O salão do brunch de formatura era amplo, com mesas enfeitadas por flores brancas e taças de espumante tilintando em meio a conversas educadas e risos leves. O sol da manhã atravessava as cortinas translúcidas, banhando tudo com um brilho dourado, quase cinematográfico.
Quando Helena e Laura chegaram juntas, de mãos dadas, os olhares se voltaram como ondas. Primeiro discretos, depois mais assumidamente curiosos, surpresos, chocados — mas também fascinados.
Helena usava um vestido verde-escuro, de tecido leve, que abraçava seu corpo com elegância e deixava os ombros à mostra. O cabelo, solto, balançava sobre as costas nuas. Laura, ao seu lado, vestia um macacão branco de linho, colado ao corpo, com um decote discreto na frente, mas ousadamente aberto nas costas. A imagem das duas, lado a lado, era de pura harmonia e contraste: maturidade e juventude, firmeza e liberdade, sombra e luz.
Os cumprimentos vieram. Alguns breves e contidos. Outros com sorrisos sinceros. Alguns silêncios desconfortáveis. Mas elas não se abalaram. O toque das mãos, ainda entrelaçadas sob a mesa, era um lembrete constante de que estavam exatamente onde queriam estar.
Durante o brunch, os olhares se cruzavam mais do que as palavras. Entre um gole de espumante e outro, Laura roçava os pés nas pernas de Helena sob a toalha de linho. A ponta do salto deslizando por sua panturrilha nua, subindo com lentidão maliciosa.
Helena tentava manter a compostura — respondia a perguntas de ex-alunos, erguia a taça para brindes, sorria com educação — mas por dentro, o corpo queimava. Cada toque de Laura era uma fagulha. E quando a jovem se inclinava para sussurrar algo ao seu ouvido — a respiração quente contra a pele do pescoço —, Helena sentia as pernas tremerem levemente.
— Estou contando os minutos pra arrancar esse seu vestido com os dentes — sussurrou Laura, deslizando os lábios pelo lóbulo da orelha de Helena.
A professora fechou os olhos por um instante, respirou fundo e respondeu, em tom baixo:
— Vai precisar ser rápida. Eu posso perder o controle antes de chegarmos em casa.
O resto do brunch foi uma provação. Elas se tocaram com os olhos e os pés, sorriram com os lábios e com os dedos discretamente cruzados sob a mesa. E quando se despediram, os sorrisos eram educados, mas os corpos... famintos.
Capítulo: Fome Tardia
O elevador subia em silêncio, tenso. Assim que as portas se fecharam, Laura empurrou Helena contra a parede espelhada com um beijo faminto. Os corpos colaram-se de imediato, as mãos se agarraram aos quadris, aos cabelos, aos ombros nus. A espumante ainda fazia efeito, mas era o desejo acumulado que deixava ambas embriagadas.
Entraram no apartamento tropeçando em beijos. Helena trancou a porta às cegas, sem tirar os olhos de Laura, e puxou-a pelo laço do macacão. A peça deslizou suavemente até o chão, revelando o corpo moreno sob a luz do meio-dia, agora filtrada pelas cortinas.
Laura não usava nada por baixo.
— Isso foi de propósito? — perguntou Helena, sorrindo.
— Tudo em mim hoje foi por você — respondeu Laura, empurrando a professora até o sofá.
Helena caiu sentada, e Laura ajoelhou-se entre suas pernas, empurrando o vestido para cima. Beijou-lhe os joelhos, depois as coxas, abrindo espaço com as mãos e com a boca, como quem buscava um altar. Helena gemeu baixinho, arqueando o corpo, os dedos cravando nas almofadas enquanto Laura a tomava com a língua, firme e lenta, olhando para cima com olhos de pura devoção e prazer.
O vestido foi retirado com pressa. Estavam nuas, livres, sem sombra de medo.
No tapete da sala, Laura montou sobre Helena, os seios tocando os dela, os quadris se movimentando num ritmo lento e profundo. O sol desenhava seus contornos no chão, seus cabelos soltos caíam sobre os ombros de Helena, e os gemidos — agora soltos, audíveis, cheios de entrega — preenchiam o espaço como uma música íntima.
Elas se amaram por horas. De forma intensa, suada, sincera. Depois do clímax, deitadas no chão, os corpos ainda entrelaçados, Helena beijou a testa de Laura e sussurrou:
— Agora o mundo sabe. Mas só a gente entende.
E Laura respondeu, sorrindo:
— Que sorte a nossa.