Naquela tarde, ela chegou à clínica vestindo um vestido justo, azul-escuro, que realçava seu corpo com elegância e segurança. Os saltos altos marcavam seu caminhar lento e firme pelo corredor. Estava ali para sua sessão de bioestimulador de colágeno e talvez algo a mais — uma mudança no olhar, uma necessidade de se sentir viva novamente.
Foi recebida pela nova dermatologista, Dra. Helena, recém-formada e recém-saída de um término amargo. Tinha 29 anos, pele morena clara, cabelos castanhos presos em um coque alto e despretensioso. Seu rosto era delicado, com lábios carnudos, um olhar castanho profundo e observador. O jaleco realçava seu corpo esguio, mas com curvas femininas, especialmente notáveis no quadril e na postura sempre ereta e segura.
— Boa tarde, Marta. Seja bem-vinda — disse com um sorriso gentil, mas firme.
— Obrigada, doutora... Helena, não é?
— Isso mesmo. Pode me chamar assim, se preferir — respondeu, conduzindo Marta até a maca com um toque leve na base das costas.
A tensão entre as duas começou de forma sutil. Enquanto Helena explicava o procedimento, seus olhos percorriam, quase sem querer, a pele bronzeada e levemente perfumada de Marta, revelada à medida que o vestido era baixado delicadamente para expor a região das coxas e do abdômen. Marta notou, e não recuou. Ao contrário, ergueu o olhar com um pequeno sorriso.
— Você parece muito jovem para estar tão segura — comentou Marta, enquanto Helena aplicava o produto com toques leves e firmes.
— E você parece muito segura para estar tão... ferida — respondeu Helena, com sinceridade. Os olhos das duas se encontraram. Um silêncio se estendeu. Um silêncio carregado.
O procedimento seguiu em meio a toques suaves, palavras cuidadosas, e olhares longos demais para serem apenas profissionais. A tensão se transformou em algo mais quente, mais denso. Quando terminou, Helena limpou os resíduos da pele de Marta com um algodão embebido. Seus dedos roçaram a lateral da cintura de Marta, devagar.
— A sua pele está maravilhosa... firme, quente. — A voz saiu mais baixa do que o normal.
Marta se sentou lentamente na maca, agora de frente para Helena. As duas estavam próximas demais. O jaleco branco mal escondia o leve arrepio que se formou no braço da médica. Helena respirou fundo, mas não se afastou. Marta levou a mão até o rosto dela, tocando suavemente a linha do maxilar, depois o lábio inferior.
— Você é linda, doutora.
— E você... é irresistível — Helena sussurrou, antes de se aproximar e beijar Marta.
O beijo foi lento, exploratório, carregado de desejo acumulado e dor não resolvida. Helena segurou a cintura de Marta com firmeza, enquanto ela deslizava as mãos pelas costas da médica, puxando-a para mais perto. Ali, entre o cheiro de cremes e álcool gel, duas mulheres em transição se encontravam — não como fuga, mas como libertação.
Os minutos seguintes foram de toques quentes, mãos curiosas percorrendo o corpo uma da outra. O jaleco caiu ao chão. Marta explorou com os dedos a pele firme e suave de Helena, que respondeu com beijos no pescoço, nos ombros, descendo lentamente até os seios fartos da mulher madura. As respirações se misturavam ao som abafado dos corpos se encontrando, se reconhecendo.
A tarde terminou com Helena aninhada entre os braços de Marta, os corpos ainda nus sobre a maca. Pela primeira vez em muito tempo, Marta sentiu-se desejada... não por obrigação, mas por intensidade. E Helena sentiu-se segura — envolta no calor de uma mulher que sabia exatamente o que queria.