Foi quando o garçom se aproximou que sua determinação foi testada. Ele era jovem, com cabelos negros e um sorriso que parecia treinado para borrar a linha entre simpatia e flerte. Seus olhos escuros passaram rapidamente pelos jovens e pousaram em Darlene com uma intensidade que ela reconheceu de imediato.
"Boa noite. O que gostariam de beber?", ele perguntou, mas a pergunta pareceu dirigida unicamente a ela.
Darlene sentiu o início de um rubor, o eco de uma vaidade antiga, mas o suprimiu. Ela viu, pelo canto do olho, o corpo de Rafaela enrijecer e a expressão de Eduardo se fechar. O radar dos filhos era tão sensível quanto o dela. Naquele instante, ela fez uma escolha.
"Para o aniversariante, o que você tiver de melhor sem álcool", disse ela com um sorriso firme, apontando para Eduardo. "Para nós, pode ser uma jarra de suco de laranja. Obrigada." Sua voz foi polida, mas inconfundivelmente neutra, não dando nenhuma brecha para a intimidade que ele oferecia.
O garçom, percebendo a falta de reciprocidade, apenas assentiu profissionalmente. "Claro."
Assim que ele se afastou, Darlene se virou para Eduardo, ignorando completamente o incidente. "Desculpe, meu filho, você estava me contando sobre a prova de baliza. O examinador era tão bravo quanto dizem?"
A mudança foi imediata. Eduardo, sentindo a atenção da mãe voltar inteiramente para si, relaxou os ombros e um sorriso voltou ao seu rosto. "Bravo? Mãe, o cara era uma estátua! Achei que ele tinha dormido de olho aberto..."
Rafaela também relaxou, e um olhar de gratidão silenciosa passou entre ela e a mãe. A tensão se dissipou como fumaça. O garçom voltou, serviu as bebidas com uma eficiência discreta e não tentou mais nenhum tipo de aproximação.
O resto do jantar fluiu como Darlene havia planejado: leve, feliz e totalmente focado em Eduardo. As histórias se tornaram mais engraçadas, as risadas mais altas. A pequena ameaça externa serviu apenas para uni-los, reforçando a bolha familiar que Darlene protegeu com sua atitude.
Ao final, quando a sobremesa de aniversário chegou com uma vela, Darlene ergueu seu copo de suco.
"Um brinde", disse ela, a voz clara e cheia de emoção. "Ao meu filho, que agora é um homem. E a nós. Ao futuro."
Os copos se tocaram no centro da mesa, um brinde que celebrava não apenas o aniversário de Eduardo, mas a força silenciosa que os mantinha juntos.
E Agora????