A galera tava animada, cheia de bolsa vazia pra encher de roupa barata e sacoleira.
Mas Danilo, 32, tava ali por outro motivo.
Não era a primeira vez que ele fazia essa excursão — e nem era a primeira vez que se sentia inquieto por causa do motorista.
Guga.
Quarentão, grisalho, corpo firme de quem corre e pedala todo dia.
Camiseta justa no braço forte, e uma bunda que fazia até quem não curtia homem virar o pescoço.
Ele subiu no ônibus com o microfone e aquele tom rouco de comando:
— Boa noite, pessoal. Viagem direta, sem frescura. Primeira parada, só em Ourinhos. Aproveitem pra descansar… ou o que quiserem.
Danilo já sorriu.
Se ajeitou na poltrona do fundão, o pau mexendo na bermuda só de ouvir a voz do cara.
A viagem seguiu.
Luz apagada. Gente dormindo.
Danilo desceu até o banheiro fingindo que tava apertado… mas parou na porta da cabine.
Guga viu pelo espelho e abriu a cortininha.
— Tudo certo aí atrás?
— Mais ou menos — Danilo respondeu. — Tô inquieto. A viagem é longa demais…
Guga encarou ele por uns segundos.
— Entra aqui.
Danilo subiu os dois degraus e entrou no espaço apertado da cabine.
O cheiro de homem limpo, misturado com diesel e bala de hortelã, subiu direto no nariz.
— Fecha a cortina.
Danilo obedeceu.
Nem deu tempo de falar mais nada.
Guga segurou ele pela nuca e beijou firme, com língua, com vontade, com aquele peso de homem que sabe o que tá fazendo.
— Tava se oferecendo desde a rodoviária, né?
— E você só enrolando…
Guga abaixou a bermuda dele, puxou o pau pra fora e colocou na boca com fome.
Ali mesmo, com o ônibus correndo na BR.
Passageiros dormindo.
E o motorista chupando com uma mão no volante e a outra no pau.
Danilo gemia baixinho, os joelhos tremendo.
Depois, Guga virou ele de frente pro painel, abaixou a própria calça, e meteu com força, rápido, fundo — sem parar de dirigir.
— Fica quieto. Vai gozar olhando pra estrada.
— Caralho, Guga… assim eu vou…
— Vai mesmo. Agora. Sem tirar.
Danilo goza primeiro.
Guga logo depois, socando até o fim.
Suor escorrendo no peito.
Silêncio.
Só o som do motor e a respiração pesada.
Guga ajeita a roupa, limpa rápido, e diz com o olhar firme:
— Agora volta pro lugar e finge que dormiu.
— E se eu quiser mais na volta?
— Compra logo suas peças no Brás. Na volta eu quero ver você sem cueca na poltrona 36.
Danilo sorri, sai de fininho e volta pro banco.
E o ônibus segue.
Mas ele já sabia: naquela excursão… quem realmente vendeu tudo foi o Guga.