Marta começou a frequentar a clínica mais vezes, com desculpas cada vez menos convincentes. Massagem. Limpeza de pele. Retocar toxina. Mas o que buscava mesmo era o toque, o olhar, a presença de Helena.
Uma noite, após saírem para jantar — o primeiro encontro fora do consultório — caminharam até o carro de Marta. Lá, antes de se despedirem, ficaram em silêncio por alguns segundos.
— Eu não fazia ideia que queria isso… com uma mulher — confessou Marta, olhando para as mãos.
Helena tocou o rosto dela com delicadeza.
— Você queria ser tocada com verdade. Não importa quem está fazendo isso… importa como.
Marta então a beijou com ternura, menos voraz que nos encontros anteriores, mas mais intenso em emoção. Era o primeiro beijo fora do desejo bruto. Era o beijo da descoberta.
Momentos depois...
A noite estava morna, com um vento suave acariciando as ruas do bairro nobre onde Marta morava. Ao estacionar o carro na garagem da casa, ela lançou um olhar rápido para Helena, que observava tudo com curiosidade discreta. Era a primeira vez que estavam fora do ambiente clínico e longe de olhares. Ali, estavam sós. Verdadeiramente.
Marta abriu o portão automático e as luzes do jardim acenderam automaticamente, revelando uma entrada ampla, ladeada por plantas bem cuidadas e um caminho de pedras que levava até uma casa moderna de dois andares, toda em tons claros. Janelas grandes, portas de madeira nobre, tudo em silêncio e elegância.
— Então... é aqui que você renasceu? — disse Helena com um leve sorriso, subindo os degraus da entrada.
— Foi aqui que eu quase morri, na verdade — respondeu Marta, abrindo a porta com firmeza. — E também onde eu fiz questão de tomar tudo o que era meu. Ele saiu com uma mala. Eu fiquei com o resto.
A sala era ampla, com pé direito alto e iluminação indireta. Um sofá cinza enorme, de linho italiano, ocupava boa parte do espaço, em contraste com o tapete felpudo branco. Nas paredes, obras de arte modernas, e sobre a mesa de centro, uma garrafa de vinho tinto já aberta e duas taças à espera.
— Me serve uma? — pediu Helena, caminhando devagar, os saltos ecoando no piso de madeira.
— Claro. E se quiser ficar descalça, à vontade — disse Marta, já tirando os próprios sapatos com elegância. — Aqui você pode tudo.
Helena sorriu, observando a segurança de Marta. Era como se aquela casa tivesse absorvido a força da mulher que agora andava à sua frente. Serviu o vinho, entregou a taça a Helena e se aproximou, os corpos agora quase colados.
— Sabe o que eu mais gosto disso tudo? — Marta perguntou, com um leve sorriso no canto dos lábios. — Ele achava que me prendia com segurança. Mas agora... eu sou livre. E tudo isso aqui é meu.
— Inclusive eu, se quiser — disse Helena, olhando-a com fome.
Marta não respondeu. Apenas a puxou pela nuca e a beijou com uma intensidade lenta e carregada. As línguas se encontraram como se já se conhecessem. O beijo era mais fundo que os anteriores, mais possessivo. Helena deixou a taça sobre a mesa e segurou Marta pela cintura, empurrando-a lentamente contra o sofá.
A mulher madura sentou-se de pernas cruzadas, olhando para ela com provocação.
— Mostra pra mim, Helena… mostra o que você quer comigo.
Helena tirou o casaco devagar, revelando uma blusa de seda justa que delineava seus seios perfeitamente. Marta mordeu o lábio, deslizando os dedos pelo colo da médica.
— Vira de costas — ordenou em um sussurro.
Helena obedeceu. Marta aproximou-se por trás, puxando a blusa para cima lentamente, revelando a pele quente. Beijou a nuca, os ombros, os ombros que tremiam sob sua boca. Soltou o sutiã com facilidade, deixando-o cair no chão. Helena virou-se e os seios ficaram expostos, firmes e desejosos, os mamilos já rígidos.
— Você é perfeita — sussurrou Marta, chupando um deles com fervor, enquanto a mão descia pela barriga de Helena até encontrar a barra da saia.
Com um movimento firme, Marta puxou a peça, revelando a calcinha rendada já úmida. Passou os dedos devagar, por cima, pressionando, provocando.
— Olha só como você me quer...
Helena gemeu baixo, os joelhos tremendo. Marta levou-a para o sofá e a deitou com cuidado, depois tirou o próprio vestido com um único gesto, revelando seu corpo bronzeado, forte, as curvas acentuadas pela lingerie preta que parecia feita sob medida. Subiu sobre Helena, encaixando os corpos com naturalidade, os seios se tocando, os quadris pressionados um contra o outro.
As duas se exploraram com voracidade e carinho. Marta dominava com elegância, guiava com sabedoria. Seus dedos entraram em Helena com firmeza, enquanto os lábios alternavam entre beijos e sussurros eróticos. A médica contorcia-se sob ela, as pernas envoltas nas costas da mulher mais velha, puxando-a para mais fundo, mais perto, mais dentro.
Depois, Marta virou Helena de bruços, beijando cada curva das costas, descendo até os quadris, afastando a calcinha com os dentes. Sua língua mergulhou fundo, lenta, luxuriosa, fazendo Helena gritar o nome dela contra a almofada. O corpo da médica estremeceu num orgasmo longo, profundo, que a deixou exausta e entregue.
E quando Helena tentou retribuir, Marta se deitou, abrindo as pernas com naturalidade e olhar firme:
— Agora me faz esquecer tudo. Me faz lembrar quem eu sou de verdade.
Helena obedeceu. A boca dela foi uma oferenda, os dedos, um culto ao corpo de Marta. A mulher madura se deixou levar, gemendo alto, o corpo inteiro vibrando de prazer e redenção.
Horas depois, já nuas sob um cobertor macio no sofá, Marta acariciava os cabelos de Helena, que dormia com a cabeça apoiada em seu peito.
Na penumbra, com a taça de vinho ainda cheia ao lado, Marta sorriu para o teto.
Era a primeira noite que ela passava ali não como "a esposa traída", mas como dona absoluta do seu corpo, do seu prazer — e, talvez, de um novo amor.