Marcos e Jorge tinham combinado de parar no mesmo posto da ida.
Era discreto, velho, meio largado — perfeito pra fazer putaria com sossego.
Só que dessa vez não era visita.
Era despedida.
Caio já estava esperando.
Sentado atrás da oficina do posto, de short jeans e regata branca, com o pau marcando descarado, como se tivesse esperando ser chamado pra dentro de novo.
Marcos desceu do caminhão, sem camisa, com o peito cheio de tatuagem e o olhar firme.
— Ainda de plantão, frentista?
— Última foda do turno — Caio respondeu, mordendo o canto da boca.
Jorge desceu também, puxando uma sacola com duas latinhas e um frasco de lubrificante já meio vazio.
Ninguém precisou combinar nada.
O clima já dizia tudo.
A cabine do caminhão virou um altar sujo da luxúria.
Caio entrou primeiro, já tirando a roupa. O corpo marcado de chupadas antigas.
Deitou no banco, as pernas abertas, os olhos baixos, pronto pra ser usado até não sobrar gemido.
— Hoje é despedida. Quero os dois juntos — ele sussurrou.
Marcos e Jorge se entreolharam.
— Ao mesmo tempo?
— Quero sentir os dois — Caio disse. — Quero lembrar disso até doer.
E foi o que teve.
Marcos encaixado embaixo, Jorge por cima.
Dois paus, dois ritmos, duas mãos segurando firme.
O corpo de Caio tremia, a boca gemia, e os olhos reviravam.
A cabine balançava.
A buzina chegou a disparar uma vez, de tanto que o banco mexia.
— Porra, vocês vão me arrebentar — ele gemia, a voz falha.
Jorge riu, metendo mais fundo ainda.
— É isso que cê quer, né, frentista safado?
Caio só conseguiu assentir com a boca aberta, recebendo o que tinha pedido.
Foram minutos de revezamento, de pressão, de palavrão no ouvido, de gozo que escorria antes mesmo do final.
Até que, de joelhos, suado, com as coxas tremendo, Caio foi engolido pela força dos dois gozando juntos:
um metendo até a base, o outro gozando na boca dele, segurando com força, sem deixar escapar uma gota.
Caio engoliu tudo.
O corpo tremia.
O sorriso dele dizia: foda-se o resto. Essa viagem valeu.
Marcos acendeu um cigarro.
Jorge limpava o peito com um pano sujo.
— Vai sentir falta da boleia, hein? — Marcos disse.
— Vou. Mas vou bater pensando em vocês.
Silêncio.
Só o barulho da estrada ao longe.
Caio vestiu a roupa, desceu do caminhão com a bunda marcada e o andar mole.
— Agora sim posso encerrar o turno.
Os dois caminhoneiros se olharam e riram.
Fim de viagem.
Mas a estrada? Sempre chama de novo.