Sofia estava na mesma pose há quase uma hora. A dor nas costas já era forte. Ela tentava se concentrar na laje fria de mármore sob o seu quadril, o único ponto de alívio contra o calor. Os músculos do pescoço começavam a tremer levemente. O contrato era claro: não se mover e não falar. Sofia precisava desesperadamente do dinheiro, então ela se forçava a ser apenas um objeto, uma estátua.
Do outro lado da sala, Elias estava perigosamente quieto. O som das ferramentas que ele usava para esculpir havia parado há minutos. Agora, só se ouvia a respiração pesada de Sofia.
Elias estava de pé, as mãos sujas de argila nos quadris, consumindo-a com o olhar. Não era um olhar de desejo, e sim de frustração. Ele não a olhava como um homem. Ele a olhava como um artista que estava falhando em seu trabalho. Seus olhos vasculhavam a pele dela, tentando encontrar a linha perfeita do ombro ou a curva exata do corpo que o faria sair do seu bloqueio. Ele a analisava, procurando um erro que justificasse sua própria falta de inspiração.
Mas a inspiração não vinha.
Elias soltou o ar que prendia nos pulmões com força, um som rouco de raiva e derrota. O som quebrou o silêncio e fez Sofia se encolher de leve.
A sessão estava parada. As duas pessoas estavam muito próximas, mas separadas por uma parede de silêncio e regras que estava prestes a ruir.