A professora, antes contida, agora se deixava levar, com a camisa aberta, o sutiã entreaberto e o corpo entregue como se cada toque fosse necessário, vital. Clara ajoelhou-se diante dela, seus olhos fixos nos de Helena, buscando não apenas permissão, mas rendição. E a encontrei. Helena não disse nada — apenas extraiu os quadris e tirou a saia, como quem oferece um presente que estava guardado há anos.
A língua de Clara era precisa, lenta e cheia de intenção. Cada movimento era um poema carnal, cada suspiro que escapava da boca de Helena era uma estrofe nova, arrancada do fundo do seu desejo. Seus dedos seguravam firme na borda da mesa, os joelhos tremiam. Ela gemeu o nome da aluna pela primeira vez, e o som pareceu ecoar pelas paredes cheias de livros.
Clara não parou. Era jovem, mas determinada. Sabia o que fazia e gostava de ver Helena perder o controle, de vê-la se curvar, se abrir, se despir não apenas da roupa, mas da rigidez de anos de silêncio. E quando Helena veio abaixo, com um gemido abafado nos próprios dedos e nos olhos fechados com força, Clara continuou ali, saboreando cada segundo do que causava.
Quando finalmente se adormeceu, com os lábios úmidos e os olhos acesos, Helena a retira para si e o beijou com pressa, com fome, com gratidão. Era como se, naquele beijo, dissesse o que não ousaria com palavras.
— Isso nunca aconteceu — Helena sussurrou depois, o rosto ainda corado, os cabelos bagunçados.
— Ainda bem que aconteceu — respondeu Clara, encostando a testa na dela, sorrindo. — E vai acontecer de novo.
Helena sabia que estava à beira de algo perigoso. Mas naquele momento, entre livros caídos e respirações entrelaçadas, tudo o que ela queria era viver — com intensidade, com desejo, com Clara.