“O mercado está aquecendo, Joana. Devemos diversificar, talvez aplicar naquelas terras em Ubatuba. Um retorno substancial.” Paulo falava, a mão pousada no pulso dela, um gesto de domínio sutil que sempre a excitava.
Joana, em seu vestido de seda escarlate que parecia uma segunda pele, inclinou-se ligeiramente, seu sorriso era lento e provocativo.
“Você sabe que eu confio em seus instintos, querido,” ela murmurou, a voz baixa, íntima o suficiente para que apenas ele, e quem estivesse prestando atenção excessiva, pudesse ouvir. O pé dela, descalço no salto alto, roçou propositalmente a perna de Paulo sob a mesa, um jogo que mantinham mesmo com o público.
Essa demonstração de intimidade forçada, quase um teatro para consolidar a união, era precisamente o que acendia o fogo nos enteados.
Lucas, o filho de Paulo, de vinte e dois anos, observava o movimento. Sua mandíbula estava tensa. Ele não via a atração física entre pai e madrasta como amor, mas como uma possessão, e o desejo de Joana de se submeter a Paulo o revoltava. Seu olhar era uma invasão; ele despiria Joana com a mente, traçando o decote do vestido que mal continha a curva de seus seios. Lucas sentia o ódio do desejo proibido, a raiva de não ser ele a mão a dominar aquele pulso fino, a boca a receber aquele sussurro. Ele imaginava a textura da pele dela, o cheiro de jasmim e poder.
Do outro lado, Maria, a filha de vinte anos de Joana, bebia a cena com uma avidez silenciosa. Ela se irritava com a cumplicidade da mãe com o padrasto, mas era a autoridade de Paulo que a fascinava. Ele era a estabilidade, a força.
Maria brincava com a borda da taça de vinho, e a ponta de seu dedo traçava o aro, enquanto seus olhos percorriam o corpo de Paulo: o corte impecável do terno que escondia a musculatura madura, a forma como seus lábios se moviam quando falava de negócios. Ela imaginava a mão dele, a mesma que segurava o pulso de Joana, segurando-a. Ela fantasiava em pedir que ele a protegesse de algo, qualquer coisa, apenas para sentir a pressão dos braços dele.
Quando Paulo, em um gesto de carinho rápido e habitual, apertou a coxa de Joana sob a mesa, a reação foi imediata, mas silenciosa. Lucas apertou o garfo até os nós dos dedos ficarem brancos. Maria tossiu levemente, desviando o olhar para a própria comida. A cumplicidade dos pais era a flecha cravada na luxúria proibida dos filhos.
Ao fim do jantar, Joana se levantou, a postura elegante. “Vou fazer uma ligação importante no meu closet. Não me esperem, vou demorar.”
“Tudo bem, amor. Deixo você em paz,” Paulo respondeu, piscando para ela, um código íntimo que significava eu sei o que você está fazendo, e gosto disso.
Enquanto Joana subia as escadas, Lucas não disfarçou. Ele seguiu a silhueta dela com os olhos, notando o balanço sensual da seda que a cobria.
Maria, aproveitando o momento em que Paulo estava distraído com o uísque, moveu-se com rapidez. Ela se aproximou da cadeira dele, fingindo pegar algo que havia caído. Seu cabelo roçou o ombro de Paulo, e por um instante, ela estava muito perto, sentindo o calor do corpo dele e o aroma de tabaco.
“Desculpe, P-Paulo,” ela gaguejou, quase intencionalmente.
Paulo a olhou, a surpresa em seus olhos. A proximidade repentina era perturbadora. “Tudo bem, Maria. Achei que estivesse na hora de se recolher.”
Maria se afastou, mas levou consigo a memória daquele toque. Ela e Lucas se cruzaram na porta da sala de jantar, um breve encontro de olhares gelados. Eles sabiam que a mansão era um campo minado de desejo, e que a noite estava apenas começando.
Paulo ficou sozinho, sentindo um calor estranho na área onde Maria o havia roçado. Ele o atribuiu ao álcool, mas o leve formigamento de culpa era um presságio. A linha que separava a família da tentação estava prestes a ser testada, e ele era o primeiro a sentir o perigo.