Para Clara, a vida havia retornado à sua paleta de cores habitual: o cinza do uniforme da loja, o bege das paredes do apartamento, o cheiro de água sanitária e solidão. As contas estavam pagas. O saldo estava zerado, mas seguro. A crise financeira imediata havia passado.
No entanto, a crise interna estava apenas começando.
Naquela quinta-feira à noite, a rotina foi quebrada. Lucas apareceu na cozinha com uma mochila nas costas, apressado. — Mãe, vou direto para a casa do Pedro. Vamos virar a noite estudando para a prova de Patologia. Só volto amanhã depois do almoço, tá?
Clara assentiu, beijando a testa do filho. — Cuidado na rua. Bom estudo, meu amor.
Quando a porta bateu, o silêncio desabou sobre o apartamento. Clara olhou ao redor. A sala estava arrumada, a louça lavada. Não havia nada para fazer. O relógio na parede tiquetaqueava, marcando os segundos de uma vida que parecia estar em pausa.
Clara sentiu aquela coceira familiar sob a pele. Não era necessidade de dinheiro. O aluguel estava pago. Era algo mais visceral. Ela olhou para o sofá onde costumava assistir novela e sentiu repulsa pela monotonia.
Ela queria sentir o coração bater na garganta de novo. Ela queria Vera.
Pegou o celular e abriu a pasta segura. O aplicativo de encontros brilhou na tela. Dessa vez, ela não queria hotéis assépticos. Ela queria trazer aquele mundo proibido para dentro do seu mundo real. Uma transgressão completa.
Seus dedos deslizaram pelos perfis até pararem em um rosto que a fez prender a respiração.
Matheus. 19 anos. Universitário. "Discreto e curioso".
Dezenove anos. A mesma idade que Lucas faria em breve. Era um tabu, uma linha perigosa que ela não deveria cruzar. Mas a foto mostrava um rapaz de beleza insolente, com um sorriso de canto de boca e o frescor da juventude que ela sentia ter perdido. Ele não tinha a arrogância cansada dos executivos; tinha a energia bruta e incontrolável da adolescência tardia.
Clara digitou, o coração martelando contra as costelas: "Minha casa. O meu filho saiu e só volta amanhã. Quero você aqui em uma hora."
A resposta veio rápida, carregada de entusiasmo juvenil: "Chego em 40 minutos. Me passa o endereço, Vera."
Clara largou o celular no balcão e correu. A casa precisava deixar de ser um lar de família e virar um cenário.
Ela apagou as luzes brancas e fortes da sala, acendendo apenas os abajures de canto, criando sombras sugestivas. No seu quarto — o quarto que dividira com o marido por vinte anos —, ela trocou a colcha de retalhos por um lençol de cetim escuro que comprara numa promoção e nunca usara.
Vestiu um baby doll de seda pérola, jogando por cima um robe transparente. Soltou o cabelo. Perfumou o ambiente, tentando mascarar o cheiro de "mãe" que impregnava as paredes.
Quando o interfone tocou, quarenta minutos depois, Clara sentiu uma vertigem. Ela estava abrindo a porta da fortaleza de Lucas para um estranho.
Ao abrir a porta, ela se deparou com Matheus. Ele era alto, usava jeans rasgados, uma camiseta branca simples e tênis. Tinha cheiro de chuva e desodorante barato, misturado com a testosterona natural da idade. Ele a olhou, e os olhos dele brilharam com uma mistura de surpresa e desejo voraz. Para um garoto de 19 anos, uma mulher como Clara era um troféu, uma fantasia inalcançável.
— Vera? — perguntou ele, a voz falhando levemente, traindo a idade.
— Entre — ordenou ela, a voz rouca. Ela trancou a porta atrás dele. O som da chave girando nunca pareceu tão definitivo.
Matheus olhou ao redor, curioso, observando os porta-retratos na estante. Clara foi rápida. Virou o porta-retrato onde ela e Lucas sorriam abraçados para baixo. — Não olhe para a casa — disse ela, aproximando-se dele. — Olhe para mim.
O garoto obedeceu. A proximidade dele era elétrica. A pele dele era lisa, firme, sem as marcas e cicatrizes dos homens mais velhos com quem ela estivera. Ele emanava calor.
Quando ele a tocou, foi com uma urgência desajeitada, mas incrivelmente excitante. Não havia o cálculo frio de André. Havia fome. Matheus a beijou encostando-a na parede do corredor — o mesmo corredor onde ela vira Lucas crescer.
Clara o guiou para o quarto.
Na cama, a dinâmica se inverteu. Matheus tinha a energia, mas Clara tinha a experiência. Ela se sentiu poderosa, uma professora guiando um aluno ávido. Tocar a pele dele era como tocar a própria juventude. Era revitalizante. Era viciante.
Enquanto Matheus a penetrava de quatro, gemendo baixo para não alertar os vizinhos, Clara olhou para a porta fechada do quarto. Do outro lado do corredor estava o quarto vazio de Lucas. A perversidade da situação — estar com um garoto da idade do filho, na casa do filho — agiu como um combustível explosivo para o prazer dela. Era errado. Era sujo. E por isso, era inigualável.
Quando terminaram, Matheus estava ofegante, deitado de costas no lençol de cetim, olhando para ela com admiração pura. — Você é... incrível — disse ele, sorrindo, um sorriso genuíno de menino. — Eu nunca... caramba.
Clara se levantou, cobrindo-se com o robe. A realidade começava a voltar. Aquele garoto de tênis no tapete do seu quarto era um intruso. — Você precisa ir — disse ela, a voz fria voltando a ser a de Clara. — Agora.
Matheus pareceu confuso com a mudança brusca, mas assentiu. Ele se vestiu rapidamente. Clara pegou o dinheiro na gaveta — o pagamento combinado — e estendeu para ele.
Ele pegou as notas, meio sem jeito. — Posso voltar? — perguntou ele, esperançoso, parado na porta da sala.
Clara olhou para ele. Viu a juventude que ele oferecia. Viu o perigo. — Talvez — respondeu ela.
Quando ele saiu, Clara trancou a porta e encostou a testa na madeira fria. O apartamento estava silencioso novamente, mas agora parecia vibrar com uma energia estranha. O cheiro dele ainda estava no ar.
Ela olhou para o sofá. Para a cozinha. Para o quarto de Lucas. Ela havia profanado o templo. E o pior de tudo: enquanto caminhava de volta para o quarto para trocar os lençóis antes que o filho voltasse, Clara sorriu. Ela se sentia mais viva do que nunca.