Era 2005, e eu já passava dos cinquenta. Nunca fui de ostentar, mas tinha certo orgulho de ocupar o cargo de gerente numa loja de móveis respeitada da cidade. Minha vida seguia no compasso do trabalho, academia esporádica, reuniões de rotina e uma solidão que eu não comentava com ninguém. Estava acomodado, como quem aceita o ritmo dos dias. Até aquela noite.
A Câmara de Comércio havia organizado um encontro de vendas, reunindo empresários, lojistas e vendedores. Eu não esperava nada além de discursos entediantes, café requentado e troca de cartões de visita. Coloquei meu melhor terno, mais por obrigação do que por vaidade, e segui para o salão de eventos.
Logo na entrada, percebi os olhares se voltando para um ponto específico. Era como se o ambiente tivesse ganhado uma nova luz. E então eu a vi.
Lis.
Baixinha, corpo de academia marcado em cada curva, pele clara como leite. O vestido preto colado parecia feito para ela. Os cabelos negros desciam soltos pelas costas e os olhos, escuros como jabuticabas maduras, brilhavam com uma intensidade difícil de encarar. Eu não era mais um garoto, mas me senti como um adolescente que acaba de ver sua primeira paixão.
Ela falava alto, ria, abraçava colegas de outras lojas. Um carisma natural, expansiva, diferente de mim. Eu, com meus trezentos seguidores num perfil de internet mal alimentado; ela, com milhares, acostumada a ser vista, desejada, seguida. E ali estava, iluminando o salão inteiro.
Quando nosso olhar se cruzou pela primeira vez, senti um choque no peito. Ela não desviou. Sorriu.
Sorriu para mim.
Tentei disfarçar a súbita onda de calor. Peguei uma xícara de café, fingi interesse em uma conversa qualquer, mas não conseguia evitar de procurar por ela a cada minuto. Até que, no intervalo da palestra, ela mesma se aproximou.
— Você é da loja de móveis, não é? — perguntou, como se já me conhecesse.
— Sou, sim. Tomas. — respondi, tentando manter firmeza na voz.
— Prazer, Lis. Trabalho na loja de eletros, logo ali na esquina da sua. Já tinha te visto por perto.
A naturalidade dela me desmontou. Não era comum mulheres assim puxarem conversa comigo. Mas Lis parecia se divertir com a minha reserva. Em poucos minutos, já estava contando histórias de clientes engraçados, dos filhos pequenos, das dificuldades de bater metas. Eu só ouvia, encantado.
No fim da noite, quando o salão já se esvaziava, ela soltou como quem não tem medo de arriscar:
— Vamos tomar um vinho? Tenho uma garrafa em casa.
Minha primeira reação foi pensar no que os outros diriam. Ela, jovem, linda, cheia de energia. Eu, com a idade já marcada nas rugas e nas costas um pouco pesadas. Mas logo veio a segunda reação: uma chama acesa no fundo do meu peito. Uma chance que eu não queria perder.
Seguimos para o apartamento dela.
A casa tinha cheiro de perfume doce misturado com o de brinquedos espalhados — lembrança dos filhos, que naquela noite estavam com a avó. Ela abriu a garrafa com facilidade, serviu duas taças e me olhou de um jeito que fez meu corpo inteiro estremecer.
— Não precisa ficar tão sério, Tomas. Quero só companhia. — disse, rindo.
Mas eu sabia, pelo jeito como se aproximava, que havia mais do que “companhia” naquela proposta.
Conversamos um pouco, mas as palavras logo se perderam. O primeiro beijo veio de surpresa, e eu senti a pressão dos lábios dela sobre os meus como quem invade sem pedir licença. Quente, intenso, sem espaço para recuo.
Meu coração disparava. As mãos dela exploravam meu corpo com desenvoltura, como se soubesse exatamente onde apertar, onde provocar. Não era uma menina tímida: era uma mulher que sabia o que queria. Me puxou pelo braço até o quarto, sem cerimônia.
Eu me via no espelho da parede, ao lado dela. O contraste era evidente: minha postura rígida, meu corpo marcado pelos anos, ao lado daquela deusa malhada, com curvas que chamavam atenção de qualquer um. Eu não conseguia acreditar que estava ali. E ao mesmo tempo, sentia algo que há muito não sentia: orgulho. Orgulho de ser visto ao lado dela, de ter sua atenção, seu corpo.
Lis se despiu com a naturalidade de quem não tem pudor. O sutiã caiu no chão revelando seios firmes, rosados, do tamanho perfeito para caber nas mãos. A calcinha desceu devagar, revelando um sexo úmido, coberto por um tufo delicado. Eu mal conseguia respirar diante daquela visão.
— Vem… — ela sussurrou, puxando minha cintura.
Tentei me controlar, mas minha excitação era óbvia. Ela riu, quase divertida com meu nervosismo, e assumiu o comando. Me deitou na cama, subiu em cima de mim e me beijava com fome. Seus quadris se esfregavam contra mim, provocando-me sem trégua.
— Você é meu agora, Tomas. — disse, com os olhos faiscando.
A forma como ela conduzia tudo me deixava ainda mais entregue. Quando finalmente penetrei ela, senti o calor mais intenso que já havia experimentado. Ela gemia alto, sem medo, sem vergonha. Rebolava, arranhava meu peito, puxava meu cabelo, me usava como queria. Eu, que sempre me orgulhei do controle, estava ali totalmente dominado, preso ao ritmo de uma mulher que sabia exatamente o que fazer meu cacete todo dentro daquela buceta molhada, enxarcada, com a pele alva, sedosa, rosto lindo, pés perfeitos roçando nas minhas pernas, rebolando feito uma putinha de zona e eu ali o premiado por uma noite perfeita e que a muito não tinha.
A cada estocada, eu percebia que não era só sexo. Era um jogo de poder, um espetáculo íntimo. E, naquele momento, eu estava disposto a ser o coadjuvante, desde que tivesse o privilégio de estar em cena com ela.
Quando gozei, foi quase com alívio, como se meu corpo não aguentasse tanto prazer. Ela sorriu, satisfeita, e se deitou sobre meu peito. Eu a abracei, sentindo o cheiro de seu cabelo, e percebi que, pela primeira vez em muito tempo, não me sentia sozinho.
Naquela noite, adormeci acreditando que tinha encontrado algo raro. E, ao acordar, vi o rosto dela ainda colado ao meu, como se dissesse que aquela história estava apenas começando.