Laura desfilava entre os formandos com uma elegância magnética. O vestido preto de cetim moldava seu corpo com perfeição: justo na cintura, com uma fenda lateral que revelava as pernas morenas a cada passo. Os cabelos estavam presos num coque alto, deixando o pescoço exposto — o mesmo pescoço que Helena conhecia com os olhos fechados. E os olhos castanhos, vivos e marcados por delineador, a buscavam no meio da multidão.
Quando Laura subiu ao palco para receber o diploma, houve aplausos e gritos. Mas só uma pessoa a aplaudia com as mãos trêmulas e os olhos úmidos. Helena sorriu — um sorriso contido, mas inteiro. Era impossível esconder o orgulho. Ou o amor.
Após a cerimônia, entre fotos, cumprimentos e taças de espumante, os olhares entre as duas se intensificaram. Era como se dissessem tudo que ainda não tinham coragem de falar em voz alta. Os pais de Laura estavam lá, amigos antigos também, mas nada naquele momento parecia mais real do que o desejo represado, agora prestes a transbordar.
Quando enfim puderam se afastar, Helena a levou pela mão até o carro, os dedos entrelaçados por um breve instante, e seguiram para seu apartamento. O silêncio no trajeto era pesado de antecipação.
Assim que a porta foi fechada atrás delas, Helena a puxou com uma força contida há meses. Beijou-a com fome. Um beijo que não pedia permissão, que dizia: “agora somos nossas”. As mãos foram rápidas. Laura empurrou a professora contra a parede, a boca deslizando pelo pescoço, pelos ombros, abrindo cada botão da camisa com os dentes, saboreando a pele nua como vinho raro.
— Hoje, eu quero que todo o mundo esteja lá fora — sussurrou Laura — porque aqui, dentro, ninguém mais pode nos parar.
Helena, pela primeira vez em muito tempo, não resistiu. Não mediu. Apenas cedeu.
Laura ajoelhou-se diante dela, com reverência e luxúria. Beijou suas coxas expostas, deslizando a língua lentamente por cada centímetro de pele, até que Helena arqueou as costas, respirando entrecortada. Seus dedos se enredaram nos cabelos escuros da jovem enquanto Laura a explorava com a segurança de quem conhece todos os caminhos — e ainda assim os percorre como novos.
Foram ao quarto aos tropeços de desejo. Helena, agora completamente nua, sentou-se na beira da cama e puxou Laura para si. Retirou o vestido dela com delicadeza, como se estivesse desfazendo um embrulho sagrado. Sob o tecido, a jovem usava uma lingerie fina, preta, rendada. Helena a olhou por um segundo longo, em silêncio.
— Você está... inacreditável.
Laura sorriu, deslizando sobre ela, montando-a com firmeza. Os corpos se encaixaram com perfeição, como se tivessem sido feitos para aquele momento. Os movimentos foram lentos no começo — uma dança de pele contra pele, suspiros entre beijos molhados —, mas logo se tornaram mais intensos, mais cravados de urgência. A cama rangia, o suor escorria por seus corpos entrelaçados, e o som de suas vozes — gemidos abafados, nomes sussurrados com adoração — enchia o quarto.
Quando finalmente se deitaram, lado a lado, ofegantes, os corpos ainda se tocando, Laura virou o rosto para Helena e disse, sem cerimônias:
— Eu quero viver com você à luz do dia. Chega de esconder.
Helena passou os dedos pelo rosto dela, e então, com a voz firme e baixa:
— Então amanhã, vamos ao brunch de formatura juntas. De mãos dadas. Como deve ser.