Ele não usou nenhuma ferramenta. Com um movimento rápido, bateu o antebraço com força na escultura.
CRASH!
O som da argila se partindo em pedaços no chão foi ensurdecedor. Era a primeira coisa violenta que acontecia no estúdio abafado. A raiva de Elias finalmente tinha explodido, mas ele desabafou na arte, não nela.
Sofia levou um susto tão grande que tremeu. Foi um movimento minúsculo — um piscar de olhos e uma contração rápida dos ombros —, mas ela sabia que tinha quebrado a regra do silêncio e da imobilidade. Seu coração disparou no peito. Ela fechou os olhos, esperando o grito ou a ordem para ir embora. O medo de perder o dinheiro era maior que a dor.
Elias não gritou.
Ele se virou devagar, e o corpo destruído da escultura ficou para trás. Seus olhos, que antes eram frios e focados apenas na arte, agora estavam cheios de raiva e uma exaustão escura. Ele não olhava mais para o contorno dela.
Pela primeira vez, Elias viu o suor na testa de Sofia e o tremor real nos braços. Ele viu a dor que ela estava escondendo na pose. A tensão no pescoço dela era forçada. Ele percebeu: ele jamais faria arte se ela estivesse sofrendo.
A barreira do profissionalismo caiu ali, junto com a argila. Ele precisava resolver o problema. E o problema estava no corpo dela.