Saímos da boate. O ar frio da madrugada na rua contrastava com o calor que irradiava dos nossos corpos. A mão de Kaique encontrou a minha, apertando-a com uma força que prometia muito mais que o encontro furtivo no banheiro.
"Lá dentro tivemos que ser rápidos demais," ele sussurrou, a voz baixa e rouca no silêncio do carro. "A cachaça fez o primeiro estrago, mas a vontade que você me deu não passou, e aquela gozada só me atiçou mais."
O destino era um motel discreto no centro. Enquanto dirigia, o braço dele repousava no console, roçando no meu, a eletricidade daquele toque quase um prenúncio do que estava por vir. Chegamos à suíte, uma cápsula de silêncio e luzes indiretas, onde o espelho enorme na parede nos refletia duas vezes maiores, dois estranhos prestes a se devorar.
Kaique me empurrou contra a porta assim que ela se fechou. O beijo não tinha a pressa desesperada do banheiro, era faminto, voraz. Ele beijava com a urgência de quem está recuperando o tempo perdido, e eu correspondia com uma intensidade que beirava o desespero. Nossas línguas se encontraram, trocando o gosto de menta, cachaça e a ansiedade acumulada.
"Eu mal consigo olhar para você sem pensar nisso," ele confessou, a testa encostada na minha, os olhos escuros ardendo. "É a porra da bebida que me faz ir atrás de você, e eu odeio o quanto estou gostando."
Ali, naquela suíte, não havia câmeras, não havia colegas de trabalho; apenas a promessa de anonimato e a cama king-size nos esperando.
Ele me puxou para o centro do quarto, e começamos a nos despir, lentamente. Cada peça de roupa era uma libertação. A camisa social branca do barman foi para um lado; o polo escuro e apertado dele, para o outro, revelando um corpo forte, definido, que eu só tinha vislumbrado por baixo do uniforme. Seus olhos percorriam meu corpo com uma voracidade que me fazia arfar.
"Eu te avisei que quanto mais eu bebo, mais eu quero foder," ele rosnou, o sotaque grave carregado de desejo.
Eu estava completamente entregue. Fui para a cama, e Kaique veio atrás, forte e pesado, me dominando com seu corpo. Ele começou a me beijar e me lamber, descendo pelo meu pescoço, tórax e abdômen. Cada toque era um incêndio.
Com um movimento ágil, ele se posicionou. Ele tinha a garrafa de lubrificante em mãos novamente – o cafajeste preparado – e dessa vez, ele usou-o generosamente em mim, deslizando o creme gelado e espesso com dedos experientes.
"Hoje é sem pressa," ele sussurrou, a voz controlada, mas a respiração ofegante. "Eu quero sentir você... sentir você bem apertado."
Ele começou a penetrar devagar, saboreando cada milímetro. A diferença de tamanho que me assustou no banheiro agora era a fonte do meu prazer. Eu segurei a cabeceira da cama, arqueando as costas e gemendo. O peso de seu corpo era uma âncora que me prendia àquele momento proibido.
Ele alternava o ritmo: fundo e lento, quase doloroso de tão prazeroso, depois uma série de estocadas rápidas, fazendo minhas pernas tremerem, e então voltava ao compasso lento, quase torturante. Nossas respirações se misturavam no ar, o único som além do chacoalhar rítmico da cama. Eu gemia o nome dele, uma súplica silenciosa por mais, por tudo. Eu sentia meu corpo se moldar ao dele, a cumplicidade proibida nos unindo em cada movimento.
Eu gozei primeiro, meu corpo se contorcendo em um espasmo delicioso. A visão de meu corpo tremendo sob o dele pareceu ser o combustível que Kaique precisava. Ele acelerou, e o som das suas bolas batendo contra minha coxa se tornou um tambor selvagem e urgente.
Ele agarrou minha nuca e me beijou com força, finalizando com um gemido abafado enquanto liberava seu prazer dentro de mim pela segunda vez. Foi um gozo longo e poderoso, que o deixou ofegante e exausto sobre meu corpo.
Ficamos ali, abraçados na escuridão por um longo tempo. O silêncio pós-sexo era tão íntimo quanto o ato em si, pontuado apenas pelo som dos nossos corações desacelerando.
"Você não sabe o que fez comigo," ele disse, a voz embargada, passando os dedos pelos meus cabelos. "Eu não consigo tirar você da minha cabeça desde o primeiro dia. Isso aqui é o que eu precisava." Ele se afastou levemente e me olhou nos olhos, a voz voltando ao tom sério, a sobriedade começando a retornar. "Mas entenda: eu sou hétero. Isso aqui é o álcool, a curiosidade, a oportunidade. Não muda quem eu sou de verdade."
Eu me aninhei mais perto dele, sentindo o calor do seu corpo. Senti um medo repentino. Um medo de ter cruzado uma linha não com ele, mas comigo mesmo. Meu namoro parecia uma vida paralela que eu estava prestes a explodir.
"E agora?" perguntei, sem ousar olhar para ele. "Somos só colegas de trabalho com um segredo? O que a gente faz quando não está bêbado?"
Kaique riu, um som rouco e sexy. Ele me beijou na testa e me puxou para perto.
"Somos dois adultos que se desejam e que trabalham juntos. Pense nisso como um serviço extra com bônus," ele respondeu, com seu charme cafajeste de volta. Ele não respondeu diretamente, mas a forma como ele segurava meu corpo falava por si.
Ele se levantou e começou a se vestir, voltando à sua postura forte e elegante. "Vamos, garoto. Temos a próxima noite para pensar," ele sorriu. "E a propósito, preciso de mais umas caipirinhas 0800 amanhã, e a quinta-feira já está chegando."
Eu o olhei, sentindo o peso daquela frase. Ele estava me chamando de volta para a escuridão, para o risco.
Saímos do motel, de volta para a cidade barulhenta, com o corpo dolorido, mas a alma em chamas. Eu sabia que havia acabado de começar a escrever o capítulo mais perigoso da minha vida. Eu não era mais o gerente cansado; eu era o barman que tinha um segredo urgente com um homem casado e "hétero" no terceiro andar da boate.
A próxima quinta-feira nos aguarda. Será que o álcool será a única desculpa de Kaique, ou essa "curiosidade" se tornará algo mais regular e arriscado?