A Professora Universitária



A professora Helena Albuquerque, de 43 anos, era conhecida nos corredores da universidade não apenas por sua autoridade acadêmica, mas pela presença serena e marcante. Viúva havia pouco mais de dois anos, ainda carregava a sombra doce e dolorosa de um casamento intenso com um oficial do Exército — um homem disciplinado e apaixonado, cuja ausência deixara nela não apenas saudade, mas uma fome silenciosa de vida.

Alta, com cerca de 1,75m, Helena exibia uma elegância discreta. Os cabelos castanhos escuros, cortados em um long bob que emoldurava seu rosto angular, contrastavam com seus olhos verdes e maduros — olhos que revelavam tanto inteligência quanto saudade. Seu corpo, mantido com disciplina através de pilates e natação, era tonificado, mas sem exageros. Vestia-se com sobriedade: saias lápis, blusas de seda, óculos de armação fina. Mas tudo nela — da postura firme ao perfume sutil de jasmim — exalava uma feminilidade segura e contida.

Laura Vasconcellos, aluna do terceiro período de Direito, era o oposto do silêncio interior de Helena. Tinha 21 anos e estava em processo de reconstrução. Tinha acabado de encerrar, não sem dor, um relacionamento tóxico com um namorado controlador. Laura era leve, falante, cheia de vida, mas com um olhar — grandes olhos castanhos e expressivos — que, vez ou outra, traía uma melancolia funda.

Física e emocionalmente vibrante, Laura era o tipo de jovem que chamava atenção sem perceber. Seus cabelos eram longos, lisos e escuros, sempre soltos. Tinha a pele dourada pelo sol, um sorriso generoso e uma beleza natural que dispensava maquiagem. Usava roupas modernas, com toques sutis de ousadia, como uma blusa de alças finas que deixava parte do ombro à mostra ou uma saia que dançava com o vento.

O primeiro encontro significativo entre elas se deu após uma aula sobre direitos civis. Laura ficou para fazer perguntas, mas seu tom não era apenas acadêmico — havia um brilho curioso e desafiador em sua voz, uma maneira de olhar que fazia Helena se sentir... desperta.

Os encontros se tornaram frequentes: na biblioteca, nos corredores, às vezes num café próximo ao campus. Os diálogos evoluíram. De livros e jurisprudências, passaram a falar de música, cinema, viagens, dores. Um dia, Helena notou que Laura encostara sutilmente o joelho no seu, enquanto riam de um comentário irônico sobre Kant. Não afastou.

O primeiro toque fora simples: os dedos de Laura sobre a mão de Helena, durante uma conversa particularmente íntima. Um arrepio sutil percorreu os braços da professora, e ela, sem palavras, sorriu com os olhos.

Quando finalmente se beijaram, foi no apartamento de Helena, uma noite de sexta-feira chuvosa. Laura apareceu com um vinho tinto e um olhar decidido. O beijo foi demorado, curioso, com a timidez de um começo e a fome de algo que já se sabia intenso. Helena sentiu-se viva de novo, não como antes — como agora. Era diferente do amor que vivera com seu marido. Era mais leve, mais fluido, mais inesperado. O corpo que ela cuidava com disciplina agora vibrava com outra energia.

Elas descobriram uma intimidade cheia de descobertas. Helena era firme, mas gentil. Laura era ousada, mas cuidadosa. A sensualidade entre as duas não era apenas física, era mental — feita de toques demorados, palavras sussurradas, gestos pequenos. Uma dança de gerações e experiências.

A cada encontro, uma nova camada era desnudada. Laura se libertava de antigas amarras, e Helena, das suas próprias culpas. Juntas, teciam uma relação que não precisava de rótulos — só de espaço, desejo e respeito.

Chuva e Vinho

A noite chovia devagar, como se o mundo lá fora sussurrasse para que tudo acontecesse com calma. Helena ajeitava discretamente os livros na estante da sala quando ouviu a campainha. Não se surpreendeu. Laura dissera que passaria apenas para deixar um vinho que tinha comentado na aula — um pretexto frágil, mas Helena não quis questionar. Desejava aquela visita.

Ao abrir a porta, encontrou Laura de jeans escuros, uma camisa leve semiaberta nos punhos, e o cabelo úmido pelas gotas da noite. Nos braços, uma garrafa de vinho tinto e um sorriso que mesclava nervosismo com expectativa.

— Achei que essa chuva pedia algo mais... íntimo — disse Laura, sem disfarçar o duplo sentido.

Helena sorriu com o canto dos lábios. Abriu espaço para que ela entrasse. O apartamento era aquecido, acolhedor, com luzes amareladas que criavam sombras suaves nas paredes e um leve aroma de baunilha no ar. Elas se sentaram próximas no sofá de linho claro, taças em mãos, rindo baixo, compartilhando histórias com a leve embriaguez do vinho e do desejo não dito.

Os olhares demoravam-se. Os silêncios começavam a falar mais do que as palavras. Em certo momento, Laura se aproximou com o corpo inteiro, não só com o olhar. Tocou o rosto de Helena com os dedos quentes e leves. A professora fechou os olhos.

O beijo foi silencioso, com sabor de uva e coragem. Helena sentiu a respiração de Laura se misturar à sua, e o mundo diminuiu de tamanho. As mãos de Laura passearam pelo rosto, depois pelo pescoço, como se quisesse memorizar cada traço. Helena correspondeu com uma ternura que vinha do fundo — sua mão pousou firme na cintura da jovem, guiando-a com naturalidade para seu colo.

A pele de Laura era quente, viva. Ela deslizou os dedos pelo decote discreto da blusa de seda de Helena, explorando os botões como quem desvendava um segredo antigo. Um a um, abriu-os, revelando a pele clara, os contornos firmes de um corpo maduro, cuidado, mas faminto de toque.

Helena, ao sentir-se exposta, não hesitou — havia, naquela entrega, um prazer em ser vista, desejada de novo. Laura a beijava no pescoço com delicadeza, alternando entre lábios e língua, provocando suspiros baixos que saíam quase involuntários da garganta de Helena.

Guiadas pelo desejo e pela descoberta, foram para o quarto. Ali, os corpos se tocaram com respeito e fome. A diferença de idade não existia mais — apenas pele contra pele, respirações entrecortadas, mãos que percorriam curvas e sulcos, beijos demorados, suspiros sincronizados.

Laura explorava Helena com reverência, sentindo cada músculo se contrair sob seus toques, cada sussurro como um elogio silencioso. Helena, por sua vez, redescobria o próprio corpo, através de um olhar jovem e apaixonado, que a fazia sentir não só desejada, mas revivida.

O tempo se diluiu. Não havia pressa. Era uma dança feita de olhos fechados, dedos entrelaçados e gemidos abafados em travesseiros.

Ao amanhecer, Helena acordou com o corpo entrelaçado ao de Laura, que dormia tranquila, como quem finalmente encontrara abrigo. A chuva cessara. E o silêncio da casa parecia agora pleno, preenchido.

Helena sorriu para o teto, os cabelos da jovem ainda sobre seu peito, e pensou: "Ainda posso viver tudo outra vez. Mas de um jeito novo."


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Ficha do conto

Foto Perfil escritorcwb
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Nome do conto:
A Professora Universitária

Codigo do conto:
235004

Categoria:
Lésbicas

Data da Publicação:
06/05/2025

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