorria, depois se concentrava no alimento. Seu telefone chegou a tocar uma vez, mas ela não fez questão nem de procurar ver quem era.

- Uma coisa foi demonstrada. Parece ter uma grande aptidão para aprender. Já entendeu, sem eu precisar falar, que submisso só come depois. Parabéns!

- Obrigado, Senhora. - respondi com uma sensação de alívio.

- Mas isso não tira o fato de estar em dívida e de ser um submisso muito leigo. Ainda penso a respeito do esforço que eu teria pra te encoleirar. Queria um ser cru, mas você é viciado, tem problemas que são difíceis de resolver.

- Posso saber o quê, por exemplo, Senhora?

- Bate punheta, não estava pronto pra me ver, o carro estava sujo. Demonstra ter um comportamento muito desleixado. Isso me deixa preocupada com o tempo que gastaria pra moldar e ficar do jeitinho que eu quero. Seria muito cansativo.

Fiquei sem reação. Não gostei muito de ouvir aquilo. O que ela queria? Não seria um encontro que envolveria sexo, pensava que teria isso, mas a essa altura estava longe de rolar algo assim. Isso me deixou mais desleixado e robotizado.

Ela terminou de comer, limpou sua boca e só então Letícia me autorizou:

- Pode se alimentar, quero que coma devagar, saboreando a comida fria, sem graça. Coma imaginando o quanto perdeu ter o prazer de ter uma comida quentinha porque eu assim o quis. Essa comida é muito nutritiva e boa pra um submisso desleixado feito você. Na próxima vez aguarde eu pedir e peça uma comida infinitamente inferior para que pensem que a comida pedida por você seja de uma mulher de dieta e confundam quando nos servirem. O meu prazer e a minha excitação se residem em ver você embaraçado, ver você perder oportunidade de ter o mesmo nível que um ser humano normal teria. É aí que reside minha satisfação.

Ouvir aquilo me soou muito esquisito e a comida, que ainda estava morna e saborosa, pareceu ficar estranha. Ela notou:

- Pode comer. Mas devagar. Não é pra deixar nenhum grão. Aproveite e observe as outras mesas, todos se alimentam juntos, você ficou por último, não está tendo a mesma satisfação que eles ao comer. Mas tem algo que você tem que eles não têm. Sabe identificar?

- Sua presença, Senhora!

- Exatamente. Então entende o quão importante é você não ser tão desleixado? Mesmo sendo inferior, está na minha presença. E a menos que algum deles passe a ser mais interessante pra mim, é você quem está tendo minha atenção. Portanto, não a perca, pois se for tão desleixado, estarei aqui, mas pensando em outras pessoas e coisas.

Conclui e então ela pediu pra ser levada embora. A deixei no endereço que pediu e antes de sair ela avisou que analisaria bem se me admitiria para passar a ser adestrado por ela em até trinta dias. Se ela não telefonasse, teria me descartado. E que era para respeitar isso e não ligar pra ela.

Foi a última vez que a vi. Ela não ligou e me deixou uma despesa alta do jantar. Mas foi a partir daí que fui entender as minúcias do que é ser submisso BDSM. E adorei a experiência.


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Comentários


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motgalego Comentou em 29/10/2025

Adorei pena que ouve continuidade com ela mas ser Sissy já deve ser bom imagina submissa uau




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Ficha do conto

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hsubsissy

Nome do conto:
Minha primeira Domme

Codigo do conto:
245874

Categoria:
Sadomasoquismo

Data da Publicação:
29/10/2025

Quant.de Votos:
3

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