Sou Hetero ou tento achar que sou, casado, mas levei vida dupla com outro homem - Cap. III



Com o tempo, a confusão deixou de ser apenas um segredo e virou rotina. Era como se eu vivesse duas vidas em paralelo.

Na faculdade, circulavam comentários de que eu era “a mocinha” do meu colega de quarto. Não era um rótulo dito em voz alta, mas estava nos olhares, nos silêncios, no jeito como me enxergavam sempre à sombra dele. E, de certa forma, eu aceitei. Porque naquela relação eu me sentia protegido. Era como se o mundo ficasse do lado de fora da porta e, dentro do quarto, fôssemos apenas dois corpos que se conheciam de cor, duas vontades que se completavam.

Ele adorava quando chegava e me encontrava nu, de quatro, à sua espera. Ficamos tão cúmplices que os comentários na república se intensificaram — afinal, os gemidos se tornaram constantes, cada vez mais altos, cada vez mais descarados. Nossa… ele me comia com tanta fome, com tanta safadeza, que não havia como disfarçar. Passei a ter leitinho escorrendo na boca quase todas as manhãs.

Mas havia também a vida fora da república, na minha cidade natal. Foi lá que me envolvi com ela — uma mulher cinco anos mais velha, que me olhou de um jeito que eu nunca tinha recebido antes: como alguém que podia ser escolhido, não apenas tolerado. Ela tinha maturidade, tinha experiência, e eu, com minha carência crônica, me agarrei a isso.

No começo, era simples. Eu precisava dela para me sentir homem; ela precisava de mim para se sentir desejada. Não era paixão incendiária, mas era presença, constância, rotina. Com o tempo, nos acostumamos tanto um ao outro que viramos namorados, e assim ficamos por dez anos. Dez anos divididos entre duas identidades: na cidade grande, o segredo; em casa, o namoro estável.

Transávamos, mas eu nunca conseguia entregar a mesma volúpia. Como ativo, era tímido, inseguro, quase mecânico. Talvez por ter sido tratado como “mulherzinha” durante toda a faculdade.

Era estranho pensar como consegui equilibrar tudo. Durante os períodos de aula, eu me entregava ao meu colega: era a mulher dele, a amante secreta, a certeza noturna. Nos raros feriados prolongados ou nas férias, voltava para os braços dela, que me acolhia com paciência e, às vezes, com um olhar quase maternal. Eu a amava de um jeito esquisito — talvez pela segurança que me dava, talvez porque, no fundo, eu não suportava a ideia de ficar sozinho. A única dúvida que carreguei por anos foi se ela desconfiava ou não da minha vida dupla.

Mas a verdade é que, com o tempo, os papéis começaram a me sufocar. Quando a faculdade terminou e cada um seguiu seu rumo, o contato com meu colega foi se diluindo até virar apenas lembrança e saudade. Sobrou só ela, e eu me agarrei ainda mais. Estávamos juntos por costume, por necessidade, por medo do vazio.

Até o dia em que tudo desabou.

Eu já trabalhava no banco, cheio de metas, tentando me convencer de que tinha encontrado um caminho. Certa semana, avisei que só voltaria na sexta, mas, por causa de um feriado na cidade, acabei voltando na quinta. Ao chegar em casa, tudo estava escuro. Apenas uma luz fraca vinha do quintal. Entrei em silêncio, achando que minha esposa já dormia. Foi então que ouvi: gemidos abafados, misturados a estalos de tapas. Meu coração disparou. Avancei até o corredor e, ao me aproximar do quarto, vi o que nunca imaginei.

Ela estava na cama, entregue a dois homens. Um deitado, recebendo seu boquete voraz; o outro a penetrava por trás, socando suas nádegas com violência compassada. Os gemidos dela ecoavam fortes, entrecortados por suspiros e pedidos abafados. O contraste me paralisou: dois corpos morenos, musculosos, dominando aquela mulher branquinha e pequena, completamente entregue.

Fiquei imóvel, como se tivesse saído de mim. Só observava, incapaz de agir, enquanto a cena se desenrolava com uma sincronia quase cruel. Ela largou o pau que chupava e montou sobre ele com avidez, rebolando fundo, enquanto o outro abriu seu corpo ainda mais, enfiando-se em seu cuzinho sem piedade. A dança dos três era perfeita, brutal, cheia de prazer proibido.

O primeiro gozou com força, arqueando as costas e caindo para trás. Logo em seguida, o outro encheu sua buceta até transbordar, arrancando dela um grito final de prazer. Quando percebi, o que a penetrava por trás me viu parado na porta. Ele apenas fez um gesto discreto, avisando os demais. Os dois vestiram-se rapidamente e saíram em silêncio, sem olhar para mim.

Eu também não disse nada. Não gritei. Não cobrei. Apenas permaneci ali, vazio.

Ela tentou explicar, tentou chorar, mas eu não ouvi nada. Dentro de mim, algo se quebrou de vez. Não era apenas a traição — era a constatação de que eu nunca tinha sido suficiente. Nem para ela, nem para ninguém. E, de certa forma, a culpa também era minha.

Ainda fiquei alguns dias tentando processar. Minha falta de reação deu espaço para os dois homens ficarem cada vez mais ousados. Logo a notícia se espalhou pela cidade, como fogo em palha seca.

A vergonha foi tanta que pedi transferência dentro do banco e me mudei. Precisava fugir de todos os olhares, das lembranças, das ruas que carregavam a marca da humilhação.

Na nova cidade, cheguei vazio. Sem ela, sem meu colega de quarto, sem certezas sobre quem eu era ou o que queria. Era como se tivesse apagado dez anos de vida e começado do zero.

E foi nesse recomeço que encontrei quem viria a ser minha esposa. Não aconteceu de imediato. No início, me escondia atrás do trabalho, das planilhas, dos números. Mas ela apareceu como quem não exige, apenas está. Aos poucos, foi me arrancando dos escombros, me mostrando que ainda era possível acreditar em alguém.

Minha doce Dadinha, que me aceita como eu sou: seu marido provedor… e seu corno manso passivo.


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Comentários


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engmen Comentou em 02/09/2025

Envolvente, íntimo, excitante e retrata muito da realidade. Excelente sequência.

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casadobraga Comentou em 01/09/2025

Corrigindo uma série*

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casadobraga Comentou em 01/09/2025

Pqp! Merecia virar uma sereia e parabéns




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Ficha do conto

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Nome do conto:
Sou Hetero ou tento achar que sou, casado, mas levei vida dupla com outro homem - Cap. III

Codigo do conto:
241373

Categoria:
Bissexual

Data da Publicação:
01/09/2025

Quant.de Votos:
6

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