Léo se remexeu e abriu os olhos, um sorriso relaxado e satisfeito desenhado em seu rosto.
— Bom dia, esposa! — ele murmurou, beijando o cabelo dela. — Que noite! Parece que o GPS da paixão foi reajustado com sucesso. Deu uma pane no sistema, mas agora está funcionando melhor do que nunca!
Mariana sorriu, um sorriso genuíno desta vez. — Bom dia, meu navegante.
Apesar da noite intensa, a realidade do Luau e de Júnior a atingiria em breve. Ela se levantou, mas Léo a puxou de volta.
— Espera! Primeiro, a selfie pós-reajuste! Uma para o álbum "Fim de Semana na Brisa Salgada"!
Léo pegou o celular de Mariana na mesinha de cabeceira. Ele abriu a câmera e a abraçou para a foto, tentando um ângulo que escondesse o cabelo despenteado de Mariana e a barba por fazer dele.
— Sorria, meu amor! — Ele se esforçava para enquadrar os dois, o sol forte da manhã dificultando a visão da tela.
Enquanto Léo tentava encontrar o botão de disparo, seu dedo escorregou. Em vez de tirar a foto, ele abriu a caixa de mensagens. E bem na tela inicial, destacada com o balão verde de "nova mensagem", estava a conversa de Mariana com "SABÃO LIQUIDO".
Os olhos de Léo, antes cheios de felicidade sonolenta, arregalaram-se. Ele leu em voz alta, ainda sem entender completamente, como se estivesse decifrando hieróglifos:
— "Meu Deus. O jazz está me matando. Você não me mandou nenhum sinal de fumaça. Seu marido te matou? Mande um emoji de sol se estiver viva." — Léo franziu a testa. — Jazz? Sinal de fumaça? Mari, você está conversando com um detetive particular?
Mariana sentiu o sangue gelar. O corpo endureceu. Ela tentou arrancar o celular das mãos dele, mas Léo, ainda em estado de confusão, segurava firme.
— E você respondeu... um sol? Quem é "Sabão Líquido", Mari? É o nome de guerra de algum agente secreto que você não me contou? Ou... ou é um dos nossos vizinhos que vendem sabão artesanal na feira?
Ele deslizou o dedo para cima, e a conversa completa com Júnior apareceu, incluindo a mensagem anterior de Mariana, onde ela combinava de evitá-lo no Luau e o plano do "primo de segundo grau".
O rosto de Léo passou por uma série de expressões: confusão, surpresa, uma leve irritação por não ter sido incluído na "piada", e finalmente, quando os pontos se conectaram, uma mistura de choque e constrangimento.
— Espera aí... Júnior... o dono da pousada? — A voz dele era um sussurro. — "Primo de segundo grau"? "Sabão Líquido"? Mari... você conhece o Júnior de outro lugar?
O silêncio no quarto era esmagador, quebrado apenas pelo som de uma gaivota voando na janela. A pele de Mariana ardeu. Ela sabia que não havia escapatória. A verdade, por mais idiota que fosse a forma como ela havia sido revelada, estava ali, nua e crua.
— Léo... eu posso explicar. — Sua voz era quase inaudível.
Léo a olhou, o celular ainda em sua mão, mostrando a prova do crime cômico. A imagem na tela era mais devastadora do que qualquer grito ou cena dramática. Não havia raiva, não havia lágrimas ainda. Havia apenas uma pergunta muda em seus olhos: Por quê?
A "selfie pós-reajuste" não foi tirada. Em vez disso, a câmera do celular de Mariana estava apontada para Léo, congelando sua expressão de pura perplexidade e traição.