Esmalte vermelho - parte 1

Laura tinha 48 anos e uma beleza que o tempo apenas havia refinado. Seus cabelos castanhos escuros, levemente ondulados, caíam até os ombros com elegância. Os olhos verdes, profundos e atentos, contrastavam com a pele clara, levemente dourada pelo sol. Usava um vestido de linho branco que marcava suavemente as curvas ainda firmes, os seios bem proporcionados e as pernas que cruzava com naturalidade enquanto esperava na poltrona do salão.

Era uma tarde quente de outono. O salão tinha aquele perfume adocicado e penetrante de acetona e cremes, e uma música suave preenchia o ambiente.

— Laura? — chamou uma voz suave, com um leve sotaque interiorano.

Ela ergueu o olhar e encontrou a manicure: Ana.

Ana tinha pouco mais de 30 anos, talvez 32. Morena de pele bronzeada, cabelo preto liso preso num coque displicente, olhos castanhos intensos e lábios cheios, naturalmente vermelhos. Era baixa, mas de corpo curvilíneo, com quadris largos e mãos delicadas, porém firmes, envoltas por luvas finas. Vestia um macacão preto que delineava suas formas sem ser vulgar.

Laura a seguiu até a estação de trabalho. Sentou-se, e Ana se ajoelhou diante dela, pegando seus pés com carinho para começar a pedicure. O toque foi leve, cuidadoso, mas havia algo mais. Os dedos de Ana deslizavam com uma atenção que não parecia apenas profissional. Laura mordeu o canto dos lábios ao sentir o contato prolongado.

— A senhora quer o mesmo esmalte de sempre? — Ana perguntou, com a voz mais baixa agora, como um segredo sussurrado.

— Hoje quero mudar — respondeu Laura, encarando-a. — Algo mais... ousado.

Ana arqueou uma sobrancelha e pegou um frasco pequeno e brilhante.

— Vermelho paixão?

Laura sorriu. — Perfeito.

Enquanto Ana pintava suas unhas, Laura não conseguia deixar de observar os pequenos gestos: como os cabelos escuros da manicure caíam sobre sua testa, como o colo se insinuava sutilmente pela abertura do macacão, como as mãos deslizavam com precisão e carinho. Era como se cada movimento dissesse algo — e Laura ouvia.

Quando Ana terminou os pés e passou para as mãos, o contato se intensificou. Agora seus rostos estavam próximos, e as respirações se tocavam. As mãos se entrelaçaram por segundos além do necessário. Ana parou de pintar e ergueu os olhos, fixando-os nos de Laura.

— Tem certeza de que é só o esmalte que quer mudar hoje?

Laura sentiu um calor percorrer sua espinha. Lentamente, ergueu a mão e tocou o queixo de Ana com os dedos recém-pintados.

— Acho que quero muito mais do que isso.

O beijo veio como o desabrochar de um segredo. Primeiro, lento, tateando. Depois, mais firme, cheio de desejo contido por tempo demais. Ana se levantou, puxando Laura pela cintura. Os corpos se encostaram, sentindo as curvas, o calor, a promessa.

Dentro da saleta nos fundos do salão, longe dos olhos curiosos, elas se despiram entre carícias suaves e olhares famintos. As mãos de Ana exploravam o corpo maduro de Laura com admiração, e Laura, em troca, descobria na jovem manicure um fogo tão doce quanto intenso. Cada toque era uma confissão. Cada suspiro, uma entrega.

A porta da saleta se fechou atrás delas com um estalo suave, abafando os sons do salão. A pequena sala de descanso era iluminada apenas por uma lâmpada de canto, que lançava sombras douradas nas paredes. Laura encostou-se na porta, os lábios ainda úmidos do beijo, o peito subindo e descendo devagar.

Ana se aproximou, os olhos escuros queimando de desejo contido.

— Você é ainda mais linda de perto — murmurou, tocando o rosto de Laura com as pontas dos dedos.

Laura segurou a mão de Ana e a guiou até sua cintura, aproximando seus corpos. As bocas se buscaram novamente, agora com mais fome. Os beijos desceram pela mandíbula, pelo pescoço, onde Ana sugou levemente a pele, fazendo Laura suspirar com os olhos fechados. Os dedos da manicure exploravam com paciência, abrindo o botão do vestido branco, puxando o tecido devagar, revelando o sutiã de renda clara que mal cobria os seios.

— Que obra de arte… — Ana sussurrou, afastando o tecido com delicadeza, como quem abre um presente raro.

As mãos dela envolveram os seios de Laura com carinho, os polegares acariciando os mamilos endurecidos. Laura arfou, puxando Ana pela nuca, pressionando os corpos.

Logo as roupas foram caindo pelo chão: o vestido, o sutiã, o macacão de Ana deslizando pelas coxas firmes, a calcinha rendada que ficou presa nos tornozelos antes de ser esquecida.

A pele morena de Ana contrastava com a brancura da de Laura. Os corpos se encaixavam como peças de um quebra-cabeça há muito separado. Ana empurrou Laura suavemente até o pequeno sofá do canto. Deitou-a com cuidado, espalhando beijos pelo colo, descendo pela barriga, pelas coxas, explorando com a boca aberta e quente cada centímetro do corpo maduro que agora se entregava sem reservas.

Laura segurava os cabelos de Ana entre os dedos, guiando seus movimentos, sussurrando elogios e gemidos abafados. As pernas tremiam levemente enquanto Ana explorava com a língua, com lentidão, com arte, cada curva mais íntima de sua pele. O prazer veio em ondas, crescentes, até explodir em um gemido baixo, contido, seguido por um sorriso de olhos fechados.

Mas não pararam por aí.

Laura puxou Ana para cima e, invertendo os papéis, beijou-a com ainda mais paixão. A deitou no sofá, subindo sobre ela. Beijou seus seios firmes, circulando os mamilos com a língua, descendo até encontrar o centro quente e úmido entre suas coxas. Lá, foi paciente e generosa. Ana arqueava as costas, os dedos cravados no estofado, gemendo o nome de Laura entre sussurros ofegantes.

Quando os corpos finalmente repousaram, entrelaçados, suados, ainda tremendo de prazer, Laura acariciou o rosto de Ana com ternura.

— Nunca imaginei que um esmalte vermelho pudesse me levar tão longe...

Ana sorriu, mordendo de leve o lábio inferior. — Às vezes, a cor certa desperta mais do que só beleza. Desperta desejo. E coragem.

Ficaram em silêncio por alguns minutos, apenas sentindo a pele uma da outra, o calor compartilhado. Havia mais que luxúria ali. Havia o início de algo que nenhuma das duas sabia nomear.