Comecei a montar uma vigilância, como se fosse um detetive de filme. instalei uma câmera escondida na sala, apontada pro sofá do home cinema. Nada de mais, só Clara e Lucas assistindo filme, ela com a cabeça no ombro dele, ele passando a mão no cabelo dela. Normal. Ou não? Também comecei a chegar em casa mais cedo, sem avisar, entrando pela garagem pra não fazer barulho. Queria pegá-los desprevenidos, na piscina, na academia, no quarto. Mas tudo que vi foram coisas de sempre: beijinhos no rosto, abraços apertados, risadas cúmplices. Coisas de mãe e filho. Ou era o que eu dizia pra mim mesmo.
Na segunda, vi Clara dando um beijo estalado na bochecha do Lucas enquanto ele saía pra academia. “Vai com cuidado, meu amor”, ela disse, a voz doce, o robe de seda aberto, mostrando as coxas bronzeadas. Ele sorriu, aquele sorriso torto que me dava nos nervos, e passou o braço pela cintura dela, puxando ela pra um abraço. Porra, isso é normal? Minha cabeça gritava que não, mas meu coração queria acreditar que sim. Na quarta, peguei os dois na cozinha, ela rindo enquanto ele jogava farinha nela, fazendo bagunça com um bolo. “Para, seu bobo!”, ela gritava, o shortinho marcando a bunda, o cheiro de baunilha no ar. Ele riu, limpando a farinha do rosto dela com o dedo, demorando mais do que precisava. Caralho, isso é coisa de mãe e filho? Eu tava ficando louco.
No carro, voltando do trabalho na quinta, comecei a pensar que talvez o problema fosse eu. Talvez eu tava vendo coisa onde não tinha. Clara sempre foi carinhosa com o Lucas, sempre foram grudados. E eu? Eu tava sempre no escritório, sempre com a cabeça na construtora, deixando ela sozinha, deixando ele preencher o vazio que eu criei. Porra, Otávio, você tá paranoico. Resolvi que era hora de mudar. Dar mais atenção pra ela, pra família. Ser o marido que ela merecia. O pai que o Lucas precisava.
Na sexta, parei numa floricultura no caminho pra casa. Comprei um buquê de rosas vermelhas, coisa que não fazia há anos. O cheiro das flores encheu o carro, e, pela primeira vez em semanas, senti um peso saindo do peito. Vou chegar cedo, vou abraçar ela, vou dizer que a amo. Cheguei em casa por volta das seis, o sol ainda brilhando no horizonte. Estacionei na garagem, peguei as flores e entrei pela porta da frente, o coração acelerado, mas com uma esperança que eu não sentia há tempos.
Foi aí que ouvi.
Um gemido. Alto, cru, cheio de prazer. Vinha do andar de cima, do corredor que levava pro nosso quarto. Meu corpo gelou, as flores quase caindo da mão. Não. Não pode ser. Outro gemido, mais longo, mais desesperado, seguido de um som molhado, como pele contra pele. Minha cabeça explodiu. Era ela. Era Clara. E eu sabia, no fundo, que era com ele. Não, porra, ele tá comendo minha mulher na minha cama?
O sangue subiu, a raiva queimando, mas, caralho, meu pau tava duro, pulsando na calça contra minha vontade. Otávio, o que tá acontecendo com você? A fúria tava lá, sim, mas misturada com um tesão doentio, uma curiosidade que me fazia tremer. Eu precisava ver. Precisava saber.
Devagar, quase sem respirar, subi as escadas, cada degrau rangendo baixo o suficiente pra não me entregar. O buquê ainda na mão, as pétalas roçando na minha coxa. O som ficou mais claro gemidos abafados, respiração pesada, um “Isso, isso...” rouco que era, sem dúvida, a voz dela. Meu estômago embrulhou, mas meus pés não pararam. Cheguei no corredor, a porta do nosso quarto entreaberta, a luz suave da luminária vazando. Ele tá fodendendo ela na minha cama. Meu filho.
Mas não era o que eu esperava.
Clara tava lá, sim, deitada na nossa cama, a cabeça jogada pra trás nos travesseiros, os olhos fechados, a boca entreaberta soltando gemidos. Mas não era Lucas. Era um vibrador, um brinquedo preto brilhante que ela segurava entre as pernas, a calcinha de renda jogada no canto da cama, o shortinho amassado na coxa. O robe de seda aberto, os peitos livres, os mamilos duros brilhando com suor. O cheiro de sexo enchia o quarto, misturado com o perfume floral dela, e o som molhado do brinquedo entrando e saindo da buceta dela era hipnótico. Caralho.
Eu devia ter sentido alívio. Devia ter rido da minha paranoia. Mas o que senti foi outra coisa. Tesão. Raiva. E uma pontada de... inveja? Ela tava gozando sozinha, se entregando daquele jeito, e não era pra mim. Não era pro Lucas. Era pra ela mesma. E isso, de alguma forma, me deixou ainda mais louco.
Ela não me viu. Não ainda. Os gemidos ficaram mais altos, o corpo dela tremendo, as coxas apertando o brinquedo enquanto ela gozava, um “Porra, isso...” escapando da boca. Eu podia ter entrado, podia ter falado algo, mas não fiz nada. Só fiquei lá, o pau duro como pedra, as flores na mão, o coração na garganta.
Então, fiz o que não esperava de mim mesmo. Dei um passo pra trás, silencioso, e desci as escadas devagar. Na porta da frente, abri e fechei com força, como se tivesse acabado de chegar. “Clara, cheguei!”, gritei, a voz rouca, fingindo normalidade. Ouvi um barulho no andar de cima, o som de pano sendo ajeitado, passos rápidos. Quando ela apareceu no corredor, descendo as escadas, o robe fechado, o cabelo meio bagunçado, o rosto corado, tava com um sorriso nervoso.
“Oi, amor! Você... chegou cedo”, disse, os olhos brilhando, como se tentasse esconder algo. Mas eu sabia. E ela não sabia que eu sabia.
“É, resolvi dar uma folga pro escritório”, falei, entregando as flores. “Pra você.”
Ela pegou o buquê, o sorriso se abrindo, mas com um toque de surpresa. “Nossa, Otávio, quanto tempo... Obrigada.” Ela se aproximou, me deu um beijo leve, o cheiro dela — aquele perfume misturado com sexo — me deixando zonzo.
“Tá tudo bem?”, perguntei, olhando nos olhos dela, procurando algo. Qualquer coisa.
“Tá, amor. Tô só... cansada”, respondeu, rápido demais. “O Lucas tá na academia, deve chegar mais tarde.”
Lucas. O nome dele ainda cutucava, mas agora eu não sabia mais o que pensar. Era tudo na minha cabeça? Ou ela tava escondendo algo? O vibrador, os gemidos, a culpa no olhar dela... Tudo girava na minha mente, e o tesão não ajudava.
“Vem, vamos jantar juntos”, falei, puxando ela pela cintura, sentindo o calor do corpo dela contra o meu. Ela sorriu, mas havia algo nos olhos dela. Um segredo. E eu ia descobrir qual era.