Uma noite, Helena chegou ao apartamento de Clara sem avisar. Estava molhada de chuva, os cabelos colados ao rosto, a blusa fina grudada ao corpo.
— Você está ensopada — disse Clara, surpresa, ao abrir a porta.
— Eu precisava de você — Helena respondeu, entrando sem hesitar.
Clara mal teve tempo de fechar a porta antes de ser puxada para um beijo faminto. A água gelada na pele de Helena contrastava com o calor que irradiava de seus corpos. A roupa foi sendo tirada ali mesmo, no corredor. Clara pressionou Helena contra a parede, sentindo sua pele arrepiada sob os dedos. Os beijos se tornaram mais profundos, as mãos mais ousadas.
No quarto, Helena empurrou Clara na cama com um sorriso travesso. Subiu sobre ela devagar, sem tirar os olhos dos seus. Cada gesto era um desafio, uma provocação carregada de desejo. Quando sua boca desceu pelo pescoço, depois pelos seios, Clara arqueou as costas em resposta, os lábios entreabertos num gemido contido.
— Eu quero te devorar — Helena murmurou, a voz rouca.
E assim o fez. Com a boca, com as mãos, com os olhos. Cada movimento era uma afirmação: você é minha, e eu sou sua.
Elas passaram o fim de semana inteiro juntas. Entre os lençóis, o sofá, o chão da sala… era como se o desejo fosse um idioma novo que ambas estavam aprendendo com fluência. Às vezes era lento, exploratório — Clara adorava quando Helena a prendia pelos pulsos e a fazia esperar. Outras vezes era urgente, cru, descontrolado. Gemidos abafados no travesseiro, unhas marcando a pele, palavras sussurradas com gosto.
Mas mesmo nos momentos mais intensos, havia ternura. Um beijo na testa depois do êxtase. Um carinho nas costas, um entrelaçar de dedos. A intimidade não era só física — era completa.
Depois de tanto tempo vivendo escondidas atrás da amizade, veio o medo de assumir o que tinham. Numa noite, Clara se afastou após o sexo, os olhos fixos no teto.
— E se isso não durar?
Helena se deitou ao seu lado, puxando-a para perto.
— Nada é garantido, Clara. Mas se eu tiver que apostar em alguma coisa… é em nós.
Clara virou-se para ela e a beijou — dessa vez com calma, com a certeza de quem escolhe ficar.
Meses se passaram. Vieram jantares com amigos, apresentações como “minha namorada”, planos de dividir o mesmo lar. A paixão intensa se transformou em algo mais profundo — mas ainda ardente.
Na última cena dessa história, Helena aparece atrás de Clara enquanto ela prepara café pela manhã. Envolve sua cintura por trás e beija-lhe o pescoço devagar.
— Ainda me dá vontade de te despir toda vez que te vejo assim — murmura.
Clara sorri, virando-se para ela.
— E quem disse que você precisa esperar a noite?
Elas se beijam ali mesmo, o sol da manhã aquecendo o ambiente, mas incapaz de competir com o calor entre seus corpos.
E assim termina a história: duas amigas que se apaixonaram aos poucos, se desejaram com urgência e escolheram viver o amor em todas as suas formas — suave, ardente, completa.
puro tesão