No Beco da Lapa – Parte 2: Calor de Corpo

A noite seguia densa na Lapa, como se o ar tivesse gosto de desejo. Vinícius e Bruno já tinham saído do bar fazia um tempo, mas o fogo entre eles não dava trégua. Aquele bequinho atrás dos Arcos virara o centro do universo — escuro, abafado, cheirando a pedra, cerveja derramada e luxúria contida.

Vinícius encostou de novo na parede, as mãos de Bruno já passeando por baixo da regata encharcada de suor. Os corpos se colaram, peito contra peito, coxa roçando entre as pernas. Era calor de corpo mesmo, daqueles que não se finge.

— Cê dança bem… mas pega melhor ainda — murmurou Bruno, a voz rouca no ouvido de Vinícius, que fechou os olhos com um sorriso torto.

— E ainda nem viu tudo.

As mãos deslizaram com mais ousadia. Vinícius apertava a barra da camisa de Bruno, puxando pra cima, revelando o abdômen suado, normal, real — e justamente por isso, irresistível. Ele mordeu o lábio e se abaixou um pouco, os dedos passeando pela cintura do outro com malícia.

Bruno arfava baixo, os olhos fixos em Vinícius como se o tempo tivesse parado. Os beijos ficaram mais intensos, molhados, cheios de língua e vontade. As mãos se tornaram atrevidas, os toques, mais firmes. Um gemido escapou entre os beijos. Era o tipo de som que não se faz por educação — é instinto.

— Aqui mesmo? — sussurrou Bruno, a testa encostada na de Vinícius, os olhos brilhando com aquela mistura de desafio e tesão.

— Aqui, agora. A cidade que assista.

Vinícius virou de costas, empinou um pouco o quadril com intenção, e Bruno segurou firme, colando atrás, os dois encaixados com perfeição. A fricção era quase tortura. Eles se movimentavam como se o mundo ao redor tivesse desaparecido — só existia o calor, o toque, o cheiro, o querer.

O beco era estreito, mas o desejo era largo. Mãos se apertando, respiração acelerada, gemidos abafados entre mordidas no ombro. A tensão estava no limite, o tipo de encontro que se grava no corpo, não só na memória.

Depois de minutos que pareceram uma eternidade suada, os dois recuaram, ofegantes, encostados um no outro como quem segura uma explosão. Riram, cúmplices, ainda com as roupas tortas e o fogo mal resolvido.

— Isso foi só o trailer — disse Vinícius, passando a mão no cabelo, ainda colado no peito de Bruno.

— Então me chama pro filme completo… Tô pronto.

E os dois desapareceram entre os becos da Lapa, rumo a mais promessas não ditas — que o corpo ia saber cumprir.