Foda-se e Me Come

A luz da cozinha piscava como se soubesse o que ia rolar.
O som da respiração já era mais alto que o do ventilador.
E os dois ali — Matheus e Raul — se encaravam com a intensidade de quem já transou mil vezes com os olhos.

Vieram do bar. Amigos? Quase.
Mas o olhar no último gole de cerveja dizia tudo: hoje é dia de esquecer tudo e gozar como se o mundo fosse acabar.

Matheus foi o primeiro a falar.
— Tá olhando o quê?

Raul respondeu sem mexer a boca:
— Tô olhando o que eu vou meter.

A camisa subiu, a calça desceu. Nem teve beijo ainda.
Porque a urgência falava mais alto.
Um empurrou o outro contra a geladeira, que fez um barulho seco.
A mão foi direto no pau por cima da cueca, sem cerimônia, apertando com vontade de rasgar.

— Tira essa merda. Quero pele, não pano.

A boca veio logo em seguida.
Língua, dente, baba. Nada suave. Nada educado.
Era beijo que arranhava, que fazia o queixo doer.
Era mão no cabelo, era tapa na bunda, era mordida no ombro com o som abafado de um gemido que ninguém quis segurar.

Foram pro chão da sala. Tapete jogado, tênis pra longe.
Um montado no outro, roçando, esfregando, gemendo no ouvido.
Pau com pau. Tesão com raiva.

— Me come logo, porra — Matheus disse, com o rosto virado e o olhar de quem desafia.

Raul cuspiu na mão, abriu espaço com os dedos, e entrou. Sem avisar.
Matheus mordeu a almofada pra não gritar. Mas o grito veio assim mesmo.

E aí o foda-se explodiu.

Marcos socava com ritmo bruto, as costas brilhando de suor, o som da pele batendo no cu ecoando no apê.
Gemidos virando palavrão.
Palavrão virando pedido.
Pedido virando ordem.

— Mais forte, caralho!
— Assim?
— ASSIM, PORRA!

Gozo veio quente, espremido, como se o corpo estivesse exorcizando o desejo.
Um tremendo, o outro colado nas costas, gemendo grave, mordendo o pescoço.

Mas não acabou.

Matheus se virou, ainda duro, com o gozo escorrendo pela coxa, e disse com o sorriso torto:

— Agora é minha vez de arregaçar você.

E Raul abriu as pernas com um sorriso no canto da boca.

Foda-se.

O barulho do mundo lá fora podia ser o apocalipse.
Lá dentro, era só tesão puro, bruto, suado.

E ninguém queria escapar disso.