Quinta-feira, fim de tarde, o trânsito engarrafado e o calor colando o jeans nas pernas.
Felipe, motorista de Uber, 33 anos, barba feita, braço tatuado, ar-condicionado no 22 e uma playlist de R&B tocando baixinho no fundo.
No painel, como sempre, ele deixava um Halls preto solto ali no console.
Não era frescura.
Era… digamos… um sinal.
Quem sabia, sabia.
Ele só oferecia quando sentia o clima no carro mudar.
A corrida seguinte foi pro Lucas, 27, designer, calça de moletom, camiseta branca, óculos escuros e um cansaço gostoso no corpo.
Entrou no banco de trás e logo sentiu o cheiro: carro limpo, perfume amadeirado, e aquele arzinho gelado batendo certo.
— Tudo bem aí atrás? — Felipe perguntou, olhando pelo retrovisor com um leve sorriso.
— Melhor agora, com esse clima aqui — Lucas respondeu, já jogando o braço por cima do banco.
O trânsito travado, os carros parados, e o silêncio preenchido só com The Weeknd e aquele olhar de canto de espelho.
Até que Felipe pegou o Halls com dois dedos, virou de leve pra trás e disse:
— Quer um?
Lucas olhou pro drops. Depois pro motorista.
Sorriu torto.
— Halls preto, né? Cê sabe o que isso quer dizer…
Felipe soltou uma risadinha.
— Não ofereço pra qualquer passageiro.
Lucas esticou a mão, pegou a bala e colocou na boca devagar, lambendo a pontinha antes de jogar pra dentro.
O ar ficou mais denso.
O calor subiu mesmo com o ar ligado.
— Tá com tempo depois da corrida? — Lucas perguntou, agora com a voz mais baixa.
Felipe olhou pelo espelho.
O olhar já dizia sim.
Desviou do caminho, parou numa rua sem saída, discreta, com os vidros fechados.
— Banco da frente ou continua atrás? — ele perguntou, já desligando o carro.
Lucas subiu pra frente sem pensar duas vezes.
A mão dele já foi na coxa de Felipe, que soltou um gemido seco, virou o rosto e encaixou um beijo cheio de língua e vontade.
O Halls ainda fazia a boca gelada.
A língua de Lucas descia quente pelo pescoço.
Felipe soltou o cinto e jogou o banco pra trás.
— Senta aqui — disse, abrindo o zíper.
Lucas não respondeu. Só engoliu a rola com a boca ainda gelada, fazendo Felipe soltar um palavrão alto, a mão agarrando o cabelo dele.
— Porra… assim eu bato o carro…
— Bate dentro de mim, então — Lucas respondeu, com o pau ainda na boca.
E ali, entre buzinas distantes e o som abafado da música, os dois esqueceram a cidade.
Lucas sentou com força, rebolando com o cu todo aberto, gemendo no ouvido de Felipe, que socava com as duas mãos na cintura, a respiração falhando.
Aquele carro virou um motel com quatro rodas.
O cheiro de Halls, gozo e suor tomou o ar.
E quando Felipe gozou fundo, com um gemido grave e o corpo todo tremendo, Lucas sorriu, ainda no colo dele, suado, saciado.
— Cinco estrelas pra essa corrida, com certeza.
Felipe riu, ofegante.
— Avaliação mútua.
Mas da próxima vez, entra direto na frente.
Um serviço de qualidade assim, a refrescante balinha só aumenta mais a satisfação do usuário. Delicioso conto.